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Memória

Ministro da Defesa pelos direitos humanos

Ministro da Defesa em palestra pelos direitos humanos

agencia1053T.jpgA UFRJ não pára de promover grandes debates. Depois da vinda do Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi a vez do Ministro da Defesa, José Viegas Filho, proferir, no último dia 15 de março, no campus da Praia Vermelha, uma palestra sobre “As forças armadas e os direitos humanos no Brasil”. Pela primeira vez na história um Ministro de Defesa participou de uma palestra na UFRJ.
O evento foi realizado no Salão Pedro Calmon no Forum de Ciência e Cultura da Universidade. Estavam presentes, o reitor da UFRJ, Aloisio Teixeira, a Decana do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, professora Suely Souza de Almeida, o Coordenador do Forum de Ciência e Cultura, professor Carlos Tanus e a representante do Movimento Humanos Direitos, Camila Pitanga.
O Ministro abordou a importância da ampliação da cobertura dos direitos humanos. Esse movimento de expansão conceitual conduziu os resultados da conferência mundial realizada em Viena com 171 países que se comprometeram na divulgação deste conceito, tratando dos direitos humanos como indissociáveis dos direitos econômicos e sociais, tendo
o Brasil atuado de forma decisiva para que este entendimento fosse alcançado.
O Ministro ainda debateu a relação desses direitos com as forças armadas responsável por
garantir a segurança nacional na historia da nossa retomada democrática. As forças armadas revelaram-se prontas e maduras para uma perfeita integração e pleno respeito as seus deveres constitucionais. O Brasil foi capaz de adotar diversos mecanismos em defesa dos direitos humanos como a criação da secretaria nacional dos direitos humanos.
De acordo com o Ministro, o compromisso pleno e vigente das forças armadas com os direitos humanos não se esgota em seu respeito à constituição, pois se orienta de um conjunto de valores de respeito à pessoa humana e citou alguns projetos que vêm sendo desenvolvidos como o Projeto Soldado-cidadão contribuindo no aperfeiçoamento dos jovens, abrindo perspectivas de inserção no mercado de trabalho e conscientização dos seus direitos e deveres, o Projeto Força do Esporte que coloca à disposição das comunidades em áreas carentes e de risco as suas instalações parar atividades esportivas voltadas para inclusão social e ainda a colaboração das Forças Armadas com o Programa Fome Zero, na estocagem e distribuição de alimentos, além da abertura de cisternas no semi-árido.
Assim, Viegas ressaltou a importância de se reconstruir a relação de confiança abalada no passado, lembrando por exemplo, da Revolta do Araguaia, visando a nossa união no futuro,
Segundo o Ministro, é necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre a conveniência para o país de não fazer sangrar os feridos do passado e a necessidade de manter viva a memória de fatos que não desejamos que se repitam, reiterando os esforços do governo para localizar as ossadas nessa região.
Ao final de sua exposição foi aberto um espaço para perguntas, surgindo questões e depoimentos emocionados relativos à questão do Araguaia. Familiares de vítimas perguntavam sobre as ossadas e sobre a documentação que foi destruída pelas forças armadas com base em decreto em vigor na época, agora já revogado.
O Reitor Aloisio Teixeira encerrou a cerimônia mostrando-se solidário aos parentes das vítimas, contudo concluiu que a questão das forças armadas no Brasil não se limita ao esclarecimento destes casos. “É preciso que saibamos reconhecer o processo de reconstrução democrática das forças armadas e de sua reinserção na sociedade civil brasileira.”