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Estudo revela falta de transparência das empresas

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agencia1460T.JPG A cada ano que passa as empresas estão aumentando seus investimentos na prevenção, compensação ou recuperação da área ambiental. No entanto, mesmo com este crescente incentivo, a poluição referente ao despejo de materiais tóxicos da atividade industrial em rios e aterros continua visível.
Em coletiva à imprensa, no dia 21 de setembro, a professora Araceli Ferreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, exibiu pesquisa comprovando que algumas empresas, como Petrobras e CSN, apresentam disparidade nas informações ambientais divulgadas em seus relatórios de desempenho sócio-ambiental e os relatórios contábeis. Segundo Araceli, não é possível reconhecer a existência dos passivos ambientais pelos documentos contábeis dessas empresas. “Esse tipo de postura nos leva a pensar que empresas como a Petrobras representam o mesmo risco ambiental que empresas como as lojas Americanas” – disse a Professora. Além das já citadas, Aracruz Celulose, Usiminas, Gerdau, Companhia Siderúrgica de Tubarão e Companhia Siderúrgica Paulista também tiveram seus relatórios avaliados.
A idéia de analisar esses relatórios de empresas de siderurgia e petróleo surgiu após uma pesquisa-piloto, realizada com o setor de papel e celulose no ano passado, onde se observou que o nível das informações sobre investimentos ambientais divulgadas, não condizia com as do setor contábil.
O caráter de consistência da pesquisa foi garantido graças à idéia de comparar as informações obtidas com o relatório proposto pelo UNCTAD/ISAR, órgão das Nações Unidas, que estabelece padrões internacionais de contabilidade. Segundo Araceli, nenhuma das empresas observadas atenderam o modelo.
A pesquisadora destacou também que boa parte da obscuridade nos relatórios é proveniente da ausência de um incentivo governamental. “Se o governo isentasse de processo criminal a empresa que assumisse a culpa do crime ambiental e se comprometesse a solucionar o problema, uma quantidade considerável passaria a não esconder suas infrações” – afirma.
O resultado da análise, além de apresentar discrepância entre os relatórios contábeis e os ambientais, comprovou também que os valores investidos pelas empresas podem ser considerados de grande volume, mas se comparados ao faturamento líquido são insignificantes. No setor siderúrgico, o maior investimento foi de 4,4%.
Esteve presente na coletiva o Secretário Geral da Defensoria da Água, Leonardo Moreli. Ele destacou, entre outras coisas, que é necessário preservar as fontes de abastecimento de água, pois estamos próximos da escassez. Segundo ele, as águas, hoje em dia, estão cinco vezes mais degradadas. “70% da água vai para agricultura, 20% vai para indústria, e somente 10% é destinado ao consumo humano, logo, temos que nos preocupar com isso”.
A pesquisa contou com o apoio da Faperj e de alguns alunos da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis/UFRJ. As próximas apresentações serão na França e Suíça.
No final da coletiva, a professora Araceli agradeceu a imprensa pela presença e vez questão de deixar claro que o objetivo do relatório não era apontar as empresas e sim observar.