A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi a instituição anfitriã da cerimônia de certificação nacional do Selo ODS Educação 2024. Em evento realizado no Museu do Amanhã na quinta-feira, 20/3, 74 instituições de ensino de todo o Brasil foram reconhecidas por 909 iniciativas que contribuem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma coleção de 17 metas globais, estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que visam erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir paz e prosperidade para todos até 2030.
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou a importância de cada instituição, sobretudo as do campo da educação, na discussão em relação ao futuro do planeta e da humanidade. “É muito grave o que estamos vivendo. E nós, professores, nós humanistas, nós cientistas, nós pesquisadores – e antes, acima de tudo –, nós educadores não podemos nos furtar a esse diálogo, a essa discussão. Essa reflexão precisamos ter a todo momento”, declarou, lembrando que o desenvolvimento sustentável se relaciona não apenas ao uso dos recursos naturais, mas também à defesa da democracia, à inclusão social, ao combate ao racismo e a uma série de outras demandas, previstas nos ODS.

“Diante de tantos retrocessos, de tantos olhares contra essa agenda, de tantas pessoas lutando contra o desenvolvimento sustentável, um evento como este é um ato de resistência muito importante. A gente precisa fincar esse pé, e a gente precisa que as instituições de ensino sejam esse espaço de construção de conhecimento, cada vez mais olhando para o ser humano, cada vez mais olhando para o meio ambiente, olhando para o outro”, defendeu o presidente do Instituto Selo Social, Fernando Assanti.
Certificação
A iniciativa do Selo ODS Educação é desenvolvida pelo Instituto Selo Social, GT Agenda 2030 e UnB 2030. Este ano a UFRJ assumiu o papel rotativo de instituição anfitriã: nos anos anteriores, essa missão coube à Universidade de Brasília (UnB) e à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2023 e 2024, respectivamente. Ano que vem a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) desempenhará este papel.
Para ter uma ação reconhecida, as instituições inscritas tiveram que comprovar que tal iniciativa, implementada ao longo de 2024, esteve relacionada com a área de educação, relacionada a algum dos ODS e produziu impactos positivos na sociedade. Esses projetos foram avaliados por uma comissão especializada. Este ano, 909 iniciativas foram aprovadas, 73 delas da UFRJ, que foi uma das instituições com mais ações certificadas.

“As iniciativas contempladas abrangem todas as áreas do conhecimento. Isso é sustentabilidade. Os ODS devem ser praticados de forma conjunta porque somente assim teremos uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Não queremos destaque para um ou outro ODS. Queremos que todos sejam igualmente fortes, porque somente assim cumpriremos nosso papel como cidadãos e gestores de uma Universidade pública”, declarou a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci. Ela lembrou que a Universidade aprovou, recentemente, sua Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (SER) e agradeceu a todos, em especial a professora Graciella Faico, da Universidade Federal Fluminense (UFF), pela organização do evento.
Curador do Museu do Amanhã, o professor do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ Fabio Rubio Scarano destacou que a Universidade e o Museu mantêm, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a cátedra Unesco de Alfabetização em Futuros. “É um letramento de futuros. E esse trabalho se iniciou porque a Unesco tem a impressão, eu acho que corretamente, que a gente tem muita dificuldade em imaginar futuros diferentes do presente. E se o presente tem tantos desafios como o nosso hoje apresenta, a gente não consegue imaginar muito fora dessa caixa. A gente não vai alcançar melhores futuros se a gente não sonhar com eles”, completou.
Programação
O evento também foi marcado por debates sobre o futuro do país. A mesa-redonda “Redes de Sustentabilidade na Educação” abordou a implementação dos ODS em instituições de ensino e contou com a mediação do presidente do Instituto Selo Social, Fernando Assanti. Participaram da discussão Orlando Sáenz, do Observatório de Sustentabilidade no Ensino Superior da América Latina e Caribe; Adriana Cybele Ferrari, representante do GT Agenda 2030; e Janielly Mantovani, da Rede UniSustentável.
Outro destaque foi o painel “ODS 18 – Igualdade Étnico-Racial”, mediado pela jornalista Luciana Barreto. A discussão abordou o 18º ODS, criado pelo Brasil em 2023 para reforçar a inclusão racial como parte essencial do desenvolvimento sustentável. O debate reuniu Tatiana Dias, do Ministério da Igualdade Racial; Danyel Lorio, do Ministério de Planejamento e Orçamento; e Denise Góes, da Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada) da UFRJ.
