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11º dinossauro encontrado no Brasil

No último dia 2, pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro reuniram a imprensa para divulgar o mais novo fóssil de dinossauro encontrado no Brasil. A descoberta foi feita por Luciano Artemio Leal, doutorando em Filogenia do Instituto de Paleontologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

agencia1699T.jpg Um senhor caminhava para mais uma partida de bochas com seus companheiros, quando acabou descobrindo a ossada de um dinossauro existente há 225 milhões de anos. Se você está pensando que isso não passa da chamada de mais um filme do Spielberg, enganou-se redondamente.
No último dia 2, pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro reuniram a imprensa para divulgar o mais novo fóssil de dinossauro encontrado no Brasil. A descoberta foi feita por Luciano Artemio Leal, doutorando em Filogenia, do Instituto de Paleontologia, orientando do professor Sérgio Alex, diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Segundo Átila Rosa, paleontólogo representante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), parceira da UFRJ, o começo de tudo foi em maio de 1998: “o aposentado Tolentino Marafiga caminhava por um trecho da estrada de terra que liga São Martino da Serra a Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando de repente observou algo estranho no acostamento, algo parecido com a mão de um animal saindo da rocha. Acreditando ter feito uma grande descoberta e sabendo que aquilo era um animal muito antigo, entrou em contato com a Universidade de Santa Maria e como um guardião, esperou a chegada de estudantes do laboratório de paleontologia (entre eles, Luciano) que constataram a presença de um fóssil”, comentou.
Átila acrescentou também que quando a equipe chegou ao local da descoberta, observou a importância do material para paleontologia e, desde de então, resolveu iniciar um convênio com o Museu Nacional, visando melhor estudo e análise do fóssil.
O mais completo dinossauro encontrado no Brasil recebeu o nome de Unaysaurus Tolentinoi [Unay (do Tupi) = água-negra + saurus (do grego) = lagarto; Tolentinoi foi uma homenagem ao descobridor]. Ele pertenceu a um período chamado Triássico, importante para paleontologia devida à raridade de seus dinossauros. Proveniente da mesma região geográfica de um dos dinossauros mais antigos do mundo, Dinossauro de Água Negra, representa o primeiro “Prosauropoda” encontrado no Brasil. A sua ossada craniana é a mais completa encontrada até hoje no país. Com 2,5m de comprimento e 70cm de altura na parte da cintura, Unaysaurus Tolentinoi era herbívoro, possuía um corpo volumoso e a cabeça pequena sustentada em um longo pescoço. Além disso, seus membros anteriores eram proporcionalmente mais curtos que os posteriores, conferindo-lhe uma postura bípede.
Alexander Kellner, também representante da UFSM, explicou o fato do fóssil ter sido encontrado em 1998 e só agora mostrado à comunidade: “Sem uma publicação científica ele não existiria em nossa concepção. Só depois de extensivamente estudado e comparado a outras espécies, esse dinossauros foi publicado e teve sua reconstituição feita. Agora ele pode ser divulgado e nós estamos muito satisfeitos com o fato de estarmos aqui,mostrando ele à comunidade”, disse.
Unaysaurus tolentinoi é constituído de um único esqueleto semi-articulado. Várias características da cabeça e do corpo deste dinossauro sugerem sua relação de parentesco com dinossauros da família Plateosauridae, encontrados na Europa. Luciano Leal, durante a coletiva, afirmou que a grande surpresa deste dinossauro são suas semelhanças com espécies encontradas na Alemanha – “as pesquisas indicavam que os dinossauros encontrados no sul do Brasil, esse em específico, estariam aparentados com os do Norte da Argentina e o Unaysaurus Tolentinoi apresenta semelhanças com os encontrados na Alemanha”.
Luciano completou a entrevista comentando sobre fato de que ainda em campo já se podia ter a constatação de aquele era um animal novo: “Quando batemos os olhos percebemos de cara, que se tratava de um animal novo. Só não era possível provar isso antes de toda uma pesquisa científica”.
Essa semelhança européia, por sua vez, reforça a idéia da existência no passado de um supercontinente chamado de Pangea e que o grupo dos prossaurópodos teve uma ampla distribuição geográfica. O fóssil foi encontrado com marcas de roedura em alguns ossos, portanto, sugere a convivência de protomamíferos junto com Unaysaurus Tolentinoi.
A réplica do dinossauro foi construída em 5 meses pelo paleoescultor e estudante de Ciências Biológicas, Orlando Grilo. Orlando afirmou ter sido um grande desafio esculpir a peça e que estava muito satisfeito com o resultado do trabalho : “para mim foi um desafio. Geralmente faço peças em escala pequena (40 cm – 1m) e essa é a primeira escultura grande que eu faço. Grilo falou também da ajuda que recebeu dos paleontólogos para a construção da obra : “os paleontólogos dão todos os indícios possíveis para confecção da obra. Desde a localização dos ossos aos contornos musculares”.