O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) realizou na terça-feira, 3/6, o lançamento oficial do Projeto de Integração, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Mobilidade no Rio de Janeiro (Prisma-RJ). A iniciativa dá início aos estudos técnicos que darão suporte à criação da linha 3 do metrô, que ligará as cidades de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí com o Rio de Janeiro. O projeto é desenvolvido pelo Programa de Engenharia e Transportes (PET) da Coppe, por meio dos laboratórios Reset (Rede de Estudos em Engenharia e Socioeconômicos de Transportes) e OPTGIS (Laboratório de Otimização e Sistemas de Informações Geográficas).
Rômulo Orrico, professor do instituto e coordenador do Prisma-RJ, apresentou a iniciativa destacando sua importância social e ambiental: “O objetivo do projeto é promover enriquecimento da cidade e inclusão social, não é simplesmente fazer o metrô’’, afirmou Orrico.
O coordenador enfatizou que o Prisma demandará longo prazo, ainda está na fase inicial e tem um nível além de operacional, estratégico. “Tem soluções que são menos complicadas, em sentido de transtornos, mas não são necessariamente as melhores”, explicou o professor.
Com prazo de 30 meses para conclusão, o projeto busca oferecer uma base técnica robusta para decisões estratégicas sobre o traçado, a viabilidade econômica e os impactos sociais da futura linha. “Não existe ainda um traçado. A decisão do traçado depende do custo a ser analisado e da responsabilidade de quem irá tomar a decisão”, afirmou Orrico.
O trabalho envolverá benchmarking com projetos similares no Brasil e no exterior, coleta e estruturação de dados urbanos e de transporte, realização de audiências públicas e a concepção técnica da linha. Também está prevista a elaboração da minuta do edital e o acompanhamento do processo licitatório.
O estudo contará com a atuação de uma equipe multidisciplinar, reunindo especialistas de Engenharia de Produção, da Engenharia de Sistemas e Computação e do Instituto de Matemática da Universidade. Essa diversidade de saberes permitirá uma abordagem ampla e integrada, contemplando desde a modelagem de dados e simulações até a análise de impactos sociais, econômicos e ambientais.
Segundo Orrico, a participação da sociedade será um dos pilares do Prisma-RJ. “A participação aberta e total de todos é fundamental. Vamos procurar e seremos procurados. A população é fornecedora de dados. Queremos saber de que forma o projeto pode impulsionar os planos de desenvolvimento locais das cidades envolvidas. Todo tipo de participação que pudermos fazer iremos fazer”, ressaltou.
Desenvolvimento e sustentabilidade
Mais do que atender à crescente demanda por transporte público de qualidade na Região Metropolitana do Rio, o projeto pretende articular diferentes modais de mobilidade e contribuir para a redução da dependência do transporte individual motorizado. Entre os impactos esperados, estão a melhoria da qualidade de vida da população, a redução do consumo de combustíveis fósseis e a geração de empregos.
O estudo também deve impulsionar cadeias de conhecimento, inovação e cultura, por meio da atuação de laboratórios, universidades e consultorias técnicas, além de contribuir para a redução das desigualdades sociais, ampliando o acesso a serviços e oportunidades.
Para Suzana Kahn, diretora da Coppe, a iniciativa reafirma o papel estratégico da instituição na contribuição para a formulação de políticas públicas. “A Coppe desempenha um papel fundamental na construção de soluções tecnológicas para o desenvolvimento do Brasil. São inúmeras as políticas públicas que conseguimos estruturar a partir de estudos como este, abrangendo áreas essenciais como infraestrutura, meio ambiente, energia e mobilidade urbana”, destacou.
De acordo com ela, o projeto representa uma nova etapa para o desenvolvimento da Região Metropolitana, com potencial de impactar positivamente a vida de mais de dois milhões de pessoas.
Tradição em inovação
O Programa de Engenharia de Transportes da Coppe tem um histórico consolidado de contribuições à mobilidade urbana brasileira. Entre os projetos de destaque, estão o sistema de sincronização automática de semáforos implementado na cidade do Rio de Janeiro nos anos 1990, a planta-piloto de hidrogênio verde inaugurada em 2023 e os estudos para implementação do metrô de Salvador, também liderados pelo professor Rômulo Orrico, que participou da elaboração dos termos de referência e do edital de licitação da capital baiana.
Pesquisa: Tatiana Moura. Com informações da Coppe/UFRJ.