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HU trata miomas sem intervenção cirúrgica

O Hospital Universitário da UFRJ realiza, desde julho de 2000, um tratamento de embolização arterial uterina, permitindo tratar miomas de forma a conservar o útero. O risco de complicações é inferior ao dos procedimentos cirúrgicos mais invasivos, e com um custo menor para o sistema de saúde.

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ realiza, desde julho de 2000, um tratamento de embolização arterial uterina, permitindo tratar miomas de forma a conservar o útero. O risco de complicações é inferior ao dos procedimentos cirúrgicos mais invasivos, e com um custo menor para o sistema de saúde. “Este é, sem dúvida, um grande progresso no exercício da Ginecologia, com o ganho adicional de promover discussões e reflexões mais profundas sobre a realização de histerectomias nem sempre necessárias”, afirma a dra. Juraci Ghiaroni, do Serviço de Ginecologia do HU e professora assistente de Ginecologia da UFRJ, responsável por esse estudo no Hospital.

O procedimento deve ser realizado em ambiente cirúrgico, com a paciente anestesiada. A partir daí faz-se uma punção na artéria femural que através de um cateter, vai até a artéria uterina que a emboliza com uma substância que obstruí o fluxo sanguíneo dos miomas, diminuindo-os de tamanho em media 50%. A paciente recebe alta após 24 horas. Cerca de 60 mulheres já foram beneficiadas com esse tipo de tratamento.

Apesar da procura pelo novo método ter crescido muito – já que o Hospital Universitário é o único da rede pública a utilizar essa técnica – não são todas as mulheres que podem ser embolizadas. O tratamento não é recomendado para quem quer ter filhos, segundo a dra. Juraci, a mulher não fica estéril, mas cerca de 2%, deixam de menstruar. “Acreditamos, hoje, que todos os tipos de mioma respondem bem a esse tratamento, mas o maior impacto é, sem dúvida, na diminuição do fluxo menstrual. Nas mulheres que têm mioma que causa sangramento uterino anormal, volumoso, de difícil controle, afastada a possibilidade de patologia endometrial, a melhora é imediata, no primeiro ciclo após o procedimento. A primeira menstruação logo depois da emobilzação diminui muito o fluxo e as mulheres ficam muito satisfeitas”.

Nos miomas muito volumosos, subserosos, que deformam o abdome, embora se consiga a redução de volume, a paciente pode ficar insatisfeita , pois o volume abdominal persiste aumentado. Mesmo assim, é possível uma cirurgia conservadora. Para a dra. Juraci, o bem maior dessa nova técnica é divulgar que nem todas as mulheres que têm mioma, têm necessariamente que tirar o útero. “A procura por esse tratamento cresceu muito devido ao grande número de mulheres que escutam dos médicos que elas têm que tirar o útero. Só que na grande maioria é possível operar, tirar os miomas e deixar o útero. Ao lado de muitas mulheres que indiquei a embolização, muitas foram levadas a cirurgia conservadora, com retirada apenas do mioma”.