O Brasil corre o perigo real de enfrentar uma grande epidemia de febre amarela urbana, na opinião de Roberto Medronho, diretor da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ e doutor em Saúde Pública.
Segundo ele, a confluência de alguns fatores cria a “tempestade perfeita” para a temida propagação da doença – de alta letalidade – em grandes centros urbanos. Entre as causas que podem desencadear uma possível epidemia, estão a entrada em vigor da PEC que congelou investimentos em saúde, o corte de verbas em pesquisa científica e o ainda precário saneamento básico das cidades brasileiras.
Os recursos federais para a vigilância epidemiológica já registram uma forte tendência de queda desde o ano passado. No primeiro trimestre de 2017, foram destinados R$ 436,20 milhões ao setor, contra R$ 530, 88 milhões no mesmo período de 2016. Em janeiro, mês crucial para controle da doença, o gasto foi de R$ 3 milhões, contra R$ 74 milhões em 2016. Veja aqui.
No último balanço do Ministério da Saúde antes do fechamento desta edição, divulgado no dia 7/2, foram confirmados 353 casos da doença, com 98 mortes, no período de 1º de julho de 2017 a 6 de fevereiro de 2018.
O surto registrado no país, especialmente em estados da região Sudeste, é de febre amarela silvestre, aquela transmitida pelos mosquitos Haemagogus ou Sabethes, que vivem nas florestas. Eles transmitem a doença a humanos depois de picarem macacos infectados. Se os portadores do vírus vierem para a cidade e forem mordidos pelo Aedes aegypti, o ciclo urbano da doença pode ser deflagrado.
Em entrevista ao Conexão UFRJ, Medronho defende a intensificação das ações de combate ao vetor urbano da doença – o Aedes aegypti – e critica a contenção de gastos decretada pelo atual governo.