A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – empresa pública responsável por financiar e promover a inovação – celebraram na sexta-feira, 11/4, no Museu Nacional (MN), a assinatura de contrato para a execução de oito projetos da Universidade ligados à recuperação e preservação de acervos científicos, históricos e culturais. O investimento totaliza R$15,6 milhões.
Os recursos serão destinados a ações de preservação, documentação e digitalização do patrimônio da UFRJ. Entre os acervos e coleções contempladas – que incluem desde materiais geopaleontológico e provenientes de ecossistemas costeiros até publicações raras e objetos de arte –, três são do MN, que passa por obras de reconstrução.
“A missão do Museu Nacional resume muito bem a missão da UFRJ, que, antes e acima de tudo, é a de formar cidadãos. Em segundo lugar, a de produzir e difundir conhecimento, que ajudará a desenvolver social e economicamente o país. No atual momento histórico que estamos vivendo, temos como dever preservar e defender a ciência, a tecnologia, a inovação e a cultura”, destacou o reitor da instituição, Roberto Medronho. “Com a assinatura desse contrato, contribuiremos efetivamente, materialmente, para a reconstituição de parte da história do Brasil. Essa é uma conquista nossa, da comunidade científica, de quem faz e preserva ciência no Brasil”, afirmou o presidente da Finep, Celso Pansera.
De acordo com Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ – órgão que, em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), liderou a participação da Universidade no edital –, as iniciativas selecionadas reafirmam o compromisso com a preservação da memória e a difusão científica e cultural. “Não se trata apenas de conservar o que é raro ou antigo, mas de compreender que, sem memória, não há inovação; sem arquivo, não há política; sem ciência, não há democracia”, disse Ruta. “Preservar acervos não é apenas conservar objetos ou espécimes. É garantir que uma espécie descoberta não desapareça duas vezes: da natureza e da memória. É manter vivo o vínculo entre a ciência e a sociedade, entre a cultura e o país”, completou.

Para Paula Mello, coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação (Sibi) da UFRJ, que teve dois projetos contemplados pelo edital, a digitalização de itens raros dos acervos – como partituras de árias, uma restauração da Torá datada do século XIII e a coleção camoniana, com exemplares do século XVII – e de 33 mil teses e dissertações da coleção da Universidade garantirá maior acesso às informações pela sociedade, sem que haja comprometimento da integridade física das obras. “Quatorze bibliotecas da UFRJ serão beneficiadas com os investimentos. Esse aporte financeiro será fundamental, pois vai viabilizar ações que não conseguiríamos executar apenas com recursos próprios.”
Além da digitalização de itens dos acervos, também serão realizados investimentos na aquisição de equipamentos e materiais de consumo, na contratação de serviços especializados, na cobertura de despesas operacionais e administrativas, e adaptações de pequeno porte em espaços físicos já existentes, permitindo a continuidade e expansão das atividades acadêmicas.
Confira a lista de projetos contemplados em edital da Finep para a preservação de acervos:
Acervos científicos:
- Preservação, divulgação e restauração do acervo geopaleontológico resgatado e novo do Museu Nacional.
- Curadoria, digitalização e difusão dos acervos científicos biológicos do Museu Nacional.
- Futuro em Páginas: preservação, divulgação e acesso às coleções científicas bibliográficas da UFRJ (Sibi).
- Acervos em biodiversidade do Centro de Ciências da Saúde (CCS), com foco na Mata Atlântica e em ecossistemas costeiros do Rio de Janeiro.
Acervos históricos e culturais:
- Acervo histórico cultural da UFRJ: preservação e publicização de suas coleções raras e especiais (Sibi).
- Cooperação de preservação dos acervos da Escola de Belas Artes e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (EBA-FAU).
- Coleções acessíveis: digitalização e difusão das coleções histórico-culturais do Museu Nacional.
- Herança histórico-cultural em ciências da saúde: preservação e divulgação de acervos do CCS.