Para os três anos de gestão da atual reitoria, em julho, o Conexão UFRJ fez uma entrevista exclusiva com a reitora, Denise Pires de Carvalho. Devido à legislação do período de defeso eleitoral, só agora a entrevista está sendo liberada. No vídeo, Denise responde a questões relativas ao período da sua gestão à frente da maior universidade federal do país. Assista:
A pouco menos de um ano do fim do mandato, a primeira mulher eleita reitora da UFRJ destacou os ganhos até aqui, como o combate à fraude das cotas étnico-raciais como marca da gestão, por meio das comissões de heteroidentificação, as quais coibiram esse mecanismo de fraudes.
Além disso, segundo ela, houve avanços em outras áreas, como uma comissão que estuda as taxas de evasão e retenção nos diferentes cursos e centros, para garantir melhor a permanência estudantil, e a retomada do Programa Antonio Luiz Vianna, a fim de incentivar a pesquisa de jovens docentes e suas respectivas equipes.
Sob o ponto de vista administrativo, a gestão elaborou e aprovou a retomada do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFRJ, já em vigência, assim como a melhora em um planejamento mais institucional. Nas áreas de gestão e governança, foram criados comitês de ética e integridade e elaborados relatórios de gestão. O déficit orçamentário também reduziu, com contas mais bem equilibradas, mesmo com o investimento em grupos de pesquisa, ensino e extensão e na assistência estudantil. Houve ainda a retomada de obras e reformas, além da reconstrução do Museu Nacional, por meio do projeto Museu Nacional Vive.
Denise também destacou os desafios que têm pela frente, sobretudo relacionados à autonomia universitária, que não foi adequadamente regulamentada em governos anteriores. Para a reitora, é muito importante que os gestores das universidades públicas estejam unidos em torno desse projeto de regulamentação da autonomia universitária, não somente didático-científica, mas também de gestão financeira.
A questão orçamentária foi pontuada por Denise, que argumenta que o orçamento, a cada ano, vem sendo diminuído. “Não se pode ter autonomia de gestão financeira sem que tenhamos um orçamento garantido. Então, nós lutamos neste momento pelo retorno do orçamento, obviamente, com todos os ajustes, pelo menos pelo IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] ou pela inflação. Aquela verba que recebíamos em 2019, é isso que queremos no momento”, afirma Denise, que esclarece que ainda assim o orçamento não atende às reformas nos prédios tombados e à manutenção dos museus e laboratórios.
Oito meses após assumir a Reitoria, a gestão suspendeu as atividades acadêmicas, em decorrência da pandemia de covid-19. “Foi muito difícil, em primeiro lugar, tomar essa decisão de suspender as atividades presenciais, e nós pudemos fazer isso com muita serenidade, porque a gestão decidiu formar um grupo de trabalho de especialistas, antes do coronavírus chegar ao Brasil.” A UFRJ tomou uma série de decisões, tais como impedir que os retornantes viessem para o ambiente acadêmico, instituir uma quarentena produtiva, além de colocar seus especialistas a serviço da sociedade. As atividades assistenciais também continuaram e foram ampliadas, com atendimento nos hospitais universitários, além de áreas que não existiam antes. Para manter as atividades de ensino, foi estabelecido o retorno não presencial até que os estudantes pudessem retornar às atividades presenciais, com a vacinação do corpo social e acadêmico.
A Universidade, segundo Denise, também tem um bom desempenho nos rankings nacionais e internacionais, assim como nos administrativos, a exemplo dos de governança. “A UFRJ, em 2018, tinha um percentual de aproveitamento nesse índice que foi triplicado no ano passado. Então, entre 2018 e 2021, nós triplicamos nosso índice de aproveitamento, mostrando uma melhora importante nesse índice que compara as universidades. Nós éramos lanterninhas, infelizmente, nesse índice; uma questão de gestão mesmo, de preenchimento, de mostrar para a sociedade o que somos verdadeiramente como instituição pública”, disse.
Considerada por Denise uma das áreas mais importantes deste século, a internacionalização também teve mudanças, com uma política de redistribuição da área de internacionalização, que era uma Diretoria e passou a ser a Superintendência-Geral de Relações Internacionais, agora subdividida por grandes áreas geopolíticas.