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Consuni e instituições científicas expressam apoio à professora Ligia Bahia

Docente é processada por Conselho Federal de Medicina ao criticar atuação do órgão durante a pandemia

O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou, nesta quarta-feira,  dia 5/2, moção de desagravo à professora titular do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (Nesc), Ligia Bahia. O apoio soma-se ao de outras instituições, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que também se posicionaram em defesa da pesquisadora.

A docente está sendo processada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por, em entrevista ao Instituto Conhecimento Liberta (ICL), criticar posições notoriamente públicas em veículos midiáticos de membros da diretoria da entidade em favor do uso de cloroquina,  contra a vacinação durante a pandemia de covid-19 e, em outro contexto, desfavoráveis à legislação que permite aborto em crianças vítimas de estupro.

“Os posicionamentos da docente da UFRJ expressam consensos científicos nacionais e internacionais, amplamente reconhecidos. O CFM, ao propor punição para a professora por ter reiterado a adoção de estratégias baseadas em evidências científicas, se afasta dos princípios de liberdade de expressão que caracterizam a vida universitária e as sociedades democráticas”, defende o texto do Consuni. Veja aqui a moção completa.

Ao longo da semana, outras instituições também defenderam Ligia Bahia. Em nota conjunta, a SBPC e a ABC manifestaram apoio à pesquisadora da UFRJ. “A SBPC e a ABC expressam sua firme solidariedade a Ligia Bahia, destacando sua trajetória exemplar na defesa da ciência e na luta incansável pela melhoria das condições de saúde da população brasileira”, afirma a nota assinada por Helena Nader e Renato Janine Ribeiro, presidentes da ABC e SBPC, respectivamente. A nota foi subescrita por mais de 50 entidades científicas.

A decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ também se manifestou em favor da professora. “A decania do CCS e suas unidades repudiam a posição do CFM e expressam total solidariedade à professora Ligia Bahia, reconhecendo sua dedicação à saúde pública e à ciência brasileira”, diz nota divulgada.

Outras instituições também manifestaram apoio à docente: a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), o Clube de Engenharia, o Observatório de Análise Política de Saúde (Oaps), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Adur-Rj), a Frente Pela Vida e a Rede Covida, entre outras.

Ligia Bahia é uma das mais respeitadas profissionais no campo da saúde pública no Brasil. Médica formada pela UFRJ, é mestre e doutora em saúde pública pela Fiocruz. Sua atuação tem sido em defesa do acesso ao direito à saúde, como membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

Por sua prolífica produção científica, é reconhecida como bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e cientista do estado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj).

Matéria atualizada em 6/2/2025.