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Imóveis tombados são preservados na UFRJ

O Escritório Técnico da Universidade conta, hoje, com uma divisão que cuida da restauração de imóveis tombados da UFRJ – a Divisão de Preservação de Imóveis Tombados (Diprit). Superando dificuldades, ela ajuda a preservar patrimônio histórico e cultural e, ao mesmo tempo, atua como centro de formação para estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que estagiam e fazem mestrado junto à divisão.

agencia2723T.jpgFotos: Juliano Pires

Desde que assumiu a direção do Escritório Técnico da Universidade (ETU/UFRJ), em 2002, Maria Ângela Dias se preocupou com a conservação de 12 conjuntos arquitetônicos tombados por órgãos de tutela como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Foi por esse motivo, que, em maio de 2004, foi criada a Divisão de Preservação de Imóveis Tombados, a Diprit.

“Não tinha nenhuma seção da universidade que fizesse isso. Há um setor de patrimônio, mas com outras atribuições. É diferente de você dispor de um setor que conheça a importância de cada um desses imóveis e possa providenciar as intervenções necessárias para a preservação de cada um deles”, afirmou Maria Ângela.

Em um primeiro momento, a sigla significou Divisão de Projetos de Imóveis Tombados, mas fazer o levantamento do prédio, o mapeamento dos danos, levantar toda sua história, definir como seria a atuação e depois fazer um projeto para o uso se mostrou uma atribuição muito grande para a divisão, que passou a se preocupar apenas com a preservação.

Hoje, a Diprit orienta o projeto de uso e de restauro, que pode ser feito contratando-se uma empresa, o que agiliza a intervenção. Durante a obra, a divisão tem uma pessoa especializada para acompanhar o processo. Atualmente, dos doze prédios tombados, oito já receberam algum tipo de serviço dos arquitetos da divisão.

No momento, duas obras concentram maior atenção. A Casa do Estudante Universitário, que fica na Avenida Rui Barbosa, 762, no Flamengo, está em fase de finalização da segunda etapa e em breve acolherá o Colégio Brasileiro de Altos Estudos. A outra intervenção de restauro acontece no Palácio Universitário, no campus da Praia Vermelha, que procura preservar as características arquitetônicas neoclássicas deste prédio. Por se tratar de um patrimônio nacional, vem sendo elaborado um novo plano de ocupação, a fim de assegurar um uso mais adequado e menos agressivo às instalações.

Segunda a diretora do ETU, antes da Diprit as reformas nesses prédios eram feitas de maneira isolada, sem uma ponte com a reitoria e com um relacionamento pessoal e direto com os órgãos de tutela. Por este motivo, a formalização do relacionamento com estes órgãos foi uma das principais preocupações da divisão.

A ex-diretora da divisão, Cláudia Nóbrega, revela os passos adotados com tais órgãos públicos: “Criamos um relacionamento ótimo com os órgãos. Sentávamos juntos e discutíamos. A gente passava lá, ou eles vinham aqui, e apesar de entrar oficialmente com o processo para aprovação, a solução já estava desenhada no rascunho e então não atrasava tanto como antes”. O novo diretor da Diprit, que ainda será empossado, é o arquiteto Paulo Bellinha.

Centro de formação
A preocupação não se limitava às intervenções. A idéia da divisão era reunir e montar um arquivo de documentação sobre esses prédios. O objetivo é ter isso reunido para dar subsídios às obras que venham a acontecer e também deixar especificações para eventuais mudanças, mostrando os elementos originais para que sejam conservados.

“Nós estamos nos preparando também pra agrupar toda a história dos prédios em uma publicação, até para ver se conseguimos recursos para a restauração e manutenção”, disse Maria Angela.

Comandada por professoras, a Diprit também manteve uma relação com a parte acadêmica da universidade. Além de trabalhar com estagiários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a divisão também promove pesquisas no mestrado.

Dificuldades
Por ser um trabalho pioneiro, a divisão encontrou algumas dificuldades. Primeiro, a Diprit precisou interromper as coisas erradas e acertá-las, o que demora um tempo. Além disso, existem dificuldades de recurso, de equipamento e de contratação de pessoal especializado.

De acordo com as arquitetas, a restauração demanda experiência do profissional e, de um modo geral, as empresas que eram contratadas não eram especializadas. Atualmente, porém, itens dos editais privilegiam a comprovação técnica da empresa na área de restauro.

Outra questão importante é a conservação preventiva, que evita novas restaurações. O plano de manutenção precisa ser feito por um arquiteto com especialização em restauro porque às vezes um material de limpeza errado pode causar danos.

“Acho que nesses dois anos a gente já conseguiu conscientizar, mostrar a importância e agora a gente vai continuar contribuindo para que cada vez mais as restaurações sejam melhores. Acho que a UFRJ será referência não só porque tem um patrimônio antigo, mas porque esse patrimônio está sendo muito bem restaurado”, espera Cláudia Nóbrega.

Os 12 conjuntos arquitetônicos tombados são os seguintes:
– Casa do Estudante Universitário – Avenida Rui Barbosa, 762 – Flamengo;
– Centro de Arte Helio Oiticica (cedido à Prefeitura do Rio de Janeiro) – Rua Luis de Camões, 68 – Centro;
– Escola de Eletrotécnica – Praça da República, 22 – Centro;
– Escola de Enfermagem Anna Nery – Rua Afonso Cavalcanti, 275 – Cidade Nova;
– Escola Nacional de Música – Rua do Passeio, 98 – Centro;
– Faculdade de Direito – Rua Moncorvo Filho, 28 – Centro;
– Fundação Universitária José Bonifácio – Avenida Pasteur, 280 – Urca;
– Hospital São Francisco de Assis – Avenida Presidente Vargas, 2863 – Centro;
– Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – Largo de São Francisco de Paula, s/n° – Centro;
– Conjunto paisagístico do Observatório do Valongo – Ladeira do Pedro Antônio, 43 – Saúde;
– Museu Nacional – Quinta da Boa Vista – São Cristóvão;
– Palácio Universitário –Avenida Pasteur, 250 – Urca.