No dia 19 de abril deste ano, em Brasília, foram anunciados pelo ministro da ciência e tecnologia, Eduardo Campos, investimentos de 36 milhões de reais em projetos voltados à difusão de tecnologias pela sociedade, visando maior integração entre o conhecimento acadêmico e o popular. Deste total, 22 milhões serão destinados a programas de extensão universitária. Os recursos serão repassados para os projetos por meio de nove editais, que abrem a possibilidade de entidades do Terceiro Setor apresentarem novas propostas, em articulação com instituições de pesquisa.
A extensão universitária, uma das funções essenciais da educação superior, garantida tanto pelo artigo 207 da Constituição brasileira quanto pela Lei no 9394 de Diretrizes e Bases da Educação, é o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. É uma via de mão-dupla, que tem como conseqüências a produção de um conhecimento resultante de uma interação direta com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da sociedade na atuação da universidade.
Em outras palavras, as instituições têm a oportunidade de levar até a comunidade, por meio da extensão, os conhecimentos de que é detentora, de acordo com os próprios interesses dessa mesma comunidade.
Segundo o pró-reitor de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor Marco Antônio França Faria, os investimentos anunciados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia funcionarão como um programa experimental, que testará a capacidade da extensão de gerar conhecimento científico. “É um grande passo em direção ao incentivo a novos modos de se produzir conhecimento no país, atendendo às demandas da população e promovendo a troca de saberes entre os segmentos populares excluídos e a comunidade acadêmica”, disse o professor, em entrevista ao Olhar Virtual.
O pró-reitor também ressaltou o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) à política adotada, através da adaptação feita em suas bolsas de pesquisa. “O CNPq ampliou a abrangência de suas bolsas. Profissionais que tenham uma prática voltada para a extensão tecnológica poderão, também, ser contemplados com as bolsas da agência fomentadora”.
A UFRJ, através da Pró-Reitoria de Extensão, além de incentivar uma série de programas comunitários, como o Curso de Pré-Vestibular Comunitário do Caju e projetos de alfabetização na Maré e em Parada de Lucas, também oferece uma série de cursos de extensão, coordenados por professores, técnicos de nível superior e alunos de pós-graduação (supervisionados) da UFRJ. Os cursos podem ser ministrados fora da universidade e contar com a participação de membros externos no corpo docente. Observe abaixo os cursos e suas respectivas datas de início, a partir do mês de maio:
MAIO / 2005
Eletromagnetismo em Espaços Curvos
Redução na Geração de Resíduos
Gestão de Risco
Técnicas de Remediação de Solos e Águas Contaminadas
Cultura de Células e Fisiologia Celular
JUNHO / 2005
Introdução à Perícia Ambiental
Gestão da Qualidade e Produtividade
Gestão Ambiental para Atividades Offshore deExportação, Pro
Economia do Meio Ambiente
Aspectos Teórico-práticos da Mecânica Respiratória
A Família em Debate
Educação Ambiental para Gestores do Meio Ambiente
Tecnologia de PCR na Rotina Laboratorial: Teoria e Prática
Reciclagem de Plástico
Introdução ao Sensoriamento Remoto
Aspectos Teóricos e Práticos da Detecção de Bactérias Indica
JULHO / 2005
Telhados Verdes: Naturação Amb. Aplic. ao Ambiente Urbano
Microbiologia e Biorremediação de Petróleo e Derivados
Gerenciamento Ambiental nas Empresas
Biologia Molecular Aplicada à Pesquisa e à Clínica
AGOSTO / 2005
Coleta Seletiva e Beneficiamento de Lixo Urbano
Economia do Meio Ambiente
NOVEMBRO / 2005 Reciclagem de Plástico
DEZEMBRO / 2005 Cromatografia Contracorrente: Teoria e Aplicações na Química
A Rede Nacional de Extensão (RENEX), iniciativa do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas, presidido pelo próprio professor Marco Antônio, mantém cadastro atualizado das instituições de ensino superior integrantes, divulga ações extensionistas universitárias e coordena o Sistema Nacional de Informações de Extensão (SIEX/Brasil), banco de dados sobre as práticas de extensão no país.