A Comunidade Acadêmica que dá Suporte à Agricultura (Casa) é um projeto de extensão que fortalece a agroecologia, promove uma alimentação mais saudável, consciente e livre de venenos, além de apoiar pequenos agricultores locais. A proposta se dá através do apoio financeiro dos associados, com um valor de 100 reais por mês, que equivale a quatro cestas, para que o agricultor possa planejar sua produção e garantir alimentos saudáveis. O pagamento possibilita ao associado buscar, semanalmente, uma cesta com alimentos colhidos, de acordo com a sazonalidade. A cesta inclui seis itens: raízes, folhas, frutas, legumes, temperos e um alimento processado, podendo ser doce, suco ou outros, dependendo da semana. A retirada acontece durante a Feira Agroecológica da UFRJ, todas as quintas-feiras, das 8h às 15h no campus do Fundão. A organização do projeto solicita que essa associação seja estabelecida por, pelo menos, seis meses, já que o investimento pela produção ocorre de forma antecipada e com periodicidade mensal.
Você sabe de onde vem seu alimento? Sabe como é produzido e como chega até a sua casa? Essas são as principais questões respondidas pelo grupo quando você se associa a ele e se torna um consumidor pró-ativo. Além de se aproximar de quem produz seu alimento, você incentiva a agricultura familiar agroecológica, sem o uso de agrotóxicos ou qualquer outro insumo químico que seja nocivo à saúde humana e ao meio ambiente.
Como o projeto surgiu?
Paula Brito, professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc) e criadora da Casa, relata que a iniciativa nasceu quando ela conheceu o Mutirão de Agroecologia, grupo Muda, em 2015. Como já participava de temas de saúde ambiental, Paula se apaixonou pelo projeto e fez parte dele por alguns anos, em colaboração com o grupo de extensão Capim Limão. Esses dois grupos já tinham parceria com a Feira Agroecológica da UFRJ e com os agricultores, até que um dos alunos do Muda percebeu que estava havendo alguns problemas nos pedidos adiantados das cestas, devido à falta de organização na demanda. “Oscilava muito. Tinha semana em que elas pediam muita coisa e semana que as pessoas praticamente não pediam”, afirma Paula. A professora, em conjunto com os alunos dos grupos Muda e Capim Limão, idealizaram o projeto piloto da Casa em 2016 e tiveram apoio de ONGs e agricultores. A ação foi um sucesso e se tornou projeto de extensão em 2017.

Como funciona?
A Casa conta atualmente com dois agricultores ‒ já participaram sete ‒, sendo que um deles representa uma família de produtores rurais. A associação pode ser com o sítio Uga Uga, da agricultora Neuza, ou com o Sítio do Café, com a família do agricultor Daniel. A retirada dos alimentos ocorre no bloco H do Centro de Tecnologia (CT) e no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Vale lembrar que o preço estabelecido das cestas (cem reais) oferece aproximadamente 30% de desconto em relação ao preço dos mesmos alimentos na feira. Assim, um prossumidor (produtor e consumidor) do Casa, além de apoiar os agricultores agroecológicos e se alimentar de forma mais saudável e consciente, ainda tem redução no valor dos produtos.
“Vivência agroecológica”, diversas camadas de importância
A Comunidade Acadêmica que dá Suporte à Agricultura possibilita uma troca entre os alunos e os agricultores. “A gente está em uma universidade que tem vários grupos de ecologia, mas não tem uma graduação e nem pós-graduação das ciências agrárias. Então existe um interesse muito grande no tema, porém pouco espaço de estudo formal”, explica Paula. Também é importante para os agricultores ocuparem espaços na Universidade, não só pelo retorno financeiro, mas, também, pelo senso de comunidade que o projeto proporciona entre quem planta e quem consome. Além de proporcionar aprendizados e trocas entre os alunos e os agricultores, a Casa também beneficia a saúde dos consumidores, que têm acesso a uma alimentação saudável, livre de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Segundo a professora do Iesc, “na cidade, a gente está muito desconectado da produção de alimentos. Consumir também é um ato político e entender de onde vem o nosso alimento é muito importante”.
Se interessou? Para participar, basta preencher o formulário de inscrição até o dia 5/6 e aguardar um retorno por email. Caso ainda tenha dúvidas antes de se associar, escreva para o email prosumidoresufrj@gmail.com.
Pesquisa: Ana Clara Santana