Categorias
Institucional

Consuni decide sobre Ebserh na segunda-feira

De forma remota, conselheiros poderão manifestar posição favorável ou contrária à adesão

Ao sair da sessão de hoje, 7/12, do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, interrompida por manifestações, o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, assegurou que a votação para decidir ou não sobre a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) acontecerá ainda em dezembro. Horas depois, o reitor tomou a decisão de convocar para a próxima segunda-feira, 11/12, a reunião para ouvir a posição de cada um dos conselheiros “Foi uma manifestação que impediu a realização do Consuni, que é o órgão máximo da Universidade e precisa ser respeitado. Vendo que havia a intenção de impedir que ocorresse o debate, decidi encerrar a sessão. Agora, com serenidade, estou convocando outra, de forma extraordinária e remota” declarou ele.

Os manifestantes contrários à Ebserh entraram no plenário quando o conselheiro e docente Ricardo Medronho lia a carta de apoio assinada por decanos, professores eméritos e titulares não ligados ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) em defesa da adesão. Ele citava um trecho da carta, no qual os signatários diziam confiar na avaliação dos profissionais do CCS, que, segundo eles, conhecem melhor a situação dos hospitais. Havia quórum para realização da sessão do Consuni e apesar do protesto dos estudantes e dos servidores, o prefeito Marcos Maldonado interveio dispensando policiais militares que haviam sido chamados pelos seguranças do Parque Tecnológico para liberar o estacionamento obstruído pelo caminhão de som do Sintufrj. 

Para o reitor da instituição, a situação da maioria das unidades de saúde do Complexo Hospitalar é dramática. “Quando ainda nem existia o Sistema Único de Saúde (SUS), fui salvo no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) na década de 1980. Na ocasião havia em torno de 500 leitos. Fico me perguntando quantas pessoas morreram com a redução gradativa no número de leitos ano a ano e quantas deixarão de ser salvas se continuarmos só com 160 leitos. Estou lutando pelas pessoas que não têm planos de saúde, por aqueles pacientes que são exclusivamente servidos pelo SUS e que procuram a rede e precisam de atendimento e de procedimentos de alta complexidade, mas encontram o HUCFF sem condições de dar a assistência. Quantos mais? E por quanto tempo deixaremos essa situação permanecer”, indagou.

Segundo Medronho, ele conhece a realidade do HUCFF uma vez que possui o próprio laboratório no prédio. Além disso, a adesão à Ebserh conta com o apoio de centenas de professores titulares e eméritos, tanto do CCS, quanto de outros centros. “Temos o apoio dos diretores das unidades hospitalares. O que mais precisamos, para que possamos reverter a situação que prejudica toda a Universidade? Encaminhei ontem à Secretaria de Educação Superior (Sesu) um pedido de suplementação orçamentária de mais de 36 milhões, para não descontinuar o atendimento nos próximos dias. A Ebserh tem recursos dos ministérios da Saúde e Educação, podendo nos ajudar liberando os 80 milhões que hoje usamos de nossa verba de custeio dos hospitais”.

Medronho, que é médico, enfatizou que a preocupação não é só com o número de leitos, mas também para aumentar o número de atendimentos de média e alta complexidades. “Alguns hospitais não aumentam o número de leitos devido à inexistência de área disponível. Mas se a Ebserh é tão ruim, por que há 27 universidades interessadas em ingressar e mais de 40 que assinaram o contrato e ainda não desistiram da administração da empresa? Hoje, a  Ebserh é uma política de Estado e não mais de governo”, concluiu o reitor.