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5º UFRJmar reúne mais de 10 mil em Arraial

Conscientizar, organizar, divertir, ajudar, interagir e ensinar. Todos esses verbos expressaram bem o que foi 5º Festival UFRJmar, evento realizado na cidade de Arraial do Cabo, entre os dias 30 de maio e 5 de junho. Mais de 40 oficinas foram oferecidas e reuniram cerca de 10 mil participantes.

agencia1974T.jpgConscientizar, organizar, divertir, ajudar, interagir e ensinar. Todos esses verbos expressaram bem o que foi 5º Festival UFRJmar, evento realizado na cidade de Arraial do Cabo, entre os dias 30 de maio e 5 de junho. Como um projeto interdisciplinar da Universidade, o festival tem por objetivo divulgar ciência, tecnologia, esporte, arte e cultura; além de incentivar programas que visam o desenvolvimento regional e a criação de vínculos com os municípios da região costeira do Rio de Janeiro.
Nesta quinta edição, o evento contou, aproximadamente, com 40 oficinas, que trabalharam temas relacionados à Biologia, Engenharia Naval e Oceânica, Educação Física, História, Letras, Geologia, Oceanografia e Teatro. Nessas oficinas estavam diretamente envolvidas cerca de quatrocentos participantes, entre professores, alunos e colaboradores. Mais de 10 mil pessoas freqüentaram essas atrações. O Festival concentrou a maior parte de suas atividades na Praia Anjos, no espaço cedido pela Prefeitura de Arraial do Cabo, e contou com a ativa colaboração da Marinha do Brasil, através do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM).
Do ponto de vista acadêmico, o festival promoveu, assim como nos anteriores, uma articulação entre alunos e professores de diferentes áreas, tendo como objetivo o ensino e a pesquisa. Foram realizados, nos dias 30 e 31, vários seminários, entre eles, os dedicados a Meio Ambiente e Sustentabilidade, sobre Projetos e Construção de Embarcações de Recreio e um debate a respeito do UFRJMar, da Experiência da Escola de Pescadores de Macaé e outros projetos de Educação Ambiental.

Calorosa acolhida
A receptividade do público foi fantástica. As oficinas de capoeira, ginástica artística, folclore, muro de escalada, esportes de litoral, construção de embarcações, entre outras, permaneceram cheias durante todos os dias. O entusiasmo das crianças era tanto, que chegavam a entrar na fila das oficinas mais de cinco vezes. E não só crianças queriam participar das atividades na praia, como é o caso da Dona Joelma Alvarenga Ferreira, de 50 anos, moradora de Arraial, que encarou o muro de escalada até o final, sem nunca ter feito o esporte antes.
Segundo Fernando Amorim, coordenador do evento, esse 5º festival superou bastante as expectativas em termos de público.
— Todas as oficinas superaram em números o que se tinha planejando. O planejamento foi feito baseado no resultado do ano passado, portanto, um coeficiente razoavelmente otimista de expansão. Só para dar um exemplo, nesse UFRJMar o número de alunos foi bastante superior ao quadro anterior. Foram quase 450 alunos trabalhando enquanto no outro não chegou a trezentos. No evento passado foram trazidos duzentos e cinqüenta modelos de barquinhos para a oficina Construção de Embarcações; nesse, nós trouxemos quinhentos e tivemos que fazer mais cinqüenta. Não aumentamos mais por que a equipe já estava exausta – declarou.
Para Armando Alves, também coordenador do evento, este Festival ficou marcado pelo aumento quantitativo e qualitativo das atividades:
— Só para ter uma idéia nós tivemos um aumento de mais 100% no número de oficinas ofertadas, além de contar com a participação de outros setores da universidade como, por exemplo, o pessoal da Divisão de Saúde do Trabalhador, do observatório do Valongo, das novas oficinas de atividade física. Todas já se colocaram obrigatórias nos próximos festivais, afirmou.
Armando falou, também, que “o grande objetivo é fazer com que crianças, jovens e adultos se sintam convivendo com a UFRJ e sejam reconhecidos como cidadãos, como protagonistas da história. Além disso, visa mostrar para a comunidade as inúmeras possibilidades de se construir uma vida”.
Os bons ventos, águas limpas e claras e o fascinante recorte das praias de Arraial incrementaram os eventos náuticos e os passeios a sítios históricos, como ao Farol da Ilha de Cabo Frio, obra de engenharia de fins do século XIX, que até hoje orienta os navegantes. Com o apoio do Comandante Canabarro, do IEAPM, foram feitas caminhadas ao farol, após viagem por mar a bordo do veleiro Varuma. Neste catamarã, turmas de alunos do ensino fundamental e de jovens e adultos da Escola Municipal de Pescadores de Macaé, puderam desfrutar da alegria de velejar. A aluna Maria da Penha Nascimento Souza confirma: “Estou amando este passeio, pois é a primeira vez que ando de barco”. Foi também a primeira vez que Maria da Penha assistiu a uma peça de teatro e que visitou a cidade de Arraial, aos 48 anos de idade. Ela estava acompanhada de sua professora, Eleuza da Graça, que confirmou que de seus 42 alunos convidados a participar do Festival, a maioria freqüentava também pela primeira eventos teatrais, culturais e turísticos oferecidos pelo Festival.

Fabricando embarcações
Esportes náuticos como remo, nas categorias de caiaque e iole de seis lugares, revezavam-se com práticas de winsurf e dingue, orientadas por alunos do curso de Engenharia Naval e por um instrutor de surf especialmente convidado para o evento. Tais atividades ganhavam um sabor especial, pois a maior parte das embarcações foram projetadas e suas construções executadas pelo Polo Náutico da UFRJ, ou mesmo, confeccionadas durante o evento. Isto se deu na oficina de Construção de Embarcações, sob a orientação de técnicos do Polo e do engenheiro naval Ronaldo Migueis: “trata-se de um caiaque de fácil confecção, onde empregamos novas técnicas e materiais que podem ser apropriadas pela comunidade interessada”.
Enquanto caiaques seguiam para o mar, outros barquinhos de madeira eram confeccionados pela criançada, numa animada linha de produção que ia da emenda das formas à pintura dos modelos. Mais de 500 foram produzidos durante o festival. Turmas das escolas públicas e privadas do município também puderam ter no mesmo galpão, noções básicas de feitura e aplicação de nós marítimos, com a orientação do mestre Moreira, e explicações sobre porque os barcos flutuam. Elas puderam, acompanhar, com o auxílio de alunos de Eng. Naval e do professor José Henrique Sanglard, o desempenho de modelos que, mergulhados em tanques, demonstravam as leis da Física que atuam sobre o casco das embarcações.

Do mar às estrelas
Informações sobre microorganismos marinhos ficaram por conta do pessoal do Laboratório de Fitoplâncton, do Departamento de Biologia Marinha do Instituto de Biologia da UFRJ, que, com auxílio de microscópios expostos à visitação e slides, explicou para a comunidade local a importância da preservação do ecossistema aquático. No mesmo ambiente, noções sobre a geologia local eram apresentadas pelo Comandante Canabarro, do IEAPM, enquanto outra sala contemplava a oficina de Inclusão Digital. Computadores disponibilizados pela Prefeitura acolhiam a garotada interessada na informática, novatos ou não. Textos e imagens nasciam das telas, revelando a riqueza criativa da turminha,, “sinalizando o potencial destes recursos para práticas educativas”, conforme nos confirmou Elizabeth Borba, uma das colaboradoras do URFJmar, que atuava junto com o professor José Cubero.
Outra atividade muito freqüentada por jovens e crianças foi o “Planetário”, que dispunha de uma cúpula inflável onde eram projetadas estrelas e planetas do Sistema Solar, permitindo aos alunos de Astronomia apresentar as principais constelações e dar noções sobre a abóboda celeste.

Saúde, cultura e turismo
A Divisão de Saúde dos Trabalhadores (DVST), órgão vinculado à pró-reitoria de Pessoal, instalou-se numa tenda, onde aferiu a pressão arterial e a taxa de glicose dos moradores, além de orientar sobre doenças sexualmente transmissíveis e o uso de camisinhas, que foram amplamente distribuídas.
Os eventos culturais ficaram por conta dos alunos do curso de Direção Teatral, da Escola de Comunicação, e da Escola de Música que animaram a cidade com encenações e bom som. Não esquecendo do pessoal da Faculdade de Letras, que promoveu recitais, em que qualquer um da platéia poderia subir ao palco e declamar poemas; e, também, das oficinas de danças e folguedos folclóricos oferecidas por alunos do Curso de Dança da Escola de Educação Física.
Além dos recitais, os estudantes da Faculdade Letras visitaram as escolas municipais da cidade, desenvolvendo com os alunos atividades como contação de histórias, que visam trabalhar o lado lúdico de cada criança. Mas, não só escolas foram agraciadas com a visita deles. A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) também fez parte do circuito. Eronilda da Silva Oliveira, professora da associação, afirmou que esse tipo de iniciativa é interessante, pois, além de trazer divertimento, leva para outros lugares a filosofia da APAE. “É uma atividade de interação entre a UFRJ e a Associação que acaba desmistificando a visão distorcida das pessoas com relação aos excepcionais” – disse.
O grupo do curso de Direção Teatral, da Escola de Comunicação, também fez visitas às escolas municipais. O objetivo era trabalhar o espírito teatral, estimulando, através da pintura no rosto e de histórias da floresta, a imaginação das crianças. Natália Melo, uma das alunas do grupo, confessou estar muita satisfeita em poder desenvolver essa atividade com crianças, pois assim é possível experienciar o lado pedagógico do teatro. Para a professora Lucia Barata, da Escola Municipal Emília Correa de Macedo, esse projeto é bem interessante, pois estimula a parte psicomotora dos alunos, a criatividade, além de ser uma novidade para eles, já que o aprendizado é realizado de forma diferente.
O festival contou também com a participação dos alunos do Curso de Turismo do CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca), que montaram um pequeno stand na Secretaria Municipal de Arraial do Cabo, em que realizaram atividades práticas sobre turismo, estimulando a comunidade a descobrir o potencial turístico da região e suas vantagens. Além disso, o grupo promoveu um sorteio com os participantes, cujo prêmio foi um citytour pela cidade.

Pelos mares da vida
Na noite do dia 4, sábado, a chamada praça do Sindicato, no centro de Arraial, lotou as arquibancadas de seu anfiteatro. O Festival promoveu a apresentação da Companhia Folclórica do Rio, que encenou o espetáculo “Pelos Mares da Vida”. Danças e músicas da tradição popular, como o Coco nordestino, o Boi de Mamão do litoral catarinense, as Cirandas de Tarituba ( Pataty-RJ), o Carimbó, Lundu e o Samba carioca foram encenadas em coreografias repletas de cor e sensualidade que cativaram o público presente. Com 18 anos de existência, a Companhia é formada por alunos do curso de Dança da Escola de Educação Física da UFRJ, funcionários e ex-alunos. Eleonora Gabriel, Diretora Geral, da Companhia, assinala que a interação com a comunidade se dá tanto nas apresentações como na pesquisa do acervo das tradições populares para a produção dos figurinos, músicas, cenários e montagem das coreografias.
Dirigentes da Universidade foram prestigiar o evento como, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento e o prefeito da UFRJ, Helio de Mattos, que confessou ter gostado bastante. “É a quarta vez que participo do UFRJmar e mais uma vez adorei. Esse é um evento fundamental para a UFRJ porque abre os espaços para a interiorização da nossa universidade. Toda a região de Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, Rio das Ostras e Macaé constitui hoje um pólo importante para essa política, e a maior prova disso é o NUPEM que abrigará, em breve, novos cursos em Macaé, disse”.

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