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Luminol para a Polícia Militar

UFRJ fornece à Polícia Militar substância que ajuda a solucionar homicídios.O Instituto de Química iniciou um projeto de pesquisa visando o estabelecimento de um convênio com a Polícia Militar para o fornecimento da substância Luminol, que ajuda na elucidação de crimes de homicídio.

O Instituto de Química da UFRJ iniciou um projeto de pesquisa visando o estabelecimento de um convênio com a Polícia Militar para o fornecimento da substância Luminol, que ajuda na elucidação de crimes de homicídio. A mesma substância já vinha sendo fornecida há dois meses para a Polícia Civil. O Luminol detecta a presença de manchas de sangue até em lugares que tenham sido lavados com produtos de limpeza usuais, sendo oferecido para a Polícia por cerca de dez vezes menos o preço cobrado pelos outros fabricantes, em sua totalidade indústrias transnacionais.
O documento de intenções foi assinado na segunda-feira, dia 9, pelo tenente-coronel Luis Valdemar Vieira, chefe do Centro de Criminalística da PM. Entretanto, o Luminol será utilizado apenas em crimes militares, os quais são de responsabilidade da PM. Já os crimes comuns são investigados pela Polícia Civil. Esta substância é usada pelas mais diversas agências de investigações criminais do mundo, entre elas o FBI.
Enquanto no mercado o kit com Luminol chega a custar R$ 3 mil, a UFRJ planeja cobrar apenas R$ 200 por unidade. O dinheiro obtido com a venda servirá somente para a fabricação do produto e a manutenção das atividades de pesquisa do Laboratório de Análises e Sínteses de Produtos Estratégicos (LASAPE) do Departamento de Química Analítica, onde o Luminol é fabricado e formulado. Porém, atualmente a substância está sendo fornecida gratuitamente para a Secretaria de Segurança Pública. Após passar por essa avaliação, deve ser feito um convênio para o fornecimento da substância ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli da Polícia Civil e ao Centro de Criminalística da PM.
O Luminol é um reagente de quimioluminescência que, em decorrência de uma reação química, produz uma radiação permitindo descobrir se em determinado local há traços de sangue humano, até na proporção de 1:1.000.000.000, mesmo em locais com azulejos, pisos cerâmicos ou de madeira, os quais tenham sido lavados. A eficácia do produto é tão grande que é possível a detecção de sangue mesmo que já tenham se passado seis anos da ocorrência do crime. A reação química produzida não afeta a cadeia de DNA, permitindo o reconhecimento dos criminosos ou das vítimas. “Se na época do assassinato do jornalista Tim Lopes a polícia brasileira já utilizasse o Luminol, o trabalho dos peritos seria facilitado para descobrir o local do crime e fazer o reconhecimento do corpo da vítima”, afirma Cláudio Lopes, coordenador do projeto de síntese do Luminol na UFRJ.
Recentemente, o projeto de síntese do Luminol e sua aplicação em Química Forense desenvolvido no LASAPE recebeu menção honrosa na XXIV Jornada de Iniciação Científica da UFRJ, homenageando o trabalho dos professores Cláudio Lopes, Rosangela Lopes e Jari Cardoso, da pós-doutoranda Jaqueline Alves e da estudante do curso de Química-UFRJ Letícia Gomes, a qual realizou na bancada todas as etapas de preparação deste importante reagente.
Atualmente, o grupo de pesquisa está desenvolvendo no LASAPE a síntese e o desenvolvimento analítico de novos derivados oxigenados do Luminol com o apoio financeiro da Faperj.