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Aniversário da UFRJ é comemorado solenemente

O salão Pedro Calmon, no Palácio Universitário da Praia Vermelha, foi palco de um dos momentos mais marcantes da história de 85 anos da UFRJ, completados no último 7 de setembro. No dia seguinte ao aniversário da instituição, foi realizada uma sessão solene do Conselho Universitário (CONSUNI) em comemoração à data, no mesmo local onde funcionou, durante muitos anos, a Reitoria da Universidade. A cerimônia, que contou com a presença de integrantes da administração central da UFRJ

agencia2176T.jpgO salão Pedro Calmon, no Palácio Universitário da Praia Vermelha, foi palco de um dos momentos mais marcantes da história de 85 anos da UFRJ, completados no último 7 de setembro. No dia seguinte ao aniversário da instituição, foi realizada uma sessão solene do Conselho Universitário (CONSUNI) em comemoração à data, no mesmo local onde funcionou, durante muitos anos, a Reitoria da Universidade. A cerimônia, que contou com a presença de integrantes da administração central da UFRJ, foi apenas a primeira de uma série de comemorações programadas para celebrar o aniversário da universidade.
Antes da celebração, um recital de violões da Escola de Música se apresentou tocando composições nacionais. Após abrir a sessão, o reitor Aloísio Teixeira, deu a palavra à pesquisadora Maria de Lourdes Fávero, da Faculdade de Educação, que contou um pouco da história da UFRJ. Dentre outras coisas, a professora negou que a então Universidade do Rio de Janeiro tivesse sido criada para dar o título de Honoris Causa ao Rei Alberto, da Bélgica, como costuma se afirmar.
“Com o decreto 14.343, de 7 de setembro de 1920, o governo federal juntava três escolas numa só, assumindo seu compromisso de criação de uma universidade federal com significação nacional, deixando de lado seu caráter local”, afirmou. As três escolas que formaram o embrião da UFRJ foram a Faculdade de Direito, a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina.
Outro pesquisador da universidade, o professor Luiz Antônio Cunha, da pós-graduação da Faculdade de Educação, remeteu-se aos deuses greco-romanos Minerva, que representa a sabedoria e a combatividade, e Jannus, um deus bifronte que permite alusão ao passado e ao futuro, para falar da importância da UFRJ nesses 85 anos e de seu caráter inovador dentro da sociedade brasileira, principalmente após a reforma universitária dos anos 60. Cunha aproveitou também para anunciar que a Comissão de Legislação e Normas concluiu uma proposta de revisão do regimento interno da UFRJ e que este será apresentado na próxima reunião ordinária do CONSUNI.
“Nosso regimento é de 1970, um produto de um cruzamento entre um Coronel do Exército com um Bacharel em Direito, em plena ditadura militar. Tem que ser modificado. E esse é o momento exato”, afirmou o pesquisador.
Após passar a palavra para alguns membros do Conselho, como os representantes dos alunos de graduação, Pedro Martins, do DCE Mário Prata; pós-graduação, Fernanda Lima, da Associação de pós-graduandos; e funcionários, a técnica-administrativa Chantall Russi, o reitor Aloísio Teixeira encerrou a sessão fazendo um balanço da história da UFRJ. Para ele, a universidade, dentro de sua ainda pequena existência, se comparada às instituições de ensino européias, possui uma história muito rica, onde os acertos e erros ajudaram a instituição se tornar a melhor universidade em ensino de graduação do país, sempre respeitando as diferenças e sendo heterogênea. Para ele, a UFRJ continua com muitos desafios a serem superados e a fragmentação é um deles.
“É inimaginável que a geração do saber dessa universidade se dê exclusivamente através de caixinhas fechadas do conhecimento. Vencer a fragmentação significa, antes de mais nada, criarmos uma nova cultura dentro da universidade, uma cultura de aproximação, de trocas horizontais. Precisamos buscar uma estrutura mais flexível através de programas interdisciplinares. Com isso, podemos ir ‘refundando’ essa universidade e preparando-a para o futuro. Isso é uma coisa que depende de nós. Temos que definir uma estratégia pela qual esse debate possa fazer o seu ingresso definitivo na UFRJ e que possamos deixar implantado um caminho e uma trajetória para vencermos essa fragmentação”, afirmou.
Segundo Aloísio Teixeira, outro desafio a ser superado é a questão dos recursos. Para ele, uma percepção equivocada do papel da educação, particularmente do ensino superior, foi responsável pela diminuição das verbas orçamentárias nos anos 90, que, mesmo tendo tido uma leve recuperação nos últimos três anos, ainda asfixia muito as universidades.
“Existem algumas questões que não dependem somente de nós para serem resolvidas, e a dos recursos é uma delas. Mas isso não pode nos levar a uma atitude conformista. Pelo contrário, a UFRJ deveria comandar uma ofensiva pelo estabelecimento da verdadeira prioridade da educação neste país. Não uma ofensiva de embate com o governo, mas uma que tenha a finalidade de conquistar a sociedade para a relevância dessa proposta. Só assim, quando a sociedade tiver absoluta consciência dessa importância e a proposta se transformar num clamor nacional, conseguiremos atingir esse objetivo. Esse aniversário de 85 anos é o momento que podemos pensar nas formas e nos caminhos para desencadear essa ofensiva”, afirmou Aloísio, para depois dizer qual o grande objetivo da geração atual.
“Temos que fazer com que na comemoração dos outros 85 anos da UFRJ, aqui mesmo nesse Salão, esses problemas tenham sido superados”.
Ao fim da solenidade, o grupo Tira o dedo do pudim, composto pelos professores Samuel Araújo, Antônio Guerreiro e Clay Protásio, da Escola de Música da UFRJ, executaram obras de vários autores nacionais.

Como parte dos festejos pelo aniversário da UFRJ, acontecerá entre os dias 21 e 30 de setembro, no Forum de Ciência e Cultura, no campus da Praia Vermelha da UFRJ, o evento Rio 40 Graus – 50 anos, em homenagem às cinco décadas de aniversário do filme de Nélson Pereira dos Santos. No dia 23, na Sala Cecília Meireles, o diretor e a equipe técnica do filme serão homenageados com a presença das Escolas de Samba, Portela e Unidos do Cabuçu e Orquestra dos alunos da UFRJ.
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