Numa cerimônia marcada pela presença de autoridades políticas – tais como o Ministro de Estado do Controle e da Transparência, Waldir Pires; os Deputados Federais, Jandira Feghali e Chico Alencar; o Vereador Fernando Gusmão; além do ex-reitor da UFRJ e presidente do BNDES, Carlos Lessa –, o professor Aloísio Teixeira foi investido no cargo de reitor pelo professor Olínio Gomes Paschoal Coelho, integrante mais antigo do Conselho Universitário. Por sua vez, o reitor investiu a professora Sylvia Vargas no cargo de vice-reitora.
Após a execução do Hino Nacional pelo Coral Brasil Ensemble, regido pela professora Maria José Chevitarese da Escola de Música da UFRJ, a professora Maria Yeda Linhares, uma das mais antigas professoras eméritas da Universidade, abriu a solenidade destacando que o ingresso de Aloísio como novo reitor trará “novos tempos de concretização de esperanças que se forjaram em outros tempos e se desfizeram ao longo dos últimos anos de desamparo aos quais esta casa foi delegada”.
Quebrando o protocolo, o reitor deu a palavra ao Ministro Waldir Pires que se emocionou ao lembrar dos momentos difíceis da ditadura militar, vividos por ele tendo como cenário a Casa do Estudante: “o que vejo neste espetáculo e nesse ambiente, que atravessou tantas gerações, é o simbolismo de reencontro com meu país, na hora em que esperávamos recompor os caminhos, recompor um país livre, justo”.
Aproveitando a presença do ministro, alguns professores e alunos surpreenderam a todos cantando refrãos que exaltavam sua revolta em relação ao projeto de Reforma da Previdência. Nesse momento, Aloísio demonstrou afeição democrática ao abrir espaço para os manifestantes, entre eles representantes da Adufrj, do DCE e da UNE.
Em seu discurso já como vice-reitora, a professora Sylvia manifestou em público seu sentimento de gratidão pela nomeação a seu cargo: “sou grata ao reitor Aloísio Teixeira, que me honrou com sua confiança e me permitiu viver momentos inesquecíveis de minha carreira universitária”. Mas o que marcou a fala da primeira mulher a ocupar, formalmente, um cargo de tanta projeção na hierarquia da universidade foi o momento em que ela se disse herdeira das excepcionais mulheres que participaram da construção do patrimônio científico e cultural do Brasil.
Para fechar a solenidade, o novo reitor Aloísio Teixeira fez o seu discurso, momento que aproveitou para esclarecer que não é uma pessoa de guardar rancores: “Jamais na minha vida me senti vítima de qualquer injustiça. Se fui preso e torturado é porque havia uma ditadura no país, e eu era opositor radical a ela. Acho que me sentiria vítima se não me houvessem perseguido naquela época. Lembro dessas histórias não para reabrir feridas, mas para fechá-las definitivamente”. Além disso, três foram os compromissos assumidos por ele perante a universidade. O primeiro, de ordem pessoal, foi de permanecer fiel aos mesmos ideais pelos quais lutou ao longo de sua vida. O segundo, ele chamou de compromisso da cidadania, de continuar a luta pela transformação social do país. “Como cidadão, como economista e como professor, continuarei a lutar pela redefinição dos fundamentos da política econômica”, enfatizou o novo reitor.
O terceiro e mais importante compromisso firmado por Aloísio foi o relacionado com a UFRJ, no qual foi possível perceber já algumas metas que estarão sendo alcançadas ao longo de sua gestão à frente da maior universidade do Brasil: “E são o otimismo com que encaro o presente e a certeza de que a união que estamos construindo é a mais forte da história de nossa universidade — porque fundada em um projeto positivo de mudança — que me animam a dizer que os cinco anos transcorridos não foram de espera, mas o tempo de maturação para que pudesse viver, junto com a Universidade, a grande mudança que iremos realizar”, destacou o professor. Ele também indicou que a principal direção de mudança a ser tomada será a caminho da autonomia universitária entendida não como uma demanda corporativa, mas como a única forma de organização em que a casa dos saberes pode existir. E enfatizou o objetivo de expandir a graduação, ampliar a oferta de cursos e democratizar o acesso ao ensino superior, mas também, envolver-se num grande debate nacional, renovando as políticas públicas, em particular a educação fundamental, de modo a inserir a universidade no esforço de superação do atraso da desigualdade e finalmente, participando intensamente da vida social, em particular, das comunidades que faz fronteira, com elas convivendo e abrindo as suas portas para o conhecimento que geram e da qual a universidade não pode permanecer distante.
Porém, o ponto que Aloísio Teixeira fez questão de dar ênfase foi o da impossibilidade de haver universidade se não houver um projeto nacional e, ao mesmo tempo, não pode haver projeto nacional sem a existência de uma verdadeira Universidade, produtora e difusora de conhecimentos e espaço crítico de pensamentos sobre a realidade do país: “A Universidade Federal não quer apenas ser parte deste projeto. Ela quer integrar o conjunto ativo dos sujeitos do processo de mudança. E, tendo vivido várias vidas em uma única existência, retorno hoje ao espaço de luta em que comecei, para realizar a unidade de todas essas vidas. Pode ser que, mais uma vez, ao final da caminhada não nos espere a vitória. Não faz mal. Mas nunca poderão nos acusar de ter recusado a boa luta. Porque esta é a nossa tarefa”, completou o novo reitor.
Fotos da Posse: http://www.ufrj.br/possedoreitor/
Íntegra do discurso do Prof. Aloísio: PDF
Íntegra do discurso da Profa. Sylvia: PDF
Comissão Organizadora do Evento: PDF