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UFRJ incentiva jovens doutores com editais de até R$ 40 mil para pesquisas inovadoras

Programa de Apoio a Docente Recém-Doutor Antônio Luiz Vianna 2025 recebe propostas para financiamento de pesquisas acadêmicas até 28/10

O que os pesquisadores Liliane Furtado, Luiza Higa e Rodrigo Toniol têm em comum, além da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)? Os três professores transformaram suas pesquisas com o apoio do Programa de Apoio a Docente Recém-Doutor Antônio Luiz Vianna (ALV), que agora está com inscrições abertas até terça-feira da semana que vem, dia 28/10. A iniciativa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2) e do Conselho de Ensino para Graduados (Cepg) oferecerá  35 auxílios no valor de até R$ 40 mil para financiar novas ideias de professores recém-doutores. Ao todo, serão R$ 1,4 milhão investidos em pesquisa e inovação acadêmica.

Neste ano, afinado com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), o ALV 2025 pretende estimular pesquisas relacionadas ao uso ou desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA), conferindo pontuação adicional aos referidos projetos. Para se candidatar, é necessário ser docente do quadro ativo permanente da UFRJ, em  regime de 40h com dedicação exclusiva, além de ter obtido o título de doutor após 1º/1/2019. O pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, João Torres de Mello Neto, explicita as motivações do programa e o perfil esperado pela seleção: 

“Apesar das limitações orçamentárias, o ALV 2025 demonstra um compromisso da atual Reitoria da UFRJ em motivar e mostrar que a Universidade valoriza os jovens talentos intelectuais. É muito importante que os nossos excelentes professores recém-contratados e recém-titulados entrem na UFRJ sentindo-se acolhidos e valorizados pela administração da UFRJ quanto à importância do seu trabalho. Queremos jovens dedicados, ativos, participativos, que vistam a camisa da Universidade com muito entusiasmo e que defendam a universidade pública de qualidade.” 

Pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, João Torres de Mello Neto, destaca qualidade das propostas |  Foto: Raphael Pizzino (SGCOM/UFRJ)

Pelo que parece, os professores que concorreram nas edições anteriores deram muito trabalho ao Comitê Científico responsável pela primeira etapa da seleção. Mas, o motivo é animador: a excelência da qualidade das propostas. “Normalmente é um problema muito sério selecionar as candidaturas. Na vez passada, tivemos algo na ordem de 280 inscritos. Certamente, se houvesse mais recursos, pelo menos um terço gostaríamos de ter contemplado”, afirma Mello Neto. 

Uma ajuda singular 

Liliane Furtado leciona na área de Comportamento Organizacional do Instituto Coppead de Pós-Graduação em Administração da UFRJ. Em 2023, com a proposta intitulada “Pesquisa sobre liderança inclusiva em contextos organizacionais”, tornou-se uma das contempladas pelo Programa de Apoio a Docente Recém-Doutor Antônio Luiz Vianna. A professora destaca a pertinência do enfoque do edital à fase acadêmica vivenciada por ela e pelos colegas agraciados:

“O programa nos concede essa verba no momento acadêmico mais crucial e desafiador, que é o início da carreira, quando ainda não temos uma rede de pesquisa estabelecida. A maioria dos fomentos de órgãos públicos e agências pressupõem que você já evidencie uma solidez acadêmica, por meio de artigos publicados, da quantidade de orientações de  alunos etc. O ALV reconhece que estamos no início dessa carreira, faz o recorte de professores, que estão nessa mesma etapa, e concede as bolsas dentro desse grupo específico. Esse edital olha para quem está no início e tenta dar algum tipo de apoio nesse começo mais difícil e nos ajuda de forma singular a estruturar o mínimo para conduzir uma pesquisa, que ao longo do tempo vai se desenvolvendo e começa a gerar os resultados, as entregas, na nossa trajetória”, avalia a docente, que já comemora a publicação de um artigo, fruto do trabalho desenvolvido. 

Professora do Coppead Liliane Furtado (com a flor amarela), durante palestra sobre liderança inclusiva | Foto:  arquivo pessoal

Dinamismo nas pesquisas 

Rodrigo Toniol integra o corpo docente do Departamento de Antropologia Cultural e do  Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, além de ser coordenador do Passagens, grupo de pesquisa vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) que não possui um eixo temático central. Seu foco de interesse são todos os processos de transformação, como, por exemplo, a passagem do profano para o sagrado, do ilícito para o lícito, do patrimônio para o lixo e vice-versa. Mas, o que o Passagens tem a ver com o edital ALV? 

“Fomos contemplados pelo edital e vamos receber o Luiz, que é um estudante de graduação da Unicamp, cujo projeto está relacionado a uma grande pesquisa desenvolvida no Passagem, a respeito dos processos de demolição de igrejas católicas no século XX. O nosso visitante passará 35 dias na UFRJ pesquisando conosco sobre alguns apagamentos relacionados a igrejas de irmandades negras católicas na cidade de Campinas. Tenho certeza que será um período muito instigante para todos os envolvidos.  Um pouco antes do Luiz, vamos receber uma professora chilena que vem fazer um estágio pós-doutoral de um mês. O ALV contribui muito para amplificar esse dinamismo característico do Passagens”, explica o docente. 

Professor do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ  Rodrigo Toniol |  Foto: Paulo Duarte (UFPB)

Financiamento para inovação

“Evolução viral experimental para potencializar a atividade oncolítica do vírus Zika no tratamento do glioblastoma”: foi com esse projeto que a professora do Departamento de Genética do Instituto de Biologia, Luiza Higa, conquistou uma das bolsas na edição de 2023 do Programa de Apoio a Docente Recém-Doutor Antônio Luiz Vianna. De acordo com ela, o apoio financeiro foi fundamental para impulsionar as etapas iniciais da pesquisa, que busca desenvolver cepas de ZIKV com maior potencial terapêutico, e ainda gerou outros frutos: 

“Nosso objetivo é compreender como a adaptação do vírus Zika a diferentes tipos de células de glioblastoma pode ampliar sua ação contra esse câncer, ao mesmo tempo em que reduz sua virulência em tecidos saudáveis e seu potencial de transmissão por mosquitos. Essa abordagem inovadora combina virologia experimental e oncologia, abrindo novas perspectivas para o uso de vírus como agentes terapêuticos. Ser contemplada pelo edital foi um passo essencial na consolidação da minha linha de pesquisa e do meu grupo de trabalho na UFRJ. O financiamento permitiu o avanço dos projetos de dois estudantes de mestrado e fortaleceu nossa capacidade de gerar dados competitivos, ampliando as possibilidades de submeter propostas a novos editais e colaborações futuras”, comemora. 

Professora do Departamento de Genética do Instituto de Biologia da UFRJ Luiza Higa | Foto: acervo pessoal

Homenagem em forma de edital 

Os interessados em apresentar suas propostas para o Programa de Apoio a Docente Recém-Doutor Antônio Luiz Vianna – 2025 podem consultar todas as orientações para submissão via Sistema Eletrônico de Informação (SEI) no link https://pr2.ufrj.br/…/programa-de-apoio-a-docente…/. O edital ALV é uma homenagem a Antônio Luiz Vianna, que nasceu em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Médico pela UFRJ, foi orientado em Iniciação Científica por Walter Oswaldo Cruz e tornou-se, posteriormente, um respeitado pesquisador, com reconhecimento internacional. Foi docente do Instituto de Biofísica e do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, notabilizando-se por sua serenidade no trato pessoal e seu marcante entusiasmo pela pesquisa científica. Faleceu precocemente em 26/3/1979, com 40 anos.