A gestação é uma fase que exige muitos cuidados. O acompanhamento pré-natal é fundamental. Entre as atividades a serem realizadas estão exames de rotina e também o monitoramento do ganho de peso. Segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), do Ministério da Saúde, esse é um cuidado essencial na prevenção de obesidade, malformação do feto e outras complicações.
Para auxiliar as futuras mães a acompanhar o ganho de peso, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveram o PesoGestBr, um aplicativo que permite que gestantes brasileiras se monitorem de semana a semana. A ferramenta foi elaborada por Thais Rangel quando fazia doutorado no Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), da UFRJ.
O app é produto do projeto de novas curvas de ganho de peso gestacional, do professor Gilberto Kac, coordenador do Observatório de Epidemiologia Nutricional da Universidade, que pesquisa o assunto desde 2005.
A curva brasileira de monitoramento de peso gestacional
A curva de ganho de peso gestacional (GPG) é um instrumento criado pela equipe do observatório. Com base nos estudos coordenados por Kac, esse foi o primeiro sistema de monitoramento a estabelecer evidências científicas sobre a necessidade de reformulação da curva. Para ele, o sistema de avaliação utilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) era “bastante ultrapassado e permitia que a mãe ganhasse mais peso do que o normal”.
Kac conta que, em 2010, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho e resolveu financiar os estudos para uma nova curva. No entanto, a atualização ainda não funcionava de acordo com a realidade das mulheres do Brasil. Apenas em 2017, com novos investimentos do ministério, em conjunto com a fundação Bill & Melinda Gates, instituição sem fins lucrativos que financia pesquisas na área da saúde, o Consórcio de Nutrição Materno Infantil (Conmai) foi criado e permitiu a elaboração da curva brasileira a partir da junção de vários estudos nacionais.
Desde maio de 2022, os novos parâmetros foram implementados na caderneta de gestante. O professor também explica que a próxima fase do projeto é treinar os agentes de saúde para que as atualizações e o aplicativo passem a ser utilizados efetivamente pelo SUS até o ano que vem.
O app
O PesoGestBr foi pensado para ser instrumento do SUS a partir das novas recomendações e parâmetros. Além da nova curva, o aplicativo contém orientações básicas sobre alimentação e nutrição, que se baseiam no Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde. Entre as funcionalidades também estão o compartilhamento e a comparação de dados com amigos e alertas em caso de alterações, para que um médico seja consultado.
A ferramenta não substitui o acompanhamento pré-natal, mas permite que mulheres tenham mais independência no cuidado com a gravidez. Para Thais, o app veio a fim de empoderar e “permitir que todas que tenham uma balança em casa possam se monitorar e saber se o ganho de peso está adequado ou não”.
O PesoGestBr foi desenvolvido pela empresa Fasolti e patenteado pela Inova UFRJ, núcleo de inovação tecnológica que cuida de toda a parte burocrática e política das produções da Universidade. A idealizadora conta que o contrato de atualização do aplicativo está garantido até 2024. A expectativa da equipe é de que o Ministério da Saúde assuma essa responsabilidade de manutenção, que, segundo ela, envolve processos caros e que precisam ser feitos constantemente.