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Pedagogia do oprimido foi tema de palestra na Faculdade de Letras

A pedagogia do oprimido como eixo para pensar qual educação e para que sociedade foi o tema da palestra realizada pelo Setor Cultural da Faculdade de Letras da UFRJ e ministrada por Gaudêncio Frigotto, professor titular da UFF e um dos coordenadores do GT Educação, Políticas e Movimentos Sociais do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais. Título de livro de Paulo Freire, considerado mundialmente um dos maiores educadores do século XX, a pedagogia do oprimido consiste na educação que surgiria como prática da liberdade e deve surgir e partir dos próprios oprimidos.

Segundo Frigotto, não se pode pensar em educação sem pensar em sociedade, sendo, portanto, necessário buscar um eixo de análise entre elas. Gaudêncio traçou um histórico do século passado brasileiro, mostrando os projetos de sociedade, dentre eles os educativos. Para ele, a alfabetização tem papel fundamental na leitura do mundo, reafirmando o pensamento de Freire que tem a educação como prática de liberdade e que afirma não sendo suficiente o oprimido ter uma consciência de opressão, mas uma disposição para transformar a realidade em que vive.

Frigotto contou que durante o período João Goulart os pensamentos de Freire foram colocados em prática, quando o educador foi chamado para criar o Plano Nacional de Educação, mas “esse tempo de Freire foi brutalmente extinto, os tempos da ditadura implantaram o economicismo da educação”. Nos anos 80, época de “renascer das cinzas”, para Gaudêncio, Freire voltou para discutir a educação pública, laica, universal, gratuita e unitária. “Essa foi uma fase ganha na educação brasileira, mas teve fim logo após a assinatura da Constituição de 1988, que não apontava para o socialismo, causando uma regressão social intensa”, comentou o palestrante. “Freire foi silenciado nos anos 90”, completou.

Gaudêncio Frigotto apontou como alternativa para solucionar a questão educacional a reflexão de um projeto de educação como um projeto social com o enfrentamento, sustentado pelos movimentos sociais, de empecilhos políticos e econômicos que perpassam o Brasil. “É necessário articular sociedade e educação com um pouquinho de coração batendo no peito”, sintetizou Frigotto.