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UFRJ recebe lideranças acadêmicas para Fórum de Reitores das Universidades do Brics+

Evento alcançou o objetivo de fortalecer a colaboração entre instituições de ensino superior do bloco, com a assinatura de mais de 60 acordos e a elaboração de uma declaração conjunta de compromissos para os próximos cinco anos

Qual o papel das universidades quando o desafio é o de criar um mundo mais inclusivo e sustentável? Essa foi a reflexão que norteou as discussões da segunda edição do Fórum de Reitores das Universidades do Brics+, que, nos dias 6 e 7/6, reuniu lideranças acadêmicas, autoridades governamentais e representantes da comunidade científica do bloco de países no Museu do Amanhã, no Centro do Rio.

Ao todo, cerca de 340 pessoas prestigiaram o evento, onde foram assinados mais de 60 novos acordos nas áreas acadêmica, científica e cultural entre universidades brasileiras e estrangeiras.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi a anfitriã do encontro, no qual criou-se um consenso: as respostas aos desafios globais não são simples, mas certamente passam pela cooperação global nas mais diversas áreas.

“Nós temos hoje um mundo que necessita da atuação da ciência, da tecnologia e da inovação, que precisa ter educação de qualidade e que precisa ser multilateral. As soluções têm que ser globais. Não cabe mais um mundo unilateral, em que um manda e os demais obedecem. O mundo é multiétnico, multicultural e precisamos unir os nossos jovens para criar a realidade de que estamos necessitando”, afirmou o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, na cerimônia de abertura do encontro. 

Fórum internacional reuniu público de 340 pessoas no Museu do Amanhã  | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Para o ministro da Educação, Camilo Santana, que também compôs a mesa de boas-vindas, a iniciativa do fórum contribui para o fortalecimento do Brics e o consequente aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional.

“Nosso espaço de cooperação não se faz em detrimento de ninguém. Os Brics estão no mundo para somar. E quando se trata de relações acadêmicas, diversidade é também um atributo para expandir o potencial e a qualidade. Em um mundo cada vez mais perigoso, diversificar parcerias é uma chave para reduzir nossas dependências”, disse o ministro.

A sessão de abertura contou, ainda, com a participação do diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Carlos Alberto Aragão; do presidente do Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (Friperj), Roberto de Souza Rodrigues; e do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), José Daniel Diniz Melo ‒ todas instituições apoiadoras do encontro.

Na ocasião, antes do início das mesas temáticas, o público pôde assistir a uma apresentação cultural do Quinteto Guanabara ‒ formado a partir da experiência dos integrantes originais no Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ, em 2022, como alunos da Escola de Música (EM).

Quinteto Guanabara fez apresentação cultural antes do início das mesas temáticas | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Outro destaque do primeiro dia foi a concessão do título de doutor honoris causa ao reitor da UFRJ pela Moscow State Linguistic University (MSLU), “por suas habilidades profissionais de destaque, contribuição significativa ao ensino, desenvolvimento cultural e fortalecimento dos elos científicos entre as duas universidades”, afirmou a reitora da universidade russa, Irina Kraeva. A instituição de ensino superior é a única no país transcontinental com um departamento ativo para o ensino de Língua Portuguesa.

A reitora da Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, Irina Kraeva, e o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, que recebeu o título de doutor honoris causa | Foto: Fábio Caffé (SGCOM/UFRJ)

Declaração conjunta de compromissos

A reafirmação do papel essencial das universidades na geração de conhecimento, na construção de sociedades equitativas e na formação de futuros líderes encerrou os trabalhos da segunda edição do Fórum de Reitores das Universidades do Brics+.

À luz das transformações sociais, tecnológicas, ambientais e econômicas que moldam a realidade atual, lideranças acadêmicas participantes do evento elaboraram uma declaração conjunta de compromissos de curto (2025-2027) e médio prazo (2027-2030).

O documento evidenciou, antes de mais nada, a preocupação com a sustentabilidade financeira dos programas de cooperação (prevendo desde a criação de um catálogo de bolsas universitárias com fontes de financiamento acessíveis para docentes e alunos até o estabelecimento de um Fundo de Cooperação Acadêmica do Brics, voltado para o financiamento de parcerias de longo prazo e para o incentivo à inovação). 

Na sequência, os mais de 30 compromissos foram distribuídos nas sete linhas temáticas que organizaram os dois dias de debates: políticas linguísticas; transição energética e sustentabilidade; saúde e qualidade de vida; inteligência artificial e educação; combate à pobreza; cooperação acadêmica e científica; e inovação.

No tema da “saúde e qualidade de vida”, por exemplo, há o compromisso de se criar uma Rede Universitária de Saúde Pública, com o objetivo de coordenar pesquisas e compartilhar dados e estratégias de ação. 

O Fórum de Reitores das Universidades do Brics+

Com estreia realizada em 2024 na Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, sob a liderança do reitor Victor Sadovnichy, idealizador do projeto, o Fórum de Reitores das Universidades do Brics+ é uma iniciativa estratégica que promove a integração entre instituições de ensino superior dos países-membros ‒ Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. O principal objetivo é fortalecer a cooperação acadêmica e científica.

A terceira edição do encontro já tem data e local para acontecer: será em Minsk, capital da Bielorrússia, em 2026, garantindo a continuidade das discussões, sob a visão comum de promover a educação, a pesquisa e a inovação como pilares para o desenvolvimento inclusivo, a sustentabilidade e a cooperação global.