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Complexo Hospitalar e da Saúde promove curso de capacitação em Sustentabilidade Ambiental

Nos dias 14 e 28/3 e 4/4, foi realizado o curso de capacitação em Sustentabilidade Ambiental na Gestão e Atenção à Saúde, com abordagem de temas voltados para questões ambientais, como mudanças climáticas e eventos extremos, e gestão hospitalar. O curso teve como objetivo a qualificação de profissionais da área em relação aos atuais desafios ambientais, que promovem efeitos significativos na saúde e qualidade de vida da população. 

Promovida pelo Complexo Hospitalar e da Saúde (CHS/UFRJ), em parceria com o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde e o Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Universidade, a iniciativa está alinhada à Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (SER) da UFRJ, ao contribuir para a ambientação curricular da sustentabilidade na formação de profissionais da saúde e integrar ensino, pesquisa, extensão e gestão.

Segundo Clarice Rodrigues, coordenadora de Atenção à Saúde do CHS/UFRJ, existe uma lacuna na formação acadêmica de profissionais de saúde, principalmente quanto a assuntos voltados ao meio ambiente. “O objetivo do curso é colaborar para a superação dessa lacuna na formação desses profissionais, para que eles se formem líderes com capacidade de reflexão crítica para o enfrentamento dos desafios contemporâneos, especialmente no que se refere àqueles relacionados às mudanças climáticas”, contou. 

Sustentabilidade na matriz curricular 

As 30 horas de formação híbrida foram destinadas aos alunos de pós-graduação do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde e do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da UFRJ, além de profissionais das unidades de saúde do CHS e atuantes da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Carla Araújo, vice-coordenadora do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Maternidade Escola (ME/UFRJ), comenta que a participação das residentes no curso foi de grande relevância. “O conteúdo é vanguardista e será utilizado no desenvolvimento de atividades nas maternidades do Rio de Janeiro, onde atuam”, disse. 

Já Maria Luísa Teixeira, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional da UFRJ, disse que “a incorporação do curso no projeto pedagógico do Programa de Residência Multiprofissional do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) coloca os residentes das áreas de enfermagem, farmácia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição, psicologia, serviço social e terapia ocupacional em condições de refletir e atuar de modo qualificado nas questões referentes aos desafios ambientais que interferem na saúde da população”.

Com a presença de professores de diversos departamentos da UFRJ, o curso contou com aulas de temáticas voltadas para a gestão hospitalar e sustentabilidade. Estes foram alguns dos temas abordados: a poluição e mudanças climáticas e seus impactos na saúde das populações, com a professora Carmen Froes; o Plano de Gerenciamento de Resíduos em Saúde, com a professora Patricia Floriano; a gestão ambiental nos serviços de saúde, com o professor Javier Rodriguez, entre outros temas. Integrante da Coordenação SER/UFRJ, a professora Susanne Hoffmann também ministrou uma aula sobre o Plano de Logística Sustentável (PLS) e a SER/UFRJ. “Precisamos de um letramento ambiental para incluir a população em geral no combate às crises ambientais, e não somente os engenheiros ambientais”, comentou Susanne ao enfatizar a importância da realização do curso. 

“Na UFRJ, esse trabalho [de letramento ambiental] ainda está incipiente e a iniciativa do curso na Gestão Hospitalar atende exatamente essa nova demanda do letramento ambiental. Na minha aula, foquei na gestão ambiental da nossa Universidade, para enfatizar que sustentabilidade começa com o cuidar do nosso espaço e da nossa comunidade.”

A professora explicou que a ferramenta principal para a gestão ambiental é o PLS, um recurso elaborado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Segundo ela, a partir da apresentação dessas ferramentas na aula, foram discutidos pontos cruciais, como consumo de água, energia e geração de resíduos. “Não só na esfera das soluções tecnológicas, mas também das oportunidades de inovação social e mudança de paradigma para tornar o dia a dia da operação dessa instituição, que possui um corpo social de 70.000 pessoas, mais sustentável”, completou. 

Clarice comentou também que uma iniciativa como essa é importante para a UFRJ em diversos quesitos, mas principalmente no ano em que a Conferência das Partes (COP) da ONU será realizada aqui no Brasil, em Belém (PA), durante o mês de novembro. “Em virtude da realização da COP, a gente tem que ter uma estratégia na área da saúde. A UFRJ precisa liderar esse movimento a partir do complexo hospitalar. Porque este é o papel do complexo hospitalar também: fazer essa integração acadêmico-assistencial, pois as unidades de saúde da UFRJ existem, como primeira missão, para formar novos profissionais e também prestar assistência para a população. E o complexo hospitalar é aquele gestor que está ali articulando. Uma das suas funções é garantir essa articulação acadêmico-assistencial para que esse profissional saia formado com um alto nível de capacitação”, explicou. 

Formação ampliada

Formado em Serviço Social, João Victor Cardoso fez o curso pela Residência Multiprofissional do HUCFF/UFRJ. Segundo ele, no início das aulas, não tinha a dimensão da relação entre sustentabilidade e saúde. No entanto, com o decorrer do curso, foi entendendo não só a importância das ações de sustentabilidade em saúde que podem partir deles como profissionais, mas também da amplitude do tema ao pensar na saúde da comunidade como um todo. “Como isso reflete no agravamento das condições climáticas que temos presenciado ano após ano é algo muito sério. Saio do curso com uma bagagem nova e muito reflexiva, até mesmo sobre como o serviço social, que é minha área de formação, pode articular ações com profissionais de saúde e usuários na prática”, completou.

Já Ana Clara Ramilo, estudante de Psicologia na UFRJ, argumentou que seria incongruente não analisar e validar o impacto da crise climática e dos problemas ambientais na saúde, já que são ensinados a ter um olhar atento aos determinantes e condicionantes para a área como um todo. “O curso propiciou a reflexão sobre como ações em nossas respectivas áreas podem colaborar positivamente ou negativamente para o cenário em questão, possibilitando espaço para debates com profissionais excepcionais, que agregaram a teoria e a prática de modo acessível, crítico e atual. Considero crucial para a formação profissional e espero que haja edições futuras”, finalizou.