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Descoberta de novas linhagens do vírus pode mudar luta contra pandemia

O Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ alertou sobre segunda onda de casos de COVID-19 em Macaé

Para aprimorar o protocolo de análise de amostras e a futura abordagem médica nos casos de COVID-19, pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem) da UFRJ sequenciaram 96 genomas do SARS-CoV-2 e identificaram circulando em Macaé quatro linhagens diferentes do vírus causador da doença. De acordo com o diretor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca, já é possível dizer que o município vive uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é de que as mutações possam alterar a evolução da doença, o índice de infecção e a letalidade. Inicialmente, a equipe do Nupem acreditava que apenas uma linhagem previamente descrita no Brasil (B.1.1.33) estivesse causando a COVID-19 no município.

A tecnologia de sequenciamento de genomas que utiliza nanoporos (Oxford Nanopore) foi desenvolvida e realizada de forma pioneira no Instituto por uma equipe formada por Bruno Rodrigues, Lupis Ribeiro, Manuela Leal, Felipe Sciammarella e por Fonseca, doutor em Genética e Genômica Funcional pela Universidade de Colônia, na Alemanha. Eles contaram com a colaboração do Instituto de Biologia da UFRJ, liderado pelos professores Amilcar Tanuri e Cristiano Lazoski.

Segundo o tecnólogo Bruno Rodrigues, em abril todos os genomas sequenciados eram da linhagem B.1.1.33, predominante no Brasil, enquanto no final de agosto 20% dos sequenciamentos eram da linhagem B.1, oriunda do surto italiano durante a primeira onda da pandemia, e que teve sua frequência gradualmente aumentada ao longo dos meses em Macaé. “Outras duas linhagens foram encontradas em menor proporção em maio e junho, não sendo encontradas posteriormente”, afirmou Rodrigues.

Nos próximos meses, esses dados serão estudados com mais detalhes. “Todo este trabalho de sequenciamento e acompanhamento da evolução das linhagens de SARS-CoV-2 permitirá compreender a dinâmica do estabelecimento de novas linhagens no município e analisar suas consequências para a pandemia, além de contribuir com a análise da eficácia das futuras vacinas”, relatou o diretor do Nupem, acrescentando que já foi possível identificar diversas mutações nas sequências de RNA dos vírus, assim como uma possível interação entre as proteínas deles e das células humanas.

Em etapa posterior, a professora Manuela Leal estudará o efeito dessas mutações, utilizando a bioinformática e modelagem molecular. De acordo com dados do Instituto, na equipe de diagnóstico molecular, coordenada pela professora Natália Martins Feitosa, em meados de novembro, 41% dos testes de pacientes sintomáticos tiveram resultados positivos para SARS CoV-2, enquanto no início de setembro apenas 9% dos diagnósticos eram positivos.

Foram analisadas as sequências completas de Sars-CoV-2 de pacientes positivos para COVID-19 de 60 bairros de Macaé. Para Lupis Ribeiro, as novas informações são importantes a fim de compreender as fases da pandemia e o aumento da taxa de positividade ao longo das semanas. O Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ, que atingiu a marca histórica de 10 mil testes moleculares da COVID-19 por meio da técnica conhecida como PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), alertou sobre segunda onda de casos.