O reitor Aloísio Teixeira proferiu, no dia 8 de agosto, a aula inaugural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS). Ao lado de Jessie Jane, diretora do IFCS, o professor discorreu, por cerca de 90 minutos, sobre os desafios da universidade contemporânea e as peculiaridades do Ensino Superior no Brasil.
Os alunos que lotaram o Salão Nobre do instituto ouviram Aloísio traçar um histórico do papel social da universidade. De acordo com o reitor, durante muitos anos, a instituição universitária foi responsável não só pela produção e difusão do conhecimento científico, mas também pela formação das elites dirigentes.
As usuais funções da universidade, no entanto, estão entrando em colapso. Isso porque, segundo Aloísio, a tendência atual é a universalização do Ensino Superior. Nos Estados Unidos, cerca de 65% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam uma universidade; em Cuba, são 50%; na Europa e na Ásia, alguns países repetem esses altos índices. “A tendência é que o Ensino Superior adquira status de cidadania e ponha em xeque a idéia de que ele serve como filtro de elites”, assegura o reitor.
Aloísio Teixeira ressaltou que o Brasil ainda se encontra à parte desse processo, pois apenas 9% dos jovens brasileiros freqüentam uma universidade. O professor acredita que para universalizar o Ensino Superior, o país deve superar problemas intrínsecos à formação histórica da universidade brasileira, caracterizada por uma forte dependência da produção científica e tecnológica externa.
O primeiro desses problemas está relacionado à autonomia universitária. No encontro, Aloísio Teixeira evidenciou que as peculiaridades das atividades acadêmicas exigem autonomia. “A gestão de uma universidade não pode estar sujeita às vicissitudes políticas, porque as finalidades dessa instituição não são de curto prazo”, destacou.
O reitor ratificou a intenção de aumentar o número de vagas oferecidas pelos cursos de graduação da UFRJ e de reduzir a importância do vestibular como mecanismo de ingresso no Ensino Superior. Segundo ele, a universidade no Brasil é “quase um monopólio social”, e democratizar o acesso é essencial para que o país possa acompanhar as mudanças mundiais das instituições universitárias.
A forma de financiamento das Instituições de Ensino Superior (IES) e a necessidade de remodelação da estrutura acadêmica – através da difusão da interdisciplinaridade – também foram questões abordadas no evento. Aloísio Teixeira enfatizou ainda que a rede de universidades públicas brasileiras deve ser encarada como um sistema em expansão. “A universidade deve ser um esforço de todos os níveis federativos de governo. O modelo altamente competitivo em relação aos recursos precisa ser substituído por um mais colaborativo e sinérgico”, finalizou.