Manter uma porta aberta para acolher quem precisa ser ouvido é o principal desafio da Seção de Apoio Psicossocial (Saps), vinculada à Coordenação de Políticas de Saúde dos Trabalhadores (CPST). Sem participar de ações específicas, a Saps é um polo de referência para docentes e servidores da UFRJ. A seção já se envolveu em campanhas como o Setembro Amarelo, participando de mesas-redondas e se apresentando à comunidade universitária, ressaltando, assim, o seu lugar na coordenação como espaço de escuta e acolhida.
A partir de um acordo de cooperação técnica, esse time se formou e hoje conta com servidores da coordenação e do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub/UFRJ). São 16 profissionais, entre assistentes sociais, enfermeiras, psicólogas, psiquiatras e profissionais técnicos de apoio. Eles dividem a carga horária com outras seções da CPST, mas em geral se revezam entre os quatro programas da Saps: acolhimento e construção de referência, assistência em saúde mental dos trabalhadores, apoio institucional à saúde mental no trabalho e capacitação, assessoria e consultoria em saúde mental e trabalho.
De acordo com a psicóloga Vanessa Fausto Klein, que chefia a Saps, há diferentes espaços destinados aos servidores e aos estudantes, por isso é fundamental saber da existência e do funcionamento de cada um deles. O objetivo é garantir um primeiro atendimento para quem precisa; depois, se necessário, as pessoas são encaminhadas para dar continuidade ao tratamento. “Muitas demandas que chegam ao acolhimento da Saps não se desdobram em encaminhamento para tratamentos médicos e psicológicos, pois o tempo de escuta e suporte no acolhimento já se mostram resolutivos. Poder acessar um lugar de escuta, poder falar tem efeitos e não podemos saber antes quais serão”, explica a psicóloga.
O programa de acolhimento da Saps é o primeiro acesso. As pessoas chegam por indicação da perícia, pelos parceiros internos como o Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea) – que montou uma central de apoio aos estudantes e trabalhadores da Universidade, por sugestão de chefias ou de colegas ou simplesmente porque sentem que precisam. “Há vezes que o acolhimento se desdobra em mais de um atendimento. Buscamos construir a referência, fazer o diagnóstico da situação que se apresenta quando isso ocorre e encontrar um melhor encaminhamento do caso, seja para o tratamento interno, no polo, ou para tratamento externo, referenciado por nós, pela rede pública ou privada. Priorizamos manter conosco aqueles mais complexos, nos quais as questões de saúde mental e trabalho estão implicadas”, esclarece Klein.
Com a pandemia da COVID-19, houve um aumento das demandas mensais. Em abril deste ano, houve 53 atendimentos, mais que o dobro se comparado ao mesmo período do ano anterior. No mês seguinte, ocorreu um pico de 80 pessoas em busca do Acolhimento Saps. Um serviço de plantão remoto para suporte diário chegou a ser montado pelo e-mail acolhimentosaps@pr4.ufrj.br. Atualmente, ele ainda existe, mas as assistências ocorrem de segunda a sexta. “Em meados de março, com a suspensão dos atendimentos presenciais na CPST e no Ipub, a equipe se dedicou a estruturar um modo de não desassistir quem estava em tratamento e a garantir o acesso àqueles que precisassem chegar ao acolhimento”, conta a psicóloga.
A assistência dos psiquiatras da Saps se organizou com os plantões presenciais do ambulatório geral do Ipub para garantir o seguimento da assistência e a possibilidade de suporte para o acolhimento, na recepção de casos novos. Àqueles que estavam em tratamento psicoterápico, foi oferecida a possibilidade de seguir os atendimentos por meio remoto (vídeo ou áudio). Desde a terceira semana de março, aliás, os atendimentos para casos antigos ou novos são mantidos dessa forma.
Segundo Klein, muitas vezes a expectativa em saber identificar e avaliar sozinho a própria capacidade de lidar com o que se atravessa contribui para o agravamento da situação. “Quando há um sofrimento psíquico, procurar ajuda e conversar faz diferença. Para alguns, família e amigos podem cumprir essa função, enquanto outros precisam ter a chance de ser escutados por outra pessoa que não esteja incluída em seus laços conhecidos. Pode ser em um atendimento especializado em psicologia, em uma conversa com o médico de família, em uma roda de conversa, em um grupo de apoio. Na UFRJ, o acolhimento da Saps também pode ser esse lugar”, concluiu a psicóloga. A Saps, fora do período da pandemia de COVID-19, presta assistência na sede da CPST, situada na Cidade Universitária (telefones: 3867-6543 ou 3866-1383) e no prédio de ambulatórios do Ipub (Cipe novo), no polo UFRJ da Praia Vermelha (3938-5535). Atualmente, o primeiro contato ocorre pelo e-mail acolhimentosaps@pr4.ufrj.br. A equipe de Acolhimento Saps se reintegrou ao trabalho presencial na CPST, em turnos espaçados, com todos os cuidados sanitários, e retomou atendimentos agendados e o suporte presencial ao setor de perícias. As reuniões gerais e semanais da equipe técnica foram retomadas por meio remoto. O programa de apoio institucional realiza reuniões remotas e presenciais com algumas unidades hospitalares, buscando dar suporte, especialmente aos setores de enfermagem.