A Superintendência Geral de Patrimônio e Finanças da UFRJ está levantando perdas e danos causados pelos três cortes de energia realizados pela Light na Ilha do Fundão e na Praia Vermelha desde a manhã de segunda -feira, dia 5. Na reunião realizada em Brasília na terça-feira, representantes da Light se opuseram à UFRJ, alegando, inclusive, que a empresa deveria ser ressarcida pela universidade por pretensos “danos à rede religada à sua revelia”. A Comissão de Energia da Assembléia Legislativa convidou o reitor da UFRJ, Carlos Lessa, para uma audiência pública nesta quinta, dia oito, às 15h, onde o presidente da Light foi convocado a prestar esclarecimentos sobre o corte.
Em ofício enviado à Light na tarde de terça, 06 de agosto, o Superintendente Geral de Patrimônio e Finanças da UFRJ André Esteves afirma que os órgãos competentes da UFRJ já estariam sendo mobilizados para apurar, com a maior presteza possível, os prejuízos impostos pelo fornecedor de energia elétrica ao patrimônio público. Desde a manhã de quarta, técnicos e professores de diversas unidades estão levantando prejuízos causados pela interrupção em ambos campi, para produzir um relatório geral que sirva de base a um acionamento judicial.
Na Faculdade de Arquitetura, além do adiamento das pesquisas programadas, a conferência “Estruturas em Aço”, agendada desde o ano passado com a Companhia Siderúrgica Nacional, precisou ser cancelada. Nas Belas Artes, cerca de mil alunos interromperam as aulas por falta de iluminação adequada. Dos cerca de 2500 alunos de pós e de graduação nas duas faculdades, pelo menos 1400 ficaram sem aula, mesmo com os esforços de professores e funcionários para tentar manter a rotina acadêmica. Apesar dos constrangimentos sofridos pelas pessoas presas em elevadores, o laudo técnico dos funcionários da administração do prédio da reitoria deu conta de que não houve dano material aos motores dos cinco aparelhos.
No Campus da Praia Vermelha a situação foi ainda mais complicada. O decano do Centro de Ciências da Saúde, João Ferreira da Silva Filho, em relatório encaminhado ao reitor, deu conta de que todos os 40 exames que estavam sendo realizados em laboratórios tanto do Instituto de Psiquiatria quanto do Instituto de Neurologia foram perdidos, e terão de ser recoletados. Além da suspensão de duas cirurgias neurológicas e de todo o movimento ambulatorial, o decano afirmou que “a remarcação de exames e consultas implica sobrecarga de trabalho, prejuízo no aprendizado e desgaste na relação terapeuta/paciente” e que a concessionária deveria “ressarciar não apenas à UFRJ, mas sobretudo a pacientes e familiares estupidamente prejudicados”. A Ligth não esclareceu como pôde ter cortado o fornececimento do local sem prévio conhecimento de que havia dois hospitais-escola funcionando. Só na Psquiatrtia, cerca de 100 doentes mentais que circulam pelo Hospital Dia foram diretamente afetados.
Ainda na Praia Vermelha, a decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas encaminhou ao Sub-Reitor de Patrimônio e Finanças, Oscar Acselrad, uma relação de perdas materiais: o backup do servidor do órgão – que concentra informações de várias unidades dentro e fora daquele campus – e um no-break foram queimados. A sobrecarga inutilizou ainda uma fonte de 300W, dois pentes de memória e um No Break.
No prédio das Faculdades de Administração e Ciências Contábeis e de Economia, 1900 alunos ficaram sem aulas, sobretudo no turno da noite. A I Semana do Administrador, realizada pela unidade reunindo palestrantes e público internos e externos, teve de ser transferida para o sexto andar do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, onde havia energia.
No gabinete de Carlos Lessa, reitor, uma fonte de 300w também foi perdida.