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Relação entre jovens e propaganda é tema de pesquisa da ECO

  O Laboratório de Pesquisa da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ) apresentou na sétima edição do Interseção, na última quarta-feira, uma pesquisa que ajudou a retratar a imagem que o jovem carioca tem da propaganda brasileira. Coordenada pela professora Mônica Machado, a equipe de pesquisadores foi composta por alunos do sexto e sétimo períodos de Publicidade e Propaganda da ECO.

Mônica Machado inicou a apresentação, mostrando os resultados de um estudo realizado no ano 2000 pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP) que mapeou percepções do brasileiro sobre a propaganda. A ABP entrevistou pessoas de 145 municípios para considerar todos os estados do país e observou que 44% dos brasileiros avaliam propaganda ótima ou boa, principalmente os jovens entre 16 e 24 anos, representantes de 54% daqueles que tiveram esse opinião.

A partir desses números, que comprovaram a empatia entre o jovem e a propaganda, o Laboratório de Pesquisa ECO realizou um estudo, apresentado no Interseção pelos alunos Luciana Lobão e Fernando Gabaraba, com 102 jovens do município do Rio de Janeiro, dentre eles 52 homens e 50 mulheres. Os entrevistados com idade entre 15 e 17 anos totalizaram 48, os outros 54 tinham entre 18 e 24 anos. 21 estavam no ensino fundamental, 55 no ensino médio e 26 ainda não haviam completado o ensino superior. 52 faziam parte da classe AB e 50 da C. Quanto a região onde residiam, 14 moravam na zona sul, 13 na norte, 41 oriundos da zona oeste e os outros 34 do subúrbio do Rio.

A primeira pergunta visou questionar com o que os jovens relacionam diretamente à propaganda. Consumo e comércio apereceram em primeiro lugar, sendo resposta de 27 entrevistados. Como pontos positivos da propaganda, a pesquisa apontou criatividade e humor como os principais para 35,29% e 26,47% dos participantes, respectivamente. Quanto aos pontos negativos, 18 jovens atribuíram à propaganda a qualidade de apelativa e 15 consideram-na enganosa. Mas, 13 responderam que a publicidade não tem aspectos negativos, o que para Mônica Machado é “um bom sinal”.

Os estudantes de Comunicação também procuraram saber o grau de confiabilidade da propaganda: 46 jovens confiam às vezes, 32 não confiam e 20 assumiram que têm confiança nesse setor. Dentre os que afirmaram não confiar, 27 justificaram, acusando a propaganda de enganosa. Dentre os confiantes, seis não possuíam uma razão específica como justificativa e, entre outras respostas, três acreditam na  credibilidade das mídias.

As maiores motivações dos jovens para ler, ver ou ouvir propagandas são conhecer o produto ou a marca (26,47%), o humor contido nelas e a critividade (15,68% cada). As propagandas de bebidas, alcóolicas e refrigerantes, estão na frente como as melhores, nos últimos tempos, para os entrevistados, por seu humor e originalidade. Muitos deles não destacaram uma produção específica, mas sim as empresas. Quando perguntados sobre as piores, 15 jovens não souberam responder. Mais uma vez, a professora Mônica apontou um dado que demonstra a boa relação jovem-propaganda. Dentre as piores propagandas, destacaram-se as varejistas. Mônica atribuiu esse resultado à linguagem estritamente promocional desse setor, “essa caracterísitca incomoda as agências que possuem contas de varejo, pois elas querem explorar mais os valores, isso atrai mais o público, e não as promoções”.

Os jingles mais lembrados pelos entrevistados foram Parmalat, em primeiro lugar com oito respostas e Danoninho, Mc Donalds e Coca-cola, empatados em segundo lugar com cinco respostas cada. Outra questão abordada na pesquisa da ECO foi o grau de influência da propaganda na escolha do produto. 80 jovens comprovaram que a publicidade influencia na decisão e a apresentação do produto foi a principal razão apontada na pesquisa, com 42 respostas.

Quanto à exposição de temas úteis na propaganda brasileira, 71 dos jovens cariocas afirmaram se lembrar de alguma, como eleição, drogas, proteção ambiental, sexo seguro e fumo dentre as mais lembradas, em ordem de importância. A pesquisadora apontou, nesse quesito, a queda das propagandas contra o tabagismo na lembrança do público com relação à pesquisa da ABP de 2000, atribuindo-a à proibição de propagandas de cigarros. Ainda no âmbito de campanhas úteis, os estudantes da ECO pediram sugestões aos entrevistados de temas para campanhas de esclarecimento, os mais sugeridos foram sexualidade e drogas.

Em ano eleitoral, a pesquisa buscou saber mais sobre a relação jovem e propagandas eleitorais. Dentre os entrevistados de idade entre 15 e 17 anos, 21 assistem propaganda política e 27 não. O interesse por essas campanhas aumenta entre os jovens de 18 a 24 anos: 29 assistem contra 25 que não assistem. “Nós pensávamos que os jovens interessados assistem em busca de informação, mas descobrimos que a maioria encontra diversão no quadro político contemporâneo”, afirmou a pesquisadora Mônica Machado.

A pesquisa Laboratório de Pesquisa ECO procurou ainda saber se os jovens cariocas conhecem restrições legais à propaganda. 48 assumiram não conhecer,  47 conhecem e sete não souberam responder. Os que conhecem citaram as retrições, mas nenhum fez referência às instiruições reguladoras, como o Conselho de Auto-regulamentação Publicitária (CONAR).

Outros resultados foram obtidos através da pesquisa, como a percepção de descriminação na publicidade, sendo as principais racial, social e estética, e a permanência do consumo de marcas identificadas como descriminadoras. 33, dos 51 jovens que já identificaram descriminação em campanhas de determinado produto, continuam a consumir esse produto.

Com a exposição dos números obtidos na pesquisa, o Laboratório de Pesquisa ECO, clareando a relação entre jovem carioca e propaganda brasileira, ajudou os futuros publicitários presente  no Interseção 7  a conhecer melhor esse público que tanto valoriza a propaganda.