A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) agora tem uma política de sustentabilidade para chamar de sua. Aprovada no Conselho Universitário (Consuni) com unanimidade, a nova política/coordenação leva o nome de “SER”, acrônimo para Sustentabilidade e Educação Regenerativa: SER/UFRJ. A iniciativa surgiu da necessidade de fomentar conceitos, valores e práticas voltados para a sustentabilidade e a educação regenerativa na Universidade, a serem integrados às atividades de ensino, pesquisa, extensão e outras diversas áreas da UFRJ. Agora em fase de implementação, todo o corpo acadêmico está convidado a participar da política.
“A SER/UFRJ veio num momento em que a sociedade brasileira, a UFRJ e o mundo todo estão finalmente reconhecendo que nós vivemos uma crise ambiental, social e econômica, na qual o epicentro dela é chamado de mudanças climáticas. Isso impõe mudanças de hábitos de vida para que nós possamos sobreviver a essa crise atual, principalmente dentro da educação”, disse o professor Francisco Esteves, coordenador da SER/UFRJ.
O principal objetivo da política é unir esforços de toda a comunidade universitária para atuar de forma interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar na promoção da sustentabilidade e da educação regenerativa na instituição. Em diálogo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), há um foco em aprimorar o letramento do corpo social acadêmico em questões de sustentabilidade. “Há quem diga que os ODS são utopia. E até podem ser. Mas são uma utopia que deve ser seguida. Se nós não a perseguimos, vamos caminhar para o fracasso, um colapso da sociedade”, explica o professor.
Segundo Esteves, a ideia da política não é criar um novo projeto ou grupo, mas sim integrar os já existentes na Universidade – que são muitos. “A UFRJ é um celeiro de projetos de sustentabilidade. Nós vamos criar pontes internas entre eles e, uma vez integrados ou ainda mais integrados, vamos construir relações também com a sociedade externa. Nós queremos difundir os conceitos de sustentabilidade dentro e fora da UFRJ”, completou.
Estrutura
A política estabelece a Coordenação de Sustentabilidade e Educação Regenerativa, que, vinculada à Reitoria, é responsável pela implementação e execução da SER/UFRJ. Além de estar em constante diálogo com a administração superior da Universidade e órgãos internos e externos a ela, a coordenação é responsável por administrar as demandas das Câmaras Técnicas.
Tais Câmaras Técnicas têm o papel de auxiliar a coordenação da SER na implantação e execução da política, além de gerar conteúdos e recomendações relacionados às ações de sustentabilidade e educação regenerativa da UFRJ. Cada câmara será destinada a um assunto específico, como planejamento e gestão ambiental, ambientalização curricular e de pesquisa, comunicação, entre outros temas.
A política também traz o Comitê Executivo de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (Comitê SER/UFRJ), órgão executivo que tem por atribuição discutir as propostas da Coordenação SER, das coordenações das Câmaras Técnicas e aquelas vindas dos seus membros, e o Fórum de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (Fórum SER/UFRJ), um órgão consultivo que possui como objetivo discutir e propagar as propostas dos órgãos que integram a política SER/UFRJ.
Segundo o professor Esteves, as câmaras e o fórum foram ideias que surgiram após meses de reflexões, estudando-se propostas que abarcassem a ideia do diálogo constante com toda a comunidade acadêmica. “A política é eminentemente interdisciplinar e vamos testá-la. Estamos abertos também a alterar o que for preciso ao longo da implementação. Toda a comunidade acadêmica está convidada a participar da implementação da política.”
Breve histórico
Para elaborar a política, a Reitoria criou um grupo de trabalho formado por diversos especialistas em sustentabilidade da UFRJ. A partir de reunião com esses servidores em outubro de 2023, a Reitoria instituiu um grupo reduzido que concebeu a política em diálogo com o grupo ampliado e toda a comunidade universitária.
O grupo estabeleceu o cronograma de reuniões para debater princípios, eixos e estrutura para a política. Das reuniões e oficinas participativas, resultou a criação da marca SER (Sustentabilidade e Educação Regenerativa), trazendo a educação para o centro da gestão ambiental universitária.

Apresentação nos centros da UFRJ
Durante a construção da política, o grupo de trabalho passou por todos os centros da Universidade, buscando apresentar a SER e ouvir e debater temas que deveriam estar presentes. Esteves explica que, quanto mais conversavam nos centros, incluindo a prefeitura universitária, o Escritório Técnico da Universidade (ETU) e outros órgãos, mais percebiam a importância e necessidade de uma política de sustentabilidade na UFRJ. “Na prefeitura foi excepcional. Os jardineiros vieram me abraçar e disseram que sentem na pele, trabalhando no Horto, como tem sido difícil produzir mudas e plantas. As espécies não estão crescendo mais. Eu fiquei até emocionado”, relatou.



Ele conta ainda que foi uma surpresa perceber o quanto a educação regenerativa é um tema central, que gerou horas de debates nos centros da UFRJ.
“Queremos desconstruir a ideia de que laboratório é só paredes e equipamentos. A natureza é nosso grande laboratório, um parque nacional, o Catalão, o Horto, as próprias árvores do campus, as florestas que temos… Então, são laboratórios que nós precisamos despertar como forma de gerar conhecimento, tecnologia e aplicar para o mundo, para construirmos uma sociedade mais sustentável”, finalizou o professor.
Mais informações podem ser acessadas no site oficial da SER/UFRJ.