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Manifestação de alunos atrasa a sessão do Consuni

Nesta quinta-feira, dia 29, o Consuni teve seu início atrasado por conta das manifestações dos alunos diante dos membros do Conselho. Cartazes espalhados dentro do Consuni e no hall da Reitoria foram utilizados pelos estudantes como forma de protestar a atual situação de sucateamento de alguns prédios como da EBA e do IFCS.

agencia1147T.gifNesta quinta-feira, dia 29, o Consuni teve seu início atrasado por conta das manifestações dos alunos diante dos membros do Conselho. Cartazes espalhados dentro do Consuni e no hall da Reitoria foram utilizados pelos estudantes como forma de protestar a atual situação de sucateamento de alguns prédios como da EBA e do IFCS.
Pedro Martins, aluno da Escola de Comunicação da UFRJ e membro do DCE, explica a motivação dos estudantes neste protesto na Reitoria: “Estamos passando por um processo de ocupação. Primeiro na Faculdade de Direito pelo afastamento do então diretor. Depois no IFCS pela reabertura da biblioteca e ainda na Escola de Belas Artes que precisa de reforma urgente nos ateliês. Desta forma, vimos que a reivindicação precisava ser unificada pois temos um objetivo comum: lutar conta à degradação da universidade pública. Esta Reforma Universitária que o Governo está propondo agrava ainda mais os problemas da Universidade.”
O aluno do IFCS, Renato da Silva Vicentini, leu perante o Conselho uma carta escrita em conjunto pelos alunos do Instituto de Filosofia. Um manifesto por melhorias na Unidade, na estrutura do prédio e para reabertura da Biblioteca, fechada há quase dois anos.
Após a leitura, o Reitor pediu que a carta lhe fosse entregue para ser pauta da próxima reunião e o Conselho estudasse os pedidos dos alunos.
Aloísio Teixeira acredita que as manifestações dos estudantes não são prejudiciais, pois durante anos eles estiveram mudos e o renascimento do movimento estudantil é muito importante. Entretanto, o Reitor disse que é preciso preservar regras de boa convivência profissional.
─ Sou professor há 30 anos! Sei que as mudanças podem ter prazos longos. Se nós conseguirmos mudar algo em cinco anos, está ótimo, mas para os estudantes isso não é bom; se não for feito logo, não adianta. Por um lado, essa atitude é boa, os alunos emprestam um sentido de urgência às questões ─ disse o Reitor.

Confira na íntegra a carta dirigida ao reitor:

Carta de Reivindicação dos Estudantes do IFCS/UFRJ

Nós, estudantes do IFCS, estamos também participando deste ato por entender que o fato do nosso instituto estar caindo aos pedaços não é um “privilégio” nosso.
Compartilhando este “provilégio” com os outros institutos desta universidade, que passam por problemas similares. Compartilhamos este “privilégio” com as demais universidades públicas do país, que enfrentam a mais de uma década um processo de sucateamento. Compartilhamos este “privilégio” também com as demais instituições públicas brasileiras; donde concluímos que não se trata de um “privilégio” somente nosso e, sim, uma realidade generalizada em todo país_ embora o governo insista em dizer que somos os privilegiados.
Declaramos que este processo de sucateamento vai no sentido de privatizar a universidade, de mercantilizar a produção do conhecimento e de extinguir de uma vez por todas a gratuidade do ensino público no país. Em nosso instituto, este projeto se materializa da seguinte forma:
· Nossa biblioteca, uma das mais importantes do país, quiçá da América Latina, com títulos que não se acham nem mesmo na Biblioteca Nacional, encontra-se fechada há quase dois anos, por conta de uma péssima manutenção das condições necessárias para a consevação do acervo, o que levou a uma grande concentração de fungos, tornando o ambiente salubre;
· A estrutura do nosso prédio está deteriorada. A parte dos fundos do prédio se encontra condenada;
· A instalação elétrica é precária, o que acarretou, entre outras coisas, a desativação da sala de vídeo;
· O laboratório de informática, que sempre esteve com a maior parte de seus computadores (fora de linha) em manutenção, agora está definitivamente fechado;
· Dos nossos banheiros, os que não estão interditados, estão constantemente sem papel higiênico; e alguns até sem pia, limpeza e vaso sanitário;
· Ratos interrompem constantemente nossas aulas;
· Tivemos, no ano passado, cinco focos de incêndio (imaginem isso em um prédio onde toda a estrutura é de madeira, incluindo pisos e escadas, e o reboco é feito com óleo de baleia, somado ao fato de nós termos apenas uma saída aberta, que certamente não daria vasão imediata para o número de pessoas que freqüentam o prédio diariamente);
· A renovação do quadro de professores e funcionários tem se dado de forma lenta, muito aquém das necessidade da nossa vida acadêmica.

Assim, exigimos mais verbas públicas para esta instituição que é pública, concurso público em quantidade suficiente para suprir a demanda, mais cursos noturnos, assistência estudantil e reabertura imediata da biblioteca em condições satisfatórias de uso, deixando claro que os alunos repudiam qualquer forma provisória de instalação. Nós não aceitamos mais nenhuma forma de paliativo, pois já temos uma biblioteca provisório há ano e sete meses e, definitivamente, não atende nossas necessidades.
E, finalmente, exigimos do reitor hoje, um compromisso honrado fornecendo-nos uma data para a abertura de um novo processo de licitação para obras de estrutura no IFCS para que o mesmo possa continuar funcionando, e merecendo título de uma das melhores instituições de ensino do país.