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Cooperar para crescer

Cooperar para crescer sempre foi um lema utópico no meio empresarial, onde a concorrência é cada vez mais acirrada. Porém, nas empresas juniores, organizadas por estudantes, esse lema é mais do que praticado, sendo um dos pilares de um estilo próprio de administração. Na UFRJ, as quatro empresas existentes coordenam um movimento que incentiva o surgimento de mais empresários juniores nos bancos acadêmicos. Sempre procurando crescer com cooperação.

agencia2146T.gifEm plena maturidade do capitalismo único, exercido desde o fim da Guerra Fria, no início dos anos 90, a empresa capitalista experimenta uma nova fórmula de gestão que vem crescendo exponencialmente neste início de século: as empresas juniores. Formadas exclusivamente por estudantes de graduação, sob a orientação de professores, essas empresas já disputam fatias do mercado com as corporações tradicionais, exercendo um estilo próprio de administração.
Iniciado na França, em 1967, como parte da política francesa de incentivo ao surgimento de novas empresas e introduzido no Brasil, 30 anos depois, pela Câmara de Comércio França-Brasil, o Movimento Júnior se desenvolveu muito nos últimos anos, assistindo ao surgimento de muitas empresas nas Universidades.
“Hoje temos 600 empresas juniores espalhadas pelo Brasil, com 22 mil empresários juniores realizando uma média de 3 mil projetos por ano. Aqui no Rio, apenas as federadas, são em número de 15.”, afirma o Presidente da Federação das Empresas Juniores do Rio de Janeiro, a Rio Júnior, Hugo Dose, estudante de Engenharia da UFF.
Segundo Hugo, as empresas juniores obedecem a certos princípios empresariais, como ter seu próprio CNPJ, e precisam passar por um estágio de crescimento antes de se federarem.
“Antes da criação de uma empresa, o estudante deve consultar as outras organizações já existentes dentro de sua Universidade. Depois, a Federação dá um kit fomento com informações importantes para o crescimento do negócio. Em todo esse processo é de suma importância o apoio da faculdade, que entra com os recursos iniciais do projeto. Só então a empresa passa a funcionar e precisa de um tempo para ser federada”, afirma, ressaltando que o tempo médio de permanência de um aluno nessas empresas é de dois anos.
A UFRJ possui quatro empresas juniores e apenas uma, a Insight, de psicologia, ainda não é federada. As outras – Ayra, de Administração, Contábeis e Economia; Fluxo, de Engenharia e EJCM, de Informática – já têm mais tempo de atividade e juntas das empresas da UFF e da UERJ, são maioria na Rio Júnior.
“Os alunos das universidades públicas, por terem menos infra-estrutura e menor contato com as grandes empresas, precisam desenvolver muito o empreendedorismo, que, aliás, é o grande princípio Júnior. Nas particulares, o movimento parte de professores e diretores. Já nas públicas, a iniciativa é dos alunos, sendo essa a maneira mais correta”, afirma Hugo.

UFRJ se destaca no incentivo ao movimento

No último mês de abril, aconteceu na UFRJ o I Ciclo de Palestras sobre Empresas Juniores, onde os representantes dos projetos da Universidade foram nas unidades incentivar o surgimento de novas iniciativas. Como resposta positiva ao evento, já começam a aparecer núcleos de formação de empresas em vários cursos, como Ciências Atuariais, Direito, Comunicação e Educação Física, nesta última já em avançado nível de formação.
“O núcleo da UFRJ vem fazendo um grande trabalho, lutando por uma institucionalização, para que funcionamento do movimento não seja atrapalhado por trocas na administração central. A idéia é ser ligada à PR-5, como projeto de extensão”, afirma a Presidente da Ayra Consultoria, Suzane Monteiro, dizendo que existe um apoio formal das reitorias e até mesmo do governo Lula, mas que ainda falta “um reconhecimento maior, uma institucionalização”.
Enquanto o reconhecimento institucional ainda está por vir, as empresas juniores já começam a se sobressair nas premiações mais tradicionais do ramo empresarial fluminense. As duas últimas edições do Prêmio Top Empresarial, para pequenas e micro empresas, foram vencidas por juniores, assim como o Prêmio de Qualidade Rio, oferecido pelo Governo do Estado, onde empresários juniores já começam a se tornar freqüentes nessas premiações.
“O movimento Junior já é mais que uma realidade”, afirma Suzane.
De 14 a 18 de setembro acontece o Encontro Nacional de Empresas Juniores, no Rio Centro. Oportunamente divulgaremos a programação do evento.