Categorias
Memória

Atenção na Propaganda de Medicamentos

Para quem tem o costume de se automedicar por achar que alguns medicamentos não têm contra-indicação ou são ditos naturais, deve-se ter o cuidado com a mensagem de propaganda vinculada nos diversos meios de comunicação.

agencia884T.jpgPara quem tem o costume de se automedicar por achar que alguns medicamentos não têm contra-indicação ou são ditos naturais, deve-se ter o cuidado com a mensagem de propaganda vinculada nos diversos meios de comunicação.
No último dia 21, aconteceu o Seminário “A Propaganda de Medicamentos e a Qualidade da Informação Direcionadas aos Profissionais de Saúde” no Hospital Clementino Fraga Filho (HU), da UFRJ. Durante o seminário foi apresentado o resultado do Projeto de Monitoramento de Propaganda e Publicidade de Medicamento que professores e alunos da Faculdade de Farmácia desenvolveram durante dois anos.
Esse projeto é de âmbito nacional, sendo patrocinado pelo Ministério da Saúde, através da Anvisa -Agência Nacional de Vigilância Sanitária – que envolve 14 universidades em todo país.
Participaram do evento o Decano do CCS, prof. João Ferreira da Silva; o gerente geral de inspeção e controle de medicamentos e produtos da Anvisa, Dr. Antônio Carlos da Costa e o coordenador do Projeto de Monitoramento, o prof. Eliezer Barreiro.
Segundo o prof. Eliezer, a propaganda deve ser direcionada aos profissionais da área da saúde, com a difusão do medicamento feita através do médico. Porém, muitas propagandas são dirigidas ao público em geral, o que induz ao automedicamento. Além disso, tais propagandas nem sempre contêm informações exatas e verdadeiras, violando pelo menos um dos artigos da RDC no. 102/2000 da Anvisa.
A gerente de controle e fiscalização de medicamentos e produtos da Anvisa, Dra. Maria José Delgado, afirmou em sua palestra que a política nacional de medicamentos tem como propósito garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade destes medicamentos, ao acompanhar e analisar o teor das mensagens e sua divulgação em diferentes veículos.
“A propaganda no Brasil não é boa, principalmente na área da saúde. Na verdade, o próprio setor público e a sociedade é que permitiram esse tipo de propaganda enganosa”, completou a doutora. A Anvisa vem adotando medidas corretivas pertinentes para manter a segurança e a defesa da saúde da população.
Esse projeto é pioneiro no país, já que a legislação atual não prevê investigação para esse tipo de propaganda. Para o professor Eliezer, trata-se de uma oportunidade estratégica visando oferecer maior capacitação aos alunos de Farmácia, ou seja, “abrindo novas janelas de formação para os nossos alunos, ampliando o campo de trabalho”.
Na UFRJ, o programa de monitoramento conta com a participação de oito bolsistas de graduação da Faculdade de Farmácia, todos coordenados pelos professores Eliezer, Hélio de Mattos e Lidia Moreira, e ainda conta com a colaboração da farmacêutica Fulvia Maria do HU.
A aluna Alexandra Pedinotti mostrou, durante sua apresentação, os dados obtidos no projeto de monitoramento. Foram mais de 500 programas captados e 102 analisados, constatando irregularidade em 87% deles. Dentre as infrações mais freqüentes, mensagens do tipo “ Aprovado” e “Recomendado”, sem efetivo respaldo médico, aparecem constantemente, além de não constarem advertências para contra-indicações.
Outro resultado importante é o dado do Sistema Nacional de Informação Toxicológica da Fiocruz “que demonstra que há sete anos os medicamentos passaram a ser o principal agente de intoxicação humana registrado pelo SUS, à frente dos agrotóxicos, pesticidas e animais peçonhentos”, segundo Alexandra.
Para que todos esses resultados não fiquem apenas no papel, estão sendo desenvolvidos trabalhos educativos voltados aos profissionais da saúde e também para toda sociedade. O intuito é de informar o perigo que o uso errado de certos medicamentos, sem acompanhamento médico ou farmacêutico, pode ocasionar na população. “Informar e conscientizar é a melhor forma de ajudar”, completou a aluna Alexandra Pedinotti.