Novas Metas para a Área da Saúde na UFRJ

O Centro de Ciências da Saúde (CCS) realizou o II Simpósio de Extensão na Área da Saúde, no dia 1º de julho. O evento teve como objetivo refletir sobre o novo papel social da Universidade. Foram discutidos temas delicados como a implantação da política de cotas e a democratização do acesso ao ensino superior (ensino à distância e cursos noturnos). A última mesa de debates teve como tema Os Novos Desafios para o Ensino, Pesquisa e Extensão na Área da Saúde: a constituição do Internato Extensionista, do Pólo de Educação Permanente e o Grupo de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, discutidos pelos professores Ana Inês (Pró-Reitoria de Extensão), Maria de Lourdes Cavalcanti e Antônio Ledo. Foram apresentados alguns projetos que a UFRJ tem participado com o objetivo de prestar serviços à sociedade.
O Pólo de Educação Permanente (PEP) da região Metropolitana-1, que abrange os municípios da Baixada Fluminense, do Rio de Janeiro, Magé, Seropédica e Itaguaí, é composto por entidades formadoras de profissionais na área da saúde e reconhecidas pelo MEC. Seu objetivo é fazer com que as escolas se mobilizem e estabeleçam uma política de formação dos estudantes dos cursos técnicos e de graduação.
O Ministério da Saúde (MS) tem adotado a medicina preventiva como linha de ação prioritária. Segundo Maria de Lourdes, a formação dos profissionais de saúde tende a ser muito especializada e afastada das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Os PEP\’s têm a função de aproximar a qualificação dos profissionais da área médica às diretrizes do Ministério da Saúde. Para isso, AS entidades que compõem o pólo devem apresentar propostas de políticas de atuação. Os projetos aprovados receberão recursos do Fundo Nacional de Saúde para sua implementação. Atualmente, apenas 400 mil reais serão aplicados, verba insuficiente para atender AS demandas da região.
Na UFRJ foi formado o Forum de Educação Permanente, que conta com a participação de todas AS unidades da Saúde e a Faculdade de Serviço Social. De acordo com a professora Maria de Lourdes, dois projetos estão sendo discutidos e devem ser apresentados ao Pólo da Região Metropolitana-1:
“A UFRJ está se organizando internamente. Os hospitais e AS unidades do Centro de Ciências da Saúde estão mobilizados nesse processo. Dois projetos serão propostos ao PEP: a criação do curso interdisciplinar de Residência para a Saúde na Família do qual participam todas AS unidades da Saúde, além das Faculdades de Serviço Social e de Psicologia. O segundo projeto se refere à elaboração de uma estratégia para o enfrentamento da questão da tuberculose, que atinge níveis críticos NO Estado do Rio”.
O Estado do Rio de Janeiro lidera AS estatísticas nacionais de incidência da tuberculose. Na Baixada Fluminense, o índice é superior ao do Estado. Para Maria de Lourdes, a UFRJ pode contribuir NO combate à doença, pois tem especialistas na área. E AS ações devem ser urgentes e bem elaboradas, enfatiza a pesquisadora do CCS.
A professora Ana Inês de Sousa, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ, apresentou o Programa de Atenção Integral à Família: Internato Extensionista. A proposta surgiu a partir da experiência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que, em 1978, implantou NO currículo a disciplina Internato Rural. Tratava-se de atividade de campo dos alunos do último período do curso de Medicina em comunidades rurais. Atualmente, os estudantes do 11o período dos cursos de graduação (Enfermagem, Nutrição, Engenharia, Farmácia, etc) cumprem 330 horas de trabalho de campo, por três meses, e a disciplina é obrigatória.
O Internato Extensionista pretende cumprir a exigência do Plano Nacional de Educação do MEC, que determina a implantação do Programa de Desenvolvimento da Extensão Universitária, em que AS universidades devem assegurar, NO mínimo, 10% do total de créditos exigidos para a graduação em atividades de extensão, ou seja, devem praticar os conceitos e métodos aprendidos.
Na UFRJ, por enquanto, participarão do projeto os cursos de Enfermagem, Nutrição e Biologia. Os alunos de graduação auxiliarão NO atendimento de saúde em municípios do interior do Estado, durante um trimestre. Além disso, participarão do processo de educação permanente das equipes dos municípios.
NO evento organizado pelo CCS demonstrou que a UFRJ está empenhada em se adequar às novas necessidades da sociedade e à realidade imposta pelo governo federal: promover o desenvolvimento técnico-científico do país e melhorar a qualidade do ensino, apesar dos constantes cortes de verba que aflige a universidade há mais de uma década. A ausência de estudantes nas reuniões ainda reflete a necessidade de ampliar a mobilização junto aos universitários, NO entanto, como espaço de troca de idéias e propostas, o encontro cumpriu bem o seu papel.