A Universidade Federal do Rio de Janeiro, por meio da Escola de Química, vem se consolidando como ponte entre o saber científico e os territórios populares através do projeto de extensão Comunica EQ. O projeto foi criado em 2021 e integra a iniciativa interna Conhecendo a Escola de Química, que recebe escolas públicas e convida estudantes do ensino fundamental e médio a vivenciar, de forma lúdica e acessível, os bastidores da ciência produzida na universidade.
Durante as visitas, os alunos são divididos em grupos e percorrem roteiros temáticos pelos laboratórios da Escola de Química, interagindo com atividades experimentais na chamada Tenda Engenhosa, por exemplo, um espaço dedicado a ações de popularização da engenharia química. Para os mais jovens, o destaque é a mediação de personagens como Marie Curiosa, inspirada na cientista Marie Curie, que apresenta os experimentos com linguagem acessível e fantasia.
“Nosso objetivo é desmistificar a química, mostrar que ela está presente no cotidiano e pode ser compreendida por todos”, explica a professora Carla Manske, coordenadora do projeto. Ela também destaca que as atividades são adaptadas conforme o perfil das turmas e a faixa etária dos alunos, podendo incluir jogos diversos, um grande tapete interativo de tabela periódica e experiências visuais sobre os elementos químicos.
Além das escolas da rede pública, o projeto já iniciou diálogos com instituições da Maré e está em fase de desenvolvimento de materiais acessíveis para estudantes com deficiência. Entre as ações em andamento, está a criação de objetos táteis por meio de impressoras 3D, voltados para pessoas com deficiência visual. “Estamos buscando formação e parceria com especialistas para tornar as atividades realmente inclusivas”, diz Carla.
Outro diferencial do projeto é a atuação voluntária de estudantes extensionistas de diferentes cursos. Apesar de não disponibilizar bolsas atualmente, o Comunique EQ abre espaço para alunos que queiram contribuir com a iniciativa, principalmente nas áreas de comunicação e acessibilidade. “A gente acredita na força da interdisciplinaridade. Aceitamos quem chega com vontade de participar”, reforça.
A professora, que também coordena as ações de extensão da Escola de Química, destaca o impacto que as atividades geram na comunidade escolar. “Já tivemos uma estudante que participou da visita e, no ano seguinte, ingressou na Escola de Química. Ela nos procurou emocionada para contar que aquele dia foi determinante para a sua formação e o seu futuro.”
Essa mobilização também se reflete na própria formação dos extensionistas. “Cada projeto transforma o professor e o aluno. A extensão nos tira da zona de conforto, nos ensina a escutar e nos aproxima da sociedade. É a universidade cumprindo sua missão social.”
Experiência de quem participa
Kauã Fagundes, aluno do 4º período de Engenharia de Bioprocessos, integra o projeto desde julho de 2024. Responsável pelos materiais de divulgação, planejamento de processos e atuação ativa nos eventos educativos, ele conta que a extensão tem impactado positivamente na sua formação.

“Minha participação no projeto permitiu que eu desenvolvesse outras habilidades que vão além do que aprendo em sala de aula. É nos eventos educativos que desenvolvo a comunicação científica, a empatia e a capacidade de adaptar a linguagem conforme o perfil do público, o que desenvolve minha visão de mundo e fortalece a minha trajetória como estudante e futuro profissional”, compartilha.
Além de toda essa bagagem, os estudantes que participam podem ainda ter a oportunidade de desenvolver uma visão multidisciplinar. Ao realizar experimentos com materiais do dia a dia e se colocarem à disposição para explicá-los de forma simplificada, eles fixam com mais facilidade o que aprendem em sala, acham formas de aplicação e têm contato com outras disciplinas como Física e Biologia.
Semana da Escola de Química acontece em agosto
De 23 a 29 de agosto, a Escola de Química realiza a SEQ – Semana da Escola de Química, evento de extensão aberto ao público, com palestras, minicursos e atividades interativas, como o tradicional “Conhecendo a Escola de Química” e o Congresso de Popularização Científica (EQ POP). É uma oportunidade para que estudantes de outros cursos e visitantes externos conheçam os projetos, os laboratórios e a produção acadêmica da unidade.
Para saber mais sobre o projeto e a Semana da Escola de Química, acompanhe as redes da @escoladequimicaufrj e do @sequfrj.
* O texto foi escrito por Tatiane Alves sob a supervisão da Jornalista Pâmella Cordeiro.