O Poema de Parmênides é o foco do I Simpósio Internacional OUSIA de Estudos Clássicos que começa hoje e conta com a participação de especialistas da UFRJ e convidados de outras universidades nacionais e estrangeiras.
O Poema de Parmênides é considerado a base de toda a filosofia ocidental já que as principais questões da filosofia são formuladas pela primeira vez no seu texto, tendo influenciado Platão e assim Aristóteles. Mas como lembra Fernando Santoro, professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ e um dos organizadores do simpósio, a discussão do poema não diz respeito apenas à filosofia, mas envolve também filologia, literatura, história e até arqueologia, já que “não dá para fazer toda discussão filosófica sem passar pela questão filológica, sem envolver a questão literária e sem trazer à tona a história que perpassa toda essa tradição [dos estudos clássicos] e até a arqueologia que vai descobrindo os fragmentos [do Poema]”.
Como o texto é um poema, este também é pensado e apreciado como uma obra de arte. Santoro lembra que nele aparecem várias deidades gregas da poesia homérica e épica tradicional, acrescentando que além das belas imagens, a obra possui uma métrica e sonoridade especial.
Outro indício da transdisciplinaridade do Poema (e dos estudos clássicos em geral, como afirma o professor) é o papel crucial da construção do texto: “as mudanças de palavras que um editor faz mudam as concepções filosóficas da água para o vinho”. A última edição do texto de Parmênides foi feita em 1984 por Nestor Cordero, único editor crítico vivo do texto grego e convidado responsável pela conferência de abertura do simpósio.
Fernando Santoro destaca, ainda, o papel dos estudos clássicos para a maturação das civilizações. O professor acredita na existência de um movimento que acontece em certas nações em determinadas ocasiões e que poderia ser chamado de “renascimento”. Ele acontece quando uma cultura começa a trabalhar os clássicos das suas origens – os do Ocidente são os gregos e latinos -, tendo uma efervescência, uma maturidade que faz com que esta nação se torne pólo de discussão. Este fenômeno estaria acontecendo na língua portuguesa e seria visível pelo papel de destaque que a cidade do Rio de Janeiro, principalmente a UFRJ, tem no debate dos estudos clássicos. O pesquisador usa como exemplo o fato de chamar a atenção dos estudiosos estrangeiros o número de filósofos cariocas que se dedicam aos estudos clássicos, fazendo com que os pesquisadores de fora se interessem em dar conferências e participar de eventos no Brasil quando surge a oportunidade. Como aconteceu com o Professor Cordero, que descobrindo a proposta do simpósio na lista internacional de estudos clássicos e sabendo que estaria em Buenos Aires na época do evento, entrou em contato com os organizadores.
O I Simpósio Internacional OUSIA de Estudos Clássicos é fruto de uma parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Filosofia e a Pós-Graduação em Letras Clássicas, ambas da UFRJ. Ele acontece de 16 a 20 de outubro na Academia Brasileira de Letras e no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.
Mais informações: http://www.letras.ufrj.br/pgclassicas/parmenides/