O aniversário de 60 anos do golpe militar de 1964, que instaurou a ditadura militar no Brasil, foi um dos fatos que motivaram a equipe da Divisão de Arquivo Permanente (DAP), integrante do Sistema de Arquivos da UFRJ (Siarq), a organizarem a exposição O Arquivo Central nos anos de chumbo: recortes documentais da UFRJ durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Na exposição, é possível ter acesso ao acervo documental administrativo e histórico da UFRJ, custodiado no arquivo central da Universidade. Faixas, documentos e livros de atas do Conselho Universitário (Consuni) estão entre os materiais disponíveis.
A ditadura militar no Brasil foi uma época marcada pela censura, violência e assassinatos. Claudio Roberto Leite, diretor da DAP, destaca como a UFRJ foi atravessada pelo ciclo: “A UFRJ foi uma instituição que sofreu muito nesse longo período, onde ocorreram assassinatos, desaparecimentos e perseguições, além da intervenção por parte do governo ditatorial, que cerceou direitos e liberdades da comunidade acadêmica e, consequentemente, instaurou o terror por toda a organização”. Leite afirma também que a ideia da exposição surgiu a partir da necessidade de preservar a memória histórica e promover reflexão crítica sobre o período, contextualizando o golpe dentro da Universidade.
O processo de pesquisa da exposição baseou-se nas descrições arquivísticas da documentação custodiada no Arquivo Central da UFRJ. Ana Carolina Miotti, técnica administrativa, foi quem deu o pontapé inicial em todo o processo. A servidora, que além de arquivista na DAP, é historiadora de formação, conta um pouco sobre o trabalho realizado: “Como o acervo da DAP é composto por processos administrativos, em primeiro lugar, fez-se a pesquisa no sistema, considerando palavras-chave dentro dos assuntos no período em questão. Além disso, foram pesquisados documentos relacionados à temática em pauta que já haviam sido identificados em projetos anteriores, bem como os livros de atas do Conselho Universitário (Consuni) produzidos entre 1961 e 1967”.
A exposição também presta homenagem às 25 pessoas, entre alunos e professores da UFRJ, que perderam a vida ou que ainda estão desaparecidas, por causa da repressão no período da ditadura militar. Leite destaca que “trata-se de uma forma de relembrar os acontecimentos de 1964 para que jamais se repitam”.
Serviço: a exposição vai até 27/11/2024 e pode ser visitada de segunda a sexta, das 9 às 16h, no hall do Edifício Jorge Machado Moreira (JMM) – Av. Pedro Calmon, 550, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ.