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Saúde

Needier realiza seu primeiro simpósio internacional

O encontro teve como tema “Saúde no mundo em movimento: mudanças climáticas, mobilidade humana e emergência de novos patógenos” e aconteceu

O primeiro Simpósio Internacional do Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) ofereceu para a sociedade dois dias de intensas trocas de conhecimento. No primeiro dia de apresentações, a decana em exercício do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Russolina Zingali, desejou boas-vindas a todos e lembrou do papel do Needier para a UFRJ e para o SUS, tanto na pandemia da covid-19 quanto em relação a outras doenças que assolaram o nosso país. Em seguida, Terezinha Castiñeiras, diretora do Needier, abriu o ciclo de palestras. Ela destacou que o evento marca a trajetória do Núcleo: “Este é o primeiro simpósio do Needier. Marca a nossa trajetória. Comemoramos o primeiro ano de funcionamento do núcleo em sua sede própria e, ao mesmo tempo, celebramos a data de nascimento de Carlos Chagas, 9/7, grande expoente da ciência brasileira e que deu nome ao nosso núcleo”.  A professora relembrou toda a história do Needier em sua apresentação, desde a sua criação.

  Em seguida, Amilcar Tanuri apresentou a conferência No olho do furacão: arboviroses nas Américas, com moderação de Rodrigo Brindeiro. Arboviroses são doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos e compreendem uma grande variedade da família de vírus e espécies. Segundo Tanuri, até hoje 534 vírus desse grupo de doenças já foram isolados e 134 são realmente patogênicos para o homem. Esse grupo de vírus é bastante heterogêneo entre si. “O Brasil tem um papel central no combate às arboviroses, pois possui as condições ideais para a ocorrência delas. Isso acontece pela biodiversidade das florestas, pela diversidade de mosquitos que circulam aqui”, afirmou Tanuri. A palestra focou em três vírus que circulam no Brasil: dengue, zika e chikungunya. Ao apresentar gráficos sobre os três vírus, o professor mostrou que a dengue foi, entre 2014 e 2023, o principal arbovírus do país.

O cientista discutiu sobre os vírus dengue, zika e chikungunya | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

Tanuri destacou que, em 2024, “o Brasil cooperou com 80% dos casos globais de dengue, o que coloca o país na berlinda dos casos da doença. Nós temos esse flagelo que é a dengue.”  Tanuri apresentou dados em relação à epidemia de dengue de 2024 e também projeções em relação aos próximos períodos. Ele também apresentou outros arbovírus que podem ser preocupantes para o Brasil: o oropouche e o mayaro.

A programação se estendeu pela tarde do dia 8/7, tendo ainda os temas “One Healt e a mobilidade humana”, na Mesa 1, e “Arboviroses em Moçambique”, na Conferência 3. 

O dia 9/7 também teve uma programação intensa, apresentando, dentre outros temas, a mesa “Vacinas: avanços e desafios”. Luciana Pedro, médica infectologista do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Fiocruz (Crie/Fiocruz), foi uma das palestrantes da mesa, discorrendo sobre o tema “Novas plataformas de vacinas: segurança em foco”. Luciana destacou o poder das vacinas e o processo para que elas aconteçam: “Vacinas salvam. A imunização previne cerca de 4 e 5 milhões de óbitos no mundo, por ano. O desenvolvimento de vacinas é um processo complexo, frequentemente marcado por desafios e, muitas vezes, fracassos”, afirmou a infectologista.

Terezinha Castiñeiras chegou ao fim do Simpósio com a sensação de dever cumprido: “Nossa proposta com o primeiro simpósio do Needier foi de propiciar um espaço de troca de conhecimentos em temas que julgamos extremamente oportunos e relacionados às vertentes de estudo e pesquisa do núcleo, como as mudanças climáticas, a mobilidade humana e a emergência de novos patógenos. Nesse sentido, conseguimos reunir pesquisadores renomados e atuantes em diferentes áreas e etapas do conhecimento, num modelo translacional de busca de respostas para grandes desafios da saúde”.

Você pode assistir ao evento na íntegra aqui.