Categorias
Memória

Plano de Bacia pode salvar Guandu

O Rio Guandu, responsável por 80% da distribuição de água da região metropolitana do Rio de Janeiro, está ameaçado pela poluição de suas aguás. Segundo o prof° Paulo Canedo, responsável pelo Laboratório de Hidrologia da Coppe, só um Plano de Bacia poderá assegurar sua recuperação.

agencia1345T.jpg O Rio Guandu é responsável por 80% da distribuição de água da região metropolitana do Rio de Janeiro. Formado pela junção do rio Santana e Ribeirão das Lajes, ele recebe o volume de 2/3 da água do rio Paraíba do Sul, coletadas através de bombas localizadas na Elevatória de Santa Cecília, no município de Barra do Piraí.
Mesmo tendo a sua água consumida por oito milhões de pessoas, o Guandu está apresentando aumento no índice de poluição. Quando a água chega à estação de tratamento – localizada nos arredores do rio – está escura, impregnada de coliformes fecais, lixo flutuante (plásticos e latas, por exemplo) e materiais tóxicos. Para que essa água chegue aos padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) adiciona Cloro e, em caso de poluição elevada, sais de Ferro e Sulfato de Alumínio.
Boa parte da poluição do Guandu é por culpa dos Rios Poços, Queimados e Ipiranga, explica o professor Paulo Canedo, responsável pelo Laboratório de Hidrologia da COPPE/UFRJ. Esses rios, ao se encontrarem com primeiro, durante o seu percurso à ETA – Guandu (Estação de Tratamento da CEDAE), o poluem com esgoto doméstico e industrial. O esgoto doméstico vem da população ribeirinha do Poços, que apesar de receber água tratada da CEDAE, não dispõe de tratamento de esgoto; e o industrial vem das empresas localizadas nos arredores do rio Queimados.
No encontro dessas águas não acontece a mistura da parte escura dos rios poluidores com a água barrenta do Guandu. Isso, por sua vez, faz com que toda a sujeira vá direto para a estação de tratamento, destaca o professor Canedo. Para ele, a melhor solução para redução desses poluentes pela metade, seria a mistura das águas.
Em períodos de chuva torrencial, a quantidade de lixo flutuante chega a ser 40 vezes maior do que em períodos de estiagem. Se quantidade de poluentes superar a capacidade de limpeza das águas pela CEDAE, com certeza será necessário uma redução no abastecimento para o Rio e Grande Rio.
Segundo prof. Canedo, o necessário para salvar o Guandu é um estudo chamado Plano de Bacia – esse plano não se limita a estudar a qualidade da água, e sim o rio em seu todo. Cada rio terá a sua qualidade de acordo com a necessidade de quem o usufrui.
– Seria pequeno se preocupar somente com a qualidade da água de uma bacia hidrográfica. Uma bacia como essa vai muito além da sua pureza. Nela estão presentes vários fatores econômicos e sociais. O fato de que toda bacia tem que ser limpa é uma questão de convenção – afirma o professor.
O professor da COPPE falou também que o problema do rio sujo, não é o rio sujo, mas os gastos que são impostos com as restrições sociais.
Quando um rio está com alto teor de poluição, consequentemente, se terá uma população doente, aumento da mortalidade infantil, menor expectativa de vida, proliferação de doenças etc. Além disso, a poluição acarreta gastos relevantes para quem faz uso das águas da bacia: a ETA – Guandu, devido à impureza da água, precisa gastar mais com produtos químicos, por exemplo.
O Plano de Bacia, segundo Canedo, vai oferecer ao Guandu e aos outros rios um estudo aprofundado sobre todas as especificidades que os compõem, dando importância as questões sociais e econômicas das populações que os cercam.
Oferecer atenção à população que cerca os rios é relevante pelo fato de que é ela quem se utiliza deles e, de alguma maneira, contribui para o crescimento econômico. No caso de uma indústria de bebidas, por exemplo, a queda na qualidade das águas do rio que a abasteça, devido a despejos feitos a montante, poderá inviabilizar sua produção, prejudicando a economia de uma determinada área. Isto significa que a preservação dos múltiplos uso de um rio, para abastecimento doméstico, de indústrias, geração de energia, agricultura e outros, está intimamente ligada a não poluição de suas águas e a um investimento coletivo na despoluição de sua bacia.