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Atléticas universitárias incentivam difusão do esporte entre alunos

Conheça a história das associações esportivas das universidades e seus mais de 120 anos de história

Entre competições e treinos, o surgimento das atléticas universitárias se tornou uma história pouco conhecida para o corpo estudantil. Foi entre a virada dos séculos XIX e XX que cursos do ensino superior passaram a se reunir em Associações Atléticas Acadêmicas (AAAs) para fomentar o esporte e participar de torneios. A primeira delas data de 1903 e está em atividade até hoje: a Atlética Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura da USP. Na UFRJ, a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina foram pioneiras na formação de AAAs, também nas primeiras décadas do século passado. Mas foi só em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas, que elas se tornaram entidades reconhecidas por lei. 

Após um século de história, as entidades esportivas ainda fazem parte da rotina dos alunos. Ainda assim, é difícil estimar o número de alunos que integram atléticas e quantas delas existem na UFRJ. Em levantamento feito pelo Conexão, com respostas de 127 alunos, estima-se que 22 associações estejam ativas na Universidade.  E, em termos gerais, a cada dez alunos da UFRJ, seis fazem ou já fizeram parte de alguma associação esportiva. Sobre as razões para integrar as equipes, o lazer e a prática de atividades físicas motivaram aproximadamente metade dos alunos. As AAAs dos cursos de Medicina, Direito e Engenharia se destacam pelo maior número de associados.

As atléticas e a UFRJ

Apesar de serem iniciativas autônomas, comandadas por alunos e ex-alunos, as AAAs mantém uma relação de proximidade com representantes da Universidade. Segundo Luiz Felipe Cavalcanti, assistente administrativo e membro do gabinete da direção da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), já houve discussões sobre a inclusão das atléticas como entidades oficiais da UFRJ. “Quando eu assumi a coordenação de esporte da EEFD, abrimos um canal de comunicação com as associações para discutir se era viável essa institucionalização”, afirma. “As diferenças de tamanhos e de acesso a recursos financeiros entre elas acabou não levando as negociações para frente.” Para Luiz, apesar de a oficialização não ter seguido em frente, a proximidade contribui tanto para a identidade de cada curso quanto para a identidade da Universidade como um todo.

Por outro lado, a autonomia vivenciada pelas atléticas traz responsabilidades que devem ser cumpridas por todos os alunos envolvidos. “No fim, nosso objetivo é fortalecer o esporte universitário e integrar os estudantes para além das salas de aulas e dos cursos. São essas pessoas que mantêm nossas atividades e grupos de trabalho funcionando”, afirma Rafaela Bravim, graduanda do curso de Matemática e diretora de Marketing da Atlética de Finanças da UFRJ. Atualmente, cerca de 70 integrantes de 11 cursos de exatas se dividem em áreas como marketing, eventos, financeiro, esportivo, torcida, administração e comercial. “Só com a parte esportiva, gastamos cerca de 10 mil reais em cada torneio.” Segundo a aluna, é a venda de produtos oficiais e a promoção de eventos que mantém as equipes em treinamento contínuo e presentes nas principais competições e modalidades.

O universo das competições

Anualmente, mais de 52 associações se reúnem em Vassouras, na região Serrana do Rio. A cidade, com pouco mais de 30 mil habitantes, sedia a Supercopa, maior competição estadual entre atléticas. Organizada desde 2014 pela empresa RU Sports, o evento recebe milhares de estudantes que competem em 16 modalidades individuais ou coletivas. Para Angelo Oliveira, integrante da comissão que organiza os jogos, a prefeitura de Vassouras reconhece os impactos positivos dos eventos. Formado em Direito, ele afirma que “quase 100% da rede hoteleira é ocupada e muitos moradores alugam as próprias casas como uma alternativa à lotação. Movimentamos tanto o comércio local, quanto o comércio ambulante”. Além da Supercopa, que acontece no segundo semestre, no início do ano a cidade também recebe outras competições específicas de cada curso: Jogos Jurídicos, Jogos Financeiros, Jogos de Comunicação Social (Jucs), entre outros.

Toda essa movimentação foi vista por entidades oficiais do esporte universitário. A Federação de Esportes Universitários do Rio de Janeiro (Feurj), entidade estadual da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), prepara uma competição fluminense que reúna atléticas. O foco também é os Jubs-Atléticas, competição nacional entre associações. Durante sua segunda edição, a expectativa é receber cerca de 2 mil atletas e mais de 70 equipes entre os dias 29/5 e 2/6, em Natal. O objetivo final é levar as equipes para os Jogos Universitários Brasileiros (Jubs), etapa nacional que antecede a Universíadas, versão universitária das Olimpíadas organizada pela Federação Internacional do Desporto Universitário (Fisu). “Claro que existem outras iniciativas realizadas pelos próprios alunos para incentivar as competições”, ressalta Rafael Serour, presidente da Feurj. “Mas é importante que os universitários ocupem os torneios oficiais também. Existem associações muito bem organizadas que querem disputar o esporte. São essas que podem nos ajudar a manter o crescimento do esporte universitário”, conclui ele.