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Meio Ambiente

Professores e estudantes da UFRJ desenvolvem produto que ajuda na saúde de plantas 

A equipe conquistou medalha de prata em competição internacional com projeto que planeja diminuir o uso de agrotóxicos

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) segue avançando no caminho de uma sociedade mais sustentável. Nesse sentido, a equipe Osiris Rio, formada por estudantes de graduação, pós-graduação e professores do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM) da instituição, desenvolveu o projeto YOB3. Nele, leveduras probióticas — microrganismos vivos que podem ser benéficos para a saúde humana — auxiliam na saúde de plantas com aumento da produtividade do vegetal, gerando maior resistência e tamanho da raiz em longo prazo. O crescimento da produtividade é medido pelo aumento da produção por cultivo. 

A pesquisa é liderada pela professora do Instituto, Mônica Montero-Lomelí. Com o projeto, a equipe conquistou a medalha de prata na última edição do International Genetically Engineered Machine (iGEM) Grand Jamboree, em outubro de 2024, em Paris. O produto que foi apresentado na competição internacional de biologia sintética é uma nova aplicação de um antigo projeto da equipe: o RevitaNad+. 

De acordo com Ana Paula Goulart, uma das participantes e estudante de Biotecnologia, o produto consiste em um suplemento farmacológico de nicotinamida ribosídeo, suplemento alimentar que melhora o metabolismo, à base de leveduras probióticas. Ele tem o intuito de aumentar a biodisponibilidade de NAD+ — enzima que auxilia na produção de energia e na saúde imunológica — em humanos e retardar doenças relacionadas ao envelhecimento. 

Além dos seres humanos, os pesquisadores também viram o grande potencial do projeto na agricultura brasileira.

Vantagens da aplicação do produto na agricultura 

O processo de aplicação do produto na agricultura tem como base a ideia da junção da planta com a levedura modificada que irá gerar o aumento de NAD+. Isso tornará a planta saudável e produtiva. 

De acordo com o relatório mais recente de uso de pesticidas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2023, o Brasil, em 2021, ocupava a primeira posição no mundo com um total de 720 mil toneladas de pesticidas utilizados. O produto desenvolvido pelos pesquisadores pretende diminuir o uso de agrotóxicos, químicos que controlam as pragas: “Nos testes foi vista a capacidade do produto de aumentar a taxa de germinação e a resistência tanto sobre o estresse salino quanto na seca”, destaca Ana Paula. Clarissa Chacon, estudante de Biomedicina e pesquisadora do projeto, completa ao dizer que as substâncias utilizadas estimulam os processos naturais do vegetal e não possuem elementos tóxicos para o ambiente, como os agrotóxicos. 

Além de o produto ser sustentável,  é economicamente viável para as empresas. Segundo Lucas Santiago, estudante da pós-graduação em Química Biológica no IBqM e pesquisador do projeto, aderir ao produto seria benéfico também porque “as empresas que investem em produtos e pesquisas sustentáveis ganham alguns incentivos fiscais, como a redução da taxa de impostos”. A Lei n° 11.196/05, mais conhecida como Lei do Bem,  oferece incentivos fiscais a empresas que investem em atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (PD&I). 

Perspectivas futuras e impactos na vida acadêmica 

Em 2025, o principal objetivo da equipe é testar o produto em novas situações. Lucas destaca a importância de  testes para analisar a resistência das plantas a patógenos, ou seja, doenças. Além disso, o grupo planeja participar da competição novamente neste ano. Para isso acontecer, eles estão em busca de novos financiamentos que ajudem a colocar a ideia em prática.

Participar de uma competição internacional traz frutos tanto para a vida pessoal quanto acadêmica dos alunos. Para Clarissa, sair dos muros da Universidade a fez aprender mais sobre o lado empreendedor de criar um produto. Para Ana Paula, o impacto do projeto na sociedade foi essencial: “Nós fomos em uma escola municipal e passamos o nosso conhecimento de forma lúdica. Muitos não tinham vontade de fazer graduação e conseguimos mudar a perspectiva da maioria”. Já Lucas Santiago destaca a diversidade de pessoas, países e pensamentos durante a competição, que o fez criar diversos novos conhecimentos.