O longa-metragem “Nós em Rede”, de Fernando Salis e Felipe Ribeiro,mostra que tipos de relações sociais, afetivas e ideológicas são construídas no Fórum Social Mundial.

 

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Memória

O Encontro de Dois Mundos

O longa-metragem “Nós em Rede”, de Fernando Salis e Felipe Ribeiro,mostra que tipos de relações sociais, afetivas e ideológicas são construídas no Fórum Social Mundial.

 

“Mostrar o que acontece depois do Fórum Social Mundial” ,foi assim que Fernando Salis definiu o principal objetivo de seu longa-metragem documentário “Nós em rede”, realizado em parceria com Felipe Ribeiro. “A idéia de fazer o filme surgiu no momento em que eu percebi que havia dúvida em vários países que visitei para apresentar outros trabalhos, sobre o que acontece depois do Fórum Social Mundial, e essa pergunta tinha que ser respondida de alguma maneira”, explica Salis.

Para o professor, quem trabalha com produção audiovisual possui o poder de criação e afirmação de valores. Sendo assim, ele procura investir naquilo que ele acredita que deve ser criado, afirmado ou recriado.

Troca de experiências

O filme “Nós em Rede” acompanha o encontro entre um grupo de líderes comunitários de 70 favelas do Rio de Janeiro, o CONGESCO (Conselho de Gestores Comunitários da Cidade do Rio de Janeiro), e de uma ONG norte-americana, a CVH (Community Voices Heard), uma organização de base situada na periferia de Nova York.

O irreverente encontro foi possibilitado pelo Fórum Social Mundial de 2003. Durante dois anos, foram organizadas visitas de ambos os grupos aos seus respectivos países, com o intuito de proporcionar um intercâmbio de idéias, ações e experiências de lutas sociais contra a pobreza, a desigualdade e por melhores condições de moradia, de saneamento, entre outros.

Segundo Fernando Salis, a diferença básica entre os dois grupos é o senso comunitário existente no Brasil, e de que certa forma nos EUA, eles não possuem. ”O que é mais marcante é que o grupo aqui do Rio é muito unido, existe uma afetividade dos laços sociais. Isso impressiona muito eles porque nos EUA, mesmo os pobres são muito individualistas”, analisa Salis.  Por outro lado, complementa o professor, “nos EUA, organização do movimento social é muito mais racional; as pessoas possuem uma vida muito mais ligada ao funcionamento regular do estado do que aqui”.

“A grande troca dos grupos foi essa: os americanos ficaram impressionados de perceber o quão pode ser forte a mobilização comunitária, a força da experiência coletiva e os brasileiros ficaram muito impressionados de ver como simplesmente lidar com os números pode ajudá-los a se organizar e até provar a sociedade o que eles estão fazendo”, conclui o diretor.

Rodando o mundo

O filme,que recebeu apoio da própria UFRJ e da Fundação José Bonifácio (FUJB) e contou com a colaboração de alunos da ECO, teve sua pré-estréia no Fórum Social Mundial de 2005, em Porto Alegre. Depois, passou por festivais e eventos em Nova York, Washington, Paris e Montreal. A estréia oficial no Brasil ocorreu na mostra competitiva do Festival Internacional de São Paulo, sendo apresentado no Rio de Janeiro apenas no dia 12 de novembro deste ano, no Museu da República. Mas antes disso, Salis fez questão de exibir o longa em algumas comunidades.

Além de produzir filmes que possuem como foco as questões sociais e ambientais, Fernando Salis é o idealizador do projeto “Vídeo Social”, que procura “relacionar pesquisa e produção audiovisual tendo sempre temas sociais como foco”, define Salis. Mais informações podem ser encontradas no site www.videosocial.net

No momento, o professor está se dedicando à produção de seu próximo filme sobre prevenção à Aids nas favelas cariocas. Para tal iniciativa, ele recebeu apoio do Ministério da Saúde, além de prêmio recebido no edital dos direitos humanos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).