Atendendo às demandas da comunidade acadêmica, de acordo com os recentes acontecimentos envolvendo operações policiais e conflitos armados em diversos territórios no estado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro iniciou os trabalhos para discussão de protocolos emergenciais de segurança no Rio. Na segunda-feira, 30/10, a pró-reitora de Graduação, Maria Fernanda Quintela, substituindo o reitor da instituição, Roberto Medronho, instalou o Grupo de Trabalho (GT) de Segurança, baseado na Portaria nº 12.157, de 26/10.
O objetivo do GT, explica Quintela, é estabelecer um protocolo de segurança da UFRJ, avaliando e propondo recomendações de segurança nos campi para proteger a integridade da comunidade universitária. “Todos sabem que tivemos, no último mês, situações mais agudas em relação à questão da segurança no Rio de Janeiro, que envolveram não só as áreas adjacentes da Cidade Universitária, mas várias outras áreas da Região Metropolitana, com uma grande quantidade de locais onde houve problemas de segurança; e isso mobilizou a comunidade acadêmica no sentido de que nós tivéssemos um protocolo de segurança voltado para várias questões”, esclareceu a pró-reitora.
O GT de Segurança será coordenado pelo professor Michel Misse, do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs/UFRJ). “É um trabalho difícil. Tudo que diz respeito à segurança pública no Brasil é muito mais complicado do que transporte público, saúde, educação, e, portanto, temos que enfrentar essas dificuldades convidando algumas pessoas que sejam especialistas ou que tenham experiências para nos ajudar”, explicou Misse. “O trabalho dessa comissão é de diminuir os danos que essas operações produzem no nosso corpo docente, discente e de funcionários técnico-administrativos”, completou.
O professor pretende, com o GT, elaborar um diagnóstico sobre a frequência dessas operações, onde elas ocorrem, além da periodicidade de conflitos entre grupos armados, com informações não só da Polícia Militar e da Polícia Civil, mas especialmente de organizações da sociedade civil, como o Instituto Fogo Cruzado e os núcleos de pesquisa universitários da UFRJ e de outras instituições, a fim de pensar, também, em como obter informações em tempo real.
O grupo é paritário: formado por representantes dos corpos discente, docente e técnico-administrativo, planeja pensar em medidas emergenciais a serem propostas. “Queria agradecer à Maria Fernanda, que está aqui representando a Reitoria, por ter acatado esse pedido dos alunos. A gente sabe que tem uma grande dificuldade, hoje, na UFRJ, de conseguir centralizar as decisões que têm se tomado neste momento de crise, e acho que esse GT é fundamental para isso, para conseguirmos trazer mais segurança pública ao nosso corpo social, que infelizmente falta no estado do Rio de Janeiro”, opinou Sofia Salinos Teles, representante discente no Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da UFRJ.
A partir das próximas reuniões, o grupo pretende definir o porquê do protocolo, em quais situações ele será aplicado e de que maneira.
Em meio a vídeos e e-mails recebidos de estudantes preocupados, Quintela informou que a pasta que lidera está procurando saber como outras universidades tratam o assunto em termos de planos de contingência e de protocolos de segurança. A pró-reitoria já mapeou as residências dos estudantes e onde está a violência no Rio, já que pretende aprimorar o levantamento com a ajuda do GT. “Estou muito mobilizada”, disse. A comissão vai deliberar proposta a ser encaminhada ao Consuni, provavelmente, até 30/11.
*Sob supervisão do jornalista Victor França.