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UFRJ estuda fotos em maços de cigarro

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Cientistas da UFRJ medem o teor repulsivo das imagens circulantes em maços de cigarro

Pesquisadores da UFRJ iniciaram uma pesquisa inédita sobre a Campanha Antitabagista do Ministério da Saúde. Liderados por Eliane Volchan, pesquisadora do Laboratório de Neurobiologia II, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/UFRJ, os resultados preliminares mostraram que imagens impressas nos maços de cigarro sem o acompanhamento das frases de alerta foram categorizadas pelos voluntários no estudo como neutras ou desagradáveis. A pesquisadora Eliane Volchan, da UFRJ, alerta que algumas imagens podem não trazer sensações desagradáveis, como as fotos onde se vê um pai junto ao filho, que sem as frases de alerta sobre a influência do cigarro para as crianças, poderiam ser no mínimo inócuas na população que não se detém nas informações escritas.
O estudo analisa as reações humanas diante das imagens veiculadas nos maços de cigarro circulantes no Brasil. Cerca de 40 voluntários já foram testados no estudo realizado por Billy Edving Muniz Nascimento, bolsista do Laboratório, que utilizando-se de uma escala visual e verbal, investigou como os voluntários avaliavam 89 imagens com conteúdo agradável, neutro e desagradável, entre elas as 19 fotos veiculadas nos maços de cigarro.
Os voluntários avaliavam as fotos em três dimensões emocionais. Valência, que indica o grau de prazer que as fotos transmitem às pessoas, ativação que indica o nível de excitação emocional transmitido e de atenção exterior ou interior, que analisa o nível de introspeção ou extroversão que a foto causa nas pessoas.
Além disso, o próximo passo será testar reações mais “automáticas” à visualização das fotos (como os batimentos cardíacos e o suor na palma das mãos) pois nem sempre os sentimentos verbalizados são semelhantes aos processos fisiológicos disparados de forma involuntária pelo organismo.
O estudo empregou a técnica do americano Peter Lang, diretor do Center for the Study of Emotion and Attention, uma unidade do National Institute of Mental Health, e que visa medir escalas de emoção e reações fisiológicas baseadas na observação de imagens e na audição de certos sons. Através de sua técnica, o Professor Lang procura averiguar como o cérebro processa as respostas emocionais. O Laboratório brasileiro faz parte da rede mundial, coordenado pelo Professor Lang, de centros que estudam a neurobiologia da emoção.
A pesquisa conta com participação do Instituto Nacional do Câncer.
Imobilidade humana – Além desta, os pesquisadores da UFRJ se dedicam a outras linhas de investigação sobre a neurobiologia da emoção, tentando, por exemplo, averiguar a evidência de esquiva em seres humanos diante de imagens negativas (mutilados). Nesta pesquisa, os pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho mostraram pela primeira vez que, assim como já comprovado entre os animais, os homens têm reações de imobilização diante de situações ameaçadoras. O estudo foi realizado com estudantes do sexo masculino da Faculdade de Educação Física, que ficaram de pé sobre uma plataforma de força (instrumento que mede as oscilações corporais). Diante das imagens negativas, os homens ficaram imóveis e os batimentos cardíacos mais lentos. Comparativamente, em momentos de ameaça e antes da fuga, a bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos) e o freezing (imobilidade) são reações freqüentemente encontradas em animais.

Cláudia Jurberg- Assessora de imprensa do Instituto de Biofísica.
Telefone de contato: 2562-6780