Categorias
Institucional

UFRJ promove seminário contra assédio e discriminação

Evento destaca ações institucionais, políticas de acolhimento e prevenção para construir um ambiente mais seguro e inclusivo

O Auditório da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi palco do I Seminário UFRJ Contra Assédio e Discriminação. O evento, realizado na quinta-feira, 29/5, foi uma iniciativa da Comissão de Ética da UFRJ e da Coordenação de Relações Institucionais e Articulações com a Sociedade (Corin).

Aberto a toda a comunidade universitária, o seminário serviu como um espaço de reflexão e debate sobre a construção de um ambiente universitário mais seguro, inclusivo e respeitoso, além de aprofundar o conhecimento sobre direitos, protocolos de denúncias e apoio às vítimas. 

Para o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, o seminário é o resultado de uma série de ações institucionais que culminaram em uma diversidade cada vez maior na UFRJ. “São diversas visões de mundo, interagindo, discutindo, para que a gente seja cada vez melhor. Isso na Universidade é mandatório. Precisamos ter isso como um pilar no cotidiano. Não basta se declarar não racista. Tem que militar. Tem que ser antirracista”, afirmou Medronho.

Em pesquisa realizada no Painel Resolveu? da Controladoria-Geral da União, entre 27/5/2024 e 27/5/2025, foram identificadas 5.382 manifestações com o assunto assédio moral, 1.019 de assédio sexual, e 817 registros sobre discriminação na administração pública federal.  

Segundo a ouvidora-geral e ouvidora da Mulher da UFRJ, Luzia Araújo, na Universidade o assédio moral encontra-se no topo da lista de assuntos com maior número de manifestações respondidas. Foram 166 registros, sendo 55 de assédio sexual e 34 de assédio moral. A maioria das demandantes são mulheres. O Conselho Universitário já está analisando uma política e resolução para enfrentamento ao assédio moral, sexual e discriminação.

“Iniciamos, em outubro de 2024, o mapeamento de iniciativas contra violações de direitos e violências na UFRJ, com o objetivo de identificar grupos que têm acolhido pessoas que são submetidas a essas questões, reforçando o compromisso da instituição com a justiça e também com a equidade”, disse Luzia Araújo.

Os trabalhos desenvolvidos dentro da UFRJ de combate ao assédio e à discriminação também buscam o aumento da efetividade na apuração, por meio de uma abordagem impessoal, isonômica, que resguarde as pessoas, oferecendo o direito de defesa. 

“Não podemos deixar de dar uma satisfação para aqueles que têm seus direitos violados. Durante algum tempo, na UFRJ, vimos muitas falhas, mas precisamos criar o Marco Zero. Há um compromisso, de cada um de nós, diante dessa temática, uma temática relevante, que vamos replicar, não só no plano institucional, mas também no plano pessoal”, lembrou o coordenador da Corin, Luiz Cláudio Moreira Gomes.

Além do aspecto informativo, a iniciativa reflete o desenvolvimento de tudo o que já foi produzido sobre a temática na Universidade. “O agressor precisa saber que cometeu uma violência. Este seminário cumpre o seu papel como estratégia educativa e informativa, assim como preventiva para o enfrentamento do assédio e da discriminação na nossa Universidade”, salientou a presidente da Comissão de Ética, Bianca Graziela da Silva. O encontro possibilita ainda novos horizontes, com ações baseadas na escuta, opinião e participação de diferentes atores.

“O processo de políticas públicas e a diversidade desta Universidade, que passou a ter mais negros, quilombolas, indígenas, reflete a importância de se fazer uma discussão mais efetiva, colocando esses atores não como coadjuvantes, mas no centro, para que participem dessa elaboração”, destacou a superintendente da Superintendência de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada), Denise Góes.

A preocupação com o ambiente de trabalho também esteve em pauta. Durante o seminário, a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci, afirmou que os gestores das diferentes unidades da instituição devem se atentar para essa questão, preocupando-se com um ambiente saudável para todos os trabalhadores que integram o corpo social. “Não podemos esquecer dos nossos funcionários terceirizados, porque às vezes eles não têm os caminhos oficiais para se manifestarem. Cabe a todas as pessoas que estão em cargos de gestão, uma gestão humanizada, que divulgue e desenvolva uma comunicação não violenta”, disse Cássia.

O seminário ainda contou com a mesa temática “O que estamos fazendo?”, que abordou diferentes ações realizadas na UFRJ sobre o tema. “Temos muitas atividades fora da Universidade. Precisamos trabalhar aqui dentro, porque ainda existe muito assédio, infelizmente”, disse o decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, Luiz Eurico Nasciutti.

Também foi realizado o lançamento da Cartilha de Boas Práticas de Combate ao Assédio Moral e Sexual e à Discriminação na UFRJ. O material, feito por mulheres, oferece diretrizes e práticas preventivas, projetadas para conscientizar toda a comunidade universitária (discentes, docentes, técnicos administrativos, terceirizados) e comunidade externa que tenha relação com a instituição.

Cartilha de Boas Práticas de Combate ao Assédio Moral e Sexual e à Discriminação na UFRJ | Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

A cartilha foi elaborada pela Comissão de Ética, Divisão Administrativa das Comissões (DAC/Corin) e Divisão de Atenção às Relações de Trabalho (Dart/PR-4) da UFRJ. A Superintendência-Geral de Comunicação Social (SGCOM) também contribuiu com a revisão de texto, ⁠projeto editorial, ilustrações e diagramação da cartilha e de materiais de comunicação do seminário.

Além da prevenção, a Universidade reforça seu compromisso com a apuração de denúncias e o acolhimento das vítimas, disponibilizando instâncias dedicadas a lidar com situações de assédio, violência e discriminação que, porventura, possam ocorrer. A UFRJ possui um canal oficial de denúncias, o sistema Fala.BR . Ao acessar, basta escolher a opção “Ouvidoria” e, em seguida, “Denúncia”. Há também outros canais que podem ser utilizados.