Nesta semana, ocorrências relacionadas à segurança pública em nosso campus da Ilha do Fundão causaram uma justa indignação da nossa comunidade, particularmente àqueles que participam das atividades acadêmicas noturnas.
Por outro lado, boatos de que a segurança de todos estaria ameaçada por conta de supostos ataques de quadrilhas na Ilha do Governador trouxeram momentos de intranqüilidade a todos.
Mesmo quando fruto de boas intenções e legítimas preocupações com a preservação da integridade física dos integrantes de nossa comunidade, esse tipo de boato, espalhado de maneira nem sempre responsável, provoca reações de apreensão e pânico que refletem o clima de insegurança que se vive hoje em nossa cidade.
Diante desta situação que vem se reproduzindo com inquietante regularidade, o Reitor Sérgio Fracalanzza vem convidar a comunidade universitária a uma reflexão.
“Cabe lembrar a todos, professores, estudantes e servidores técnico-administrativos, que os problemas de segurança que enfrentamos na Universidade não são diferentes daqueles enfrentados em nosso quotidiano na cidade do Rio de Janeiro. Seria ingenuidade acreditar que nossa Universidade, nossos campi, pudessem constituir universos isolados, à margem da cidade e imunes aos graves problemas que esta enfrenta. Acreditar numa solução no âmbito estritamente universitário, para um problema cujas raízes e dimensões em muito nos ultrapassam, é enganoso. Prometer qualquer solução milagrosa, que nos conduzisse a um tão impossível quanto assustador campus de segurança máxima é, no mínimo, irresponsável. A UFRJ vem contribuindo, de forma expressiva, no estudo das questões sociais relacionadas aos problemas de segurança. Com a participação de alguns docentes e técnicos, a universidade cumpre seu papel, participando de seminários e grupos de trabalho juntamente com autorididades e especialistas dos governos estadual e federal.
Na condição de dirigente máximo da UFRJ, lembro o nosso compromisso com a defesa do espaço público, lugar por excelência da convivência civil e da cidadania. Não podemos deixar que este espaço seja colocado em risco pela violência, seja das quadrilhas ou dos boatos irresponsáveis. Preservar a continuidade de nossas atividades, assegurando a vida e a convivência acadêmicas constituem, hoje, um ato de resistência e de compromisso com a defesa da civilidade e da cidadania. Por isto mesmo, deixo claro que em nenhuma circunstância, a não ser em caso iminente de risco de vida ou agressão, deverão as atividades acadêmicas serem interrompidas e, mesmo nesse caso, com a devida autorização das autoridades superiores da Universidade.
Quero finalmente esclarecer que, apesar de nossas limitações, uma vez que não cabe à Universidade poder de polícia, temos atuado junto às autoridades competentes para que estas assegurem à UFRJ as condições de segurança que devem garantir a tranqüilidade indispensável ao bom andamento de nossas atividades.
Assim, a Polícia Federal instalará um posto avançado na Cidade Universitária e nos prestará assessoria técnica para a definição de um projeto de segurança que terá, também, a participação efetiva da Polícia Militar, através do 17º Batalhão; do Setor de Vigilância da Prefeitura Universitária e provavelmente da Guarda Municipal. Além disso, um destacamento do Corpo de Bombeiros será implantado na área próxima ao Alojamento Estudantil, em convênio com a Secretaria Estadual de Defesa Civil. Outras ações indiretas que contribuem com a segurança, como melhoria da iluminação pública e do sistema de transporte urbano estão sendo implantados em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Vivemos tempos difíceis. É neste tempo que precisamos, mais do que nunca, do senso de responsabilidade e coesão para preservamo-nos enquanto espaço que não se rende à chantagem da violência. É também nestes tempos que esperamos que as autoridades municipais, estaduais e federais cumpram seu papel, oferecendo-nos a segurança de que depende a vida universitária”.