A partir de junho, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) passará a realizar o monitoramento diário dos incêndios e das áreas queimadas de todos os biomas brasileiros. A decisão vem com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que em fevereiro anunciou as ações para prevenção e combate a incêndios no país em 2025.
De acordo com a coordenadora do Lasa, a professora Renata Libonati, do Departamento de Meteorologia do Instituto de Geociências (Igeo), um acordo de cooperação técnica entre a UFRJ e o MMA trará recursos financeiros para modernização de todos os equipamentos de informática e contratação de especialistas em modelagem climática, fortalecendo o time. “Já estamos incorporando à equipe esses novos pesquisadores, que farão não só o monitoramento das áreas afetadas por queimadas, mas ajudarão no lançamento de novos produtos”, afirmou Libonati.
Entre as novidades, um sistema de previsões climáticas sazonais indicará onde e quando poderão ocorrer incêndios nos biomas brasileiros com três meses de antecedência. Outra ferramenta proposta pretende antecipar em até uma semana os locais com risco de serem atingidos pelo fogo. “A partir de junho, as novas funcionalidades estarão disponíveis para todos. O site do Alarmes será remodelado com todas as novas possibilidades, com dados, gráficos e mapas para auxiliar os tomadores de decisão.”
Evolução dos sistemas de prevenção
A principal ferramenta do laboratório é o Sistema Alarmes, que, em conjunto com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), serve de base para a atuação de gestores municipais, estaduais e federais em campo, prevenindo e combatendo incêndios. Em dezembro, o sistema mudou a fim de aumentar a precisão no sensoriamento remoto, por meio do cruzamento de dados históricos com dados recentes, reduzindo de 30% para menos de 15% a margem de erro.
O trabalho do Lasa auxilia o governo federal desde 2020 na prevenção de incêndios e foi evoluindo com o tempo. Nos últimos três anos, o reconhecimento pela atividade do laboratório da Universidade veio por meio de participações em reuniões no Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), órgão decisório que reúne instituições federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério de Defesa, para monitorar e combater incêndios florestais.
A importância do Lasa está alterando até a legislação de alguns estados brasileiros. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, passou a utilizar dados de uma ferramenta embutida no Alarmes: o Sifau (Sistema de Inteligência do Fogo em Áreas Úmidas). Tudo graças à parceria da UFRJ com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), a ONG Wetlands International e o Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul).
Lançado em novembro de 2023, o sistema está sendo adotado pelo governo sul-mato-grossense para emitir autorizações de queimadas controladas. Com esse mecanismo, definem-se a área e os limites de forma planejada a se usar o fogo para fins agropecuários, florestais ou científicos.