Os impactos ambientais causados pela ação humana têm colocado o planeta em estado de alerta há alguns anos. Apenas nos três primeiros meses de 2022, 941km² foram desmatados na Amazônia brasileira, um recorde para o mesmo período histórico desde 2015, segundo dados do programa de vigilância Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Da mesma forma, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) informou, em relatório lançado em fevereiro, que as emissões globais médias de gases de efeito estufa atingiram os níveis mais altos da história.
Diante disso, ações que visem contornar essa situação e ajudar o meio ambiente têm sido necessárias e fortalecidas por grupos que enxergam a necessidade de realizar mudanças agora, e não apenas no futuro. É o caso de alguns projetos, disciplinas da pós-graduação e pesquisas do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. A mais recente iniciativa foi o curso “A chapa esquentou, cria!”, que tem como objetivo capacitar jovens que desejam atuar como líderes locais em temas relacionados à mudança climática.
Uma das jovens que tem se destacado na atuação socioambiental em sua comunidade é a estudante de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Lorena Froz. Moradora do Complexo da Maré e idealizadora da plataforma de comunicação e educação ambiental Faveleira, ela é uma das mediadoras do curso na turma focada no público de jovens da sua comunidade, a Maré. Para ela, ver a academia falando diretamente com uma comunidade periférica é mostrar que ela está se importando em informar efetivamente a população.
“Esse tema é muito elitizado ainda. De onde eu venho, a gente se pergunta o que a gente vai comer e não como está o clima. Mas as pessoas precisam entender que uma coisa está ligada à outra. E, justamente por ainda ser um tema elitizado, é importante que existam esses espaços: para que a periferia possa estar, para que a gente possa saber como isso nos atinge”, ressaltou Lorena.
O curso “A chapa esquentou, cria!” pretende abordar temas como ciência do clima, biodiversidade, a questão do impacto e adaptação nas florestas e oceanos, reflorestamento, racismo ambiental, justiça climática, questões sociais, entre outros. Em conversa com Tatiana Roque, a coordenadora do FCC reforçou que o envolvimento dos jovens no tema é de extrema relevância para uma efetiva transformação socioambiental e que eles, normalmente, têm se mostrado interessados: “São movimentos que engajam muito a juventude e é natural que seja assim, já que esses são os principais afetados pelas questões climáticas. (…) Achamos que seria bom tentarmos qualificar pessoas, que são agentes sociais, lideranças locais e jovens sobre esse tema para tentar aumentar a mobilização por essa questão tão urgente”, completou Tatiana.
Além do curso, o FCC também tem outras ações que tratam do meio ambiente, como o projeto Pacto Verde Carioca; um estudo sobre o projeto Hortas Cariocas, em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente; e prepara ainda para este ano uma exposição com grande programação para comemorar os 30 anos da ECO-92, primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, no ano de 1992.