Neste dia 25/7, em que se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o Conexão UFRJ traz uma conversa com a superintendente-geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade. À frente da Sgaada, Denise Góes é técnico-administrativa da Universidade com mais de 30 anos de militância no movimento negro. Construiu a maior parte da sua vida profissional na UFRJ em defesa de uma estrutura universitária mais equânime, tanto com sua passagem pelo sindicato da UFRJ, quanto com sua atuação intensa na formação da antiga Câmara de Políticas Raciais, que levou à criação da Sgaada.
Poderia contar um pouco da sua trajetória na UFRJ até se tornar superintendente da Sgaada?
Como militante do Movimento Negro Unificado, prezo pela organização e formação. Esses dois elementos combinados permitem alavancar nossa trajetória dentro dos espaços onde atuamos. A Sgaada foi uma construção de base, construída pela Câmara de Políticas Raciais, que deu outro tom à pauta racial na Universidade. Então, a Superintendência representa este movimento organizado que se preocupa com a formação, sempre em unidade com os movimentos sociais internos e externos.
Como tem sido estar à frente dos movimentos sociais da Universidade há tantos anos?
É uma luta diária estar à frente dos movimentos sociais, à frente de uma estrutura ainda racista e elitista, mas ocupar espaço de elaboração e decisão tem beneficiado nossa ação.
Você acha que a sua realidade enquanto uma mulher negra foi um dos fatores que a fizeram seguir lutando por transformações estruturais?
Minha realidade como população negra sempre foi um fator importantíssimo em minha trajetória de luta. Ser mulher, negra e trabalhadora só potencializa a necessidade de estar na busca por transformações estruturais que atenuem as imensas desigualdades raciais, de classe e gênero.
Para você, por que é relevante ter uma data para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha? E quais as ações da Sgaada para este ano?
Esta data traz para o centro da discussão as pautas que envolvem as mulheres negras que fazem parte do grupo mais vulnerável da sociedade brasileira. A luta e a resistência do povo escravizado sempre contaram com a presença de comando de muitas mulheres negras no front. Trazer a força de Tereza de Benguela, líder do Quilombo do Quariterê, neste dia nos retroalimenta em nossas imensas possibilidades. Estaremos participando de atividades representando a Sgaada em alguns espaços.
A implementação da Sgaada tem colaborado para uma melhoria no cotidiano de mulheres negras na Universidade. Como esse movimento tem se desenvolvido dia após dia e quais ações você poderia destacar nesse sentido?
A implementação da Sgaada, que tem duas mulheres negras em sua Direção, traz uma representatividade ímpar em uma estrutura carente desse lugar de poder. É importante nos vermos nesse lugar e cada vez mais impulsionarmos para sairmos da zona de conforto e tomarmos as rédeas de nossa atuação na busca por uma universidade plural que traduza nossas necessidades. Mas isso só será possível com nossa presença; nada mais sobre nós, sem nossa presença.
O que você teria a dizer para as mulheres negras da comunidade UFRJ e de fora dela neste dia?
Eu diria: “Não permita que a luta e o desejo de mudança acabem em você, não se cale, não se esconda, enfrente, se exponha!”



