Em homenagem ao Dia do Musicoterapeuta, comemorado em 15 de setembro, o Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ipub/UFRJ), promove um simpósio, nesta sexta-feira, dia 12/9, no Auditório Lemes Lopes, no campus da Praia Vermelha.
O evento conta com duas mesas. A primeira, com início às 10h30, é sobre “A Musicoterapia e o Ipub: Contrapontos Polifônicos” e vai abordar os caminhos percorridos pela Musicoterapia na UFRJ, a partir do trabalho desenvolvido no Ipub, onde tudo começou, em 1981, antes mesmo da criação do curso de graduação em Musicoterapia – que está à frente da organização do simpósio.
A segunda, marcada para às 14h, é intitulada “Psicopatologia Estética: um outro olhar para a produção de vida”, tema da pesquisa de pós-doutorado do pesquisador Paulo de Tarso de Castro Peixoto no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFRJ, sob orientação da professora Mônica Alvim.
O evento será transmitido na página do Centro de Estudos do Ipub (CEIPUB).
Musicoterapia na UFRJ
A Musicoterapia, campo do conhecimento que se utiliza da música e de seus elementos (melodia, ritmo e harmonia) como um meio para alcançar objetivos terapêuticos, é oferecida pelo Ipub aos seus pacientes há 44 anos. Inicialmente, como cenário de prática para os egressos do Conservatório Brasileiro de Música, primeiro curso de graduação em Musicoterapia do Brasil. A partir de 2019, para os alunos da graduação em Musicoterapia da UFRJ, curso criado nesse mesmo ano.

Hoje, por meio da atuação de servidores Técnico-Administrativos em Educação e de projetos de extensão, de pesquisa e de campos de estágio, a Musicoterapia está presente em seis unidades do Complexo Hospitalar da UFRJ: Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil, Maternidade-Escola, Instituto de Neurologia Deolindo Couto, Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira.
No Hospital-Dia, no Ipub, por exemplo, a Musicoterapia é utilizada com pacientes do Centro de Doenças de Alzheimer (CDA). “Nosso objetivo é promover a estimulação cognitiva pela ativação da memória musical e outras atividades com base na música. Enquanto estímulo complexo, a música ativa outras funções, como a motora, a da memória e a emocional, o que contribui para o bem-estar, a autonomia possível e o senso de pertença de pessoas com demência”, explicou a musicoterapeuta Camila Gonçalves.
Familiares dos pacientes também podem participar das atividades propostas e recebem orientações sobre o uso terapêutico da música.
No Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi-CARIM), também localizado no Ipub, a atuação do musicoterapeuta é centrada na utilização da experiência musical para facilitar a expressão emocional, melhorar as possibilidades de comunicação, promover a integração social e contribuir para o desenvolvimento psicoemocional de crianças e adolescentes.
“O musicoterapeuta realiza intervenções individualizadas ou em grupo, adaptando as técnicas musicoterápicas às necessidades específicas de cada usuário, sempre visando a melhora da qualidade de vida diante dos efeitos do sofrimento psíquico. Ele compõe uma equipe multiprofissional, colaborando com psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras e demais profissionais do sistema de saúde”, revelou a musicoterapeuta e sanitarista Mariane Oselame.
Para além dos atendimentos nas unidades de saúde, a lista de projetos ligados à Musicoterapia na UFRJ é extensa. Alguns deles são: Toma essa canção como um beijo; ComuniMúsica; Musicoterapia na Saúde do Trabalhador; ComunicaSOM; e Transfluência de Saberes.
Uma outra vertente de atuação é no acolhimento aos estudantes, na qual a Musicoterapia se vincula à assistência estudantil. Por meio de projetos como o Samba da nossa Terra, o Programa de Atenção à Saúde Mental do Estudante (PROASME) dá atenção psicossocial aos discentes.
“Há um estranhamento na chegada à Universidade que é comum a todes, vindos ou não de fora da cidade. Essa experiência pode gerar rompimentos de laços anteriores, desterritorialização subjetiva e dificuldade para se sentir pertencente ao novo ambiente. A música, em suas mais variadas formas, é utilizada como recurso para expressão de identidades culturais e como facilitadora de novos laços socias e espaços de pertencimento”, disse a professora Bianca Bruno Bárbara.
Teoria e prática
Com seis anos de existência, o curso de graduação em Musicoterapia da UFRJ foi avaliado com nota máxima pelo MEC em 2023, ano em que também foi reconhecido. Para a coordenadora, Beatriz Salles, a integração entre teoria e prática é um fator diferencial.
“Permite o desenvolvimento de competências colaborativas para o trabalho em equipes multidisciplinares. A aliança entre a formação e os serviços oferecidos nas diferentes unidades do nosso complexo hospitalar contribui de forma direta para o aprimoramento do Sistema Único de Saúde, viabilizando a possibilidade de um cuidado integral à saúde da população”, defendeu Beatriz.
Os ganhos com essa integração são também perceptíveis para as unidades de saúde. “Em poucos anos, a influência do curso e das atividades de musicoterapia no Ipub tornou-se visível e fundamental. Ampliou-se o alcance da nossa instituição, modificou-se o ambiente interno. A música e a arte, que fazem parte da história do Ipub, estão mais presentes agora, em inúmeras atividades de ensino e atendimento”, disse o diretor Pedro Gabriel Godinho Delgado.
Serviço
Simpósio em homenagem ao Dia do Musicoterapeuta
Data: 12/09/2025
Horário: às 10h30
Local: Auditório Lemes Lopes, no campus da Praia Vermelha.

