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Memória

EBA comemora 190 anos

 Há 190 anos atrás, as Artes ganhavam importância acadêmica no Rio de Janeiro. A partir de um Decreto de 12 de agosto de 1816, Dom João VI criou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que mais tarde, em 1965, passaria a se chamar Escola de Belas Artes incorporando-se a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“A arte é o grande documento da historicidade do homem. O homem não se conheceria se não fosse através da sua própria arte”, declarou Ângela Âncora da Luz, diretora da Escola de Belas Artes (EBA).

Desde 1800, havia sido estabelecida no Rio de Janeiro a Aula Pública de Desenho e Figura, sendo esta a primeira medida concreta para a difusão da arte através de seu ensino sistemático. Porém, apenas em 1816, com a criação da Escola Real, foi implantada a educação artística em caráter oficial.

Além do decreto de Dom João VI, os esforço de outros estrangeiros também foram fundamentais para a criação do embrião da EBA. Em 1816 chegou ao Brasil a Missão Artística Francesa, organizada por Le Breton, que planejava criar uma grande escola de formação artística na América do Sul.

“Somos devedores de portugueses e franceses, porque eles estiveram em nosso início”, disse a diretora da EBA, fazendo uma alusão ao papel de Dom João e Le Breton na fundação da escola.

Dez anos depois, configuraria-se a instalação definitiva de um sistema de ensino artístico, com a Academia Imperial de Belas Artes, o segundo dos quatro nomes da EBA, que também já foi Escola Nacional de Belas Artes.

Nesses 190 anos, a Escola de Belas Artes da UFRJ ganhou relevância na produção artística nacional. Como alunos ou professores, passaram por ela nomes como os de Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx, Candido Portinari, Victor Meirelles, Pedro Américo, Araújo Porto Alegre, entre outros.

Comemoração
Para comemorar os 190 anos da Escola de Belas Artes, ocorreu no dia 16 de agosto uma solenidade no Museu Nacional de Belas Artes. O local escolhido tem grande identificação com a escola, já que a sediou de 1908 até 1975, quando ela se transferiu para a Ilha do Fundão.

“O Museu tem sua origem com a escola, na Academia Imperial. Este prédio foi construído para ser a escola e nós o herdamos. Somos primos e irmãos”, afirmou Mônica Xexéo, diretora do museu.

Além das diretoras da EBA e do Museu de Belas Artes, compuseram a mesa, Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ, Léo Soares e Isis Braga, decano e vice-decana do Centro de Letras e Artes (CLA) da universidade, Gustavo Rocha, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), e Joaquim Lemos e Mário Barata, professores eméritos.

No evento, foram homenageados ex-diretores, como Fernando Pamplona – que dá nome ao ateliê da EBA -; professores antigos e atuais, como Rosa Magalhães – carnavalesca da escola de samba Imperatriz Leopoldinense – e Rui de Oliveira – ilustrador e criador da abertura do seriado infantil “Sítio do Pica Pau Amarelo” -; ex-alunos, como Gilson Martins – designer renomado – e Bruno Drummond – cartunista da tira Gente Fina da Revista do Globo -; e também ex-funcionários da Escola de Belas Artes.

A solenidade lotou o teatro do Museu de Belas Artes e também uma sala adjacente, onde os que não conseguiram lugar puderam acompanhar o evento por um telão. Após a cerimônia, ocorreu o lançamento do livro Canudos – Agonia e morte de Antônio Conselheiro, de Adir Botelho, professor que também foi homenageado.

190 anos depois
Atualmente a escola conta com oito cursos e seis habilitações específicas: Pintura, Escultura; Gravura; Composição de Interiores; Composição Paisagística; Artes Cênicas com duas habilitações, Cenografia e Indumentária; Desenho Industrial com duas habilitações, Projeto de Produto e Programação Visual; e Licenciatura em Educação Artística com duas habilitações, Desenho e Plástica.

Além da graduação, a EBA também possui um Programa de Pós-graduação em Artes Visuais com Mestrado e Doutorado em duas áreas: História e Teoria da Arte e Linguagens Visuais.

Além disso, a escola ainda conta com o Museu Dom João VI, a Biblioteca Professor Alfredo Galvão e o Laboratório de Computação Gráfica, também usado por outros cursos da UFRJ.

Aloisio Teixeira, reitor da universidade, reiterou a importância da Escola de Belas Artes para a UFRJ. “Não pode haver uma universidade de verdade sem uma Escola de Artes”, destacou.